Ao que parece, o Instituto
Superior de Ciências Sociais e Políticas mandou instaurar um inquérito ao aluno
que terá insultado o Primeiro-ministro quando esteve na escola para participar
na homenagem ao Professor Adriano Moreira.
Como é evidente, o convívio entre
pessoas pressupõe regras de urbanidade
que inibem alguns comportamentos, estabelecendo limites para lá dos
quais se corre o risco do ilícito criminal.
Por outro lado, as circunstâncias,
os contextos de ocorrência dos comportamentos são variáveis de considerar e, frequentemente,
são consideradas atenuantes ou agravantes de comportamentos que não devem ser
analisados sem essas variáveis contextuais.
Serve esta introdução para dizer
que, não conhecendo os insultos proferidos pelo estudante em causa, pressuponho
que não serão mais graves dos que ouvimos em directo ou nas reportagens sobre
manifestações de protesto sem que daí advenham "inquéritos" aos
autores desses insultos.
Por aquilo que se conhece da
situação, o aluno proferiu os insultos como reacção às políticas desenvolvidas
por um Governo ali corporizado na sua figura principal, ou seja, presumindo que
o aluno nem conheça Passos Coelho, o aluno não está a insultar o cidadão mas as
políticas que ele representa e de que é responsável.
Neste contexto, a reacção a
políticas é com alguma frequência marcada por recções de natureza emocional que
não branqueando ou desculpando essas reacções solicitam, do meu ponto de vista,
leituras mais cautelosas. Aliás, se bem atentarmos nos testemunhos recolhidos
em manifestações ou protestos é bastante clara a carga emocional que envolve os
comportamentos observados e que se traduzem em comportamentos extremados como
verificamos na Grécia, em Espanha ou no extremo do recurso à tragédia das
imolações ou do suicídio como forma de protesto.
Por outro lado, importa não
esquecer, que muitos de nós se sentem diariamente insultados, não pelo cidadão
Passo Coelho, mas por um Governo que nas suas escolhas tem produzido
desemprego, pobreza e exclusão. Se a este cenário devastador e perturbador das
pessoas, não é por acaso que aumentam exponencialmente os casos de perturbações
depressivas ou da ansiedade, juntarmos comportamentos e declarações sucessivas
de altos responsáveis da área do Governo que são absolutamente insultuosas da
dignidade e da inteligência das pessoas, está criado um caldo de cultura
potencialmente explosivo e onde facilmente germinam os excessos.
Estes excessos podem não ficar-se
por um desbocado insulto, quem semeia ventos colhe tempestades.
PS - O aluno foi advertido. Passos Coelho também tem sido advertido. Vamos ver a evolução.
PS - O aluno foi advertido. Passos Coelho também tem sido advertido. Vamos ver a evolução.
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