sábado, 27 de outubro de 2012

UMAS AFIRMAÇÕES ASSIM TIPO SEI LÁ

O fim de semana tem sido fértil e muito estimulante em declarações de ministros na sessão de catequese junto dos deputados da maioria que receberam as necessárias lições sobre o que dizer, como se comportar e como é importante que sejam amiguinhos.
Tivemos as afirmações da Ministra da Justiça, que catequisou sobre a importância de os políticos se assumirem como referências sendo que, provavelmente por distração, ter-se-á esquecido de um colega o "Dr." Relvas, uma verdadeira e inspiradora referência.
Também o catequista Miguel Relvas, ele próprio, afirmou algo de surpreendente, disse estar de "consciência tranquila" o que é um profundo desafio intelectual.
O Professor Nuno Crato na sua prédica identificou como uma das prioridades para 2013, "moralizar a admissão de professores".
Como estas coisas da educação me interessam particularmente e não tenho informação complementar, não sei muito bem como entender a "moralização" da admissão de professores e surgem-me várias dúvidas.
Será que o MEC que geriu e gere da forma caótica o processo de colocação e contratação e docentes no ano em curso, promoveu e aceitou "imoralidades"? Sim, creio que se verificaram imoralidades, falhas nas orientações, nos prazos, que existem ainda situações por resolver, atropelos nas colocações, processos anedóticos e tragédias pessoais, etc., que resultaram da incompetência. Fica então por definir e imputar responsabilidades, que, do meu ponto de vista, é um processo claro, cabem ao Ministro Nuno Crato. Resultado, para o ano Nuno Crato vai "moralizar" o sistema.
Será que o Ministro não queria ter dito que para o ano tem como objectivo "moralizar" a demissão, em vez de admissão, de professores já que este ano ficaram sem horários ou trabalho professores altamente experientes e competentes? Mais uma vez, de quem é a responsabilidade? Do Ministro Nuno Crato, claro. Resultado, para o ano o MEC quer "moralizar" a admissão de professores.
A fechar, o Primeiro-ministro anunciou ser necessário uma  "refundação" o acordo com a troika. Existe apenas um pequeno pormenor com esta extraordinária ideia, Passos Coelho disse nada sobre o que entende por "refundação". Aqui para nós, eu acho que ele não tem mesmo ideia sobre o que tal coisa possa significar, mas achou que era interessante produzir uma afirmação "assim tipo sei lá". Claro que a rapaziada que estava na catequese, deve ter batido palmas, abanaram a cabeça, não perceberam o que Passos Coelho quis dizer, mas também ninguém pergunta, fazer perguntas não faz parte da função dos deputados, a não a ser que saibam a resposta, o que, obviamente, não era o caso.
Eu sei que este tipo de eventos, uma sessão de catequese política, obedece a uma retórica particular e quase sempre irrelevante, é um fingimento no qual nem os que lá estão acreditam.
Mas, por favor, deveriam poupar-nos. Que moralizem o discurso, as decisões políticas, os comportamentos, a solidez ética  e a qualidade das decisões que tomam, mas poupem-nos a este deprimente espectáculo de uma catequese realizada por catequistas que seriam excomungados à primeira confissão que realizassem.

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