O fim de semana tem sido fértil e
muito estimulante em declarações de ministros na sessão de catequese junto dos
deputados da maioria que receberam as necessárias lições sobre o que dizer,
como se comportar e como é importante que sejam amiguinhos.
Tivemos as afirmações da Ministra
da Justiça, que catequisou sobre a importância de os políticos se assumirem
como referências sendo que, provavelmente por distração, ter-se-á esquecido de
um colega o "Dr." Relvas, uma verdadeira e inspiradora referência.
Também o catequista Miguel
Relvas, ele próprio, afirmou algo de surpreendente, disse estar de "consciência
tranquila" o que é um profundo desafio intelectual.
O Professor Nuno Crato na sua
prédica identificou como uma das prioridades para 2013, "moralizar a
admissão de professores".
Como estas coisas da educação me
interessam particularmente e não tenho informação complementar, não sei muito bem
como entender a "moralização" da admissão de professores e surgem-me
várias dúvidas.
Será que o MEC que geriu e gere
da forma caótica o processo de colocação e contratação e docentes no ano em
curso, promoveu e aceitou "imoralidades"? Sim, creio que se
verificaram imoralidades, falhas nas orientações, nos prazos, que existem ainda
situações por resolver, atropelos nas colocações, processos anedóticos e
tragédias pessoais, etc., que resultaram da incompetência. Fica então por
definir e imputar responsabilidades, que, do meu ponto de vista, é um processo
claro, cabem ao Ministro Nuno Crato. Resultado, para o ano Nuno Crato vai
"moralizar" o sistema.
Será que o Ministro não queria
ter dito que para o ano tem como objectivo "moralizar" a demissão, em
vez de admissão, de professores já que este ano ficaram sem horários ou trabalho
professores altamente experientes e competentes? Mais uma vez, de quem é a
responsabilidade? Do Ministro Nuno Crato, claro. Resultado, para o ano o MEC
quer "moralizar" a admissão de professores.
A fechar, o Primeiro-ministro
anunciou ser necessário uma "refundação" o acordo com a troika. Existe
apenas um pequeno pormenor com esta extraordinária ideia, Passos Coelho disse
nada sobre o que entende por "refundação". Aqui para nós, eu acho que
ele não tem mesmo ideia sobre o que tal coisa possa significar, mas achou que
era interessante produzir uma afirmação "assim tipo sei lá". Claro
que a rapaziada que estava na catequese, deve ter batido palmas, abanaram a
cabeça, não perceberam o que Passos Coelho quis dizer, mas também ninguém
pergunta, fazer perguntas não faz parte da função dos deputados, a não a ser
que saibam a resposta, o que, obviamente, não era o caso.
Eu sei que este tipo de eventos,
uma sessão de catequese política, obedece a uma retórica particular e quase sempre
irrelevante, é um fingimento no qual nem os que lá estão acreditam.
Mas, por favor, deveriam poupar-nos.
Que moralizem o discurso, as decisões políticas, os comportamentos, a solidez
ética e a qualidade das decisões que
tomam, mas poupem-nos a este deprimente espectáculo de uma catequese realizada
por catequistas que seriam excomungados à primeira confissão que realizassem.
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