sexta-feira, 26 de outubro de 2012

AS CONTAS QUE NUNCA DÃO CERTAS

Uma das questões que no universo da educação está permanentemente em discussão é o custo por aluno no sistema público e no sistema privado.
É evidente que conhecer com algum rigor e actualidade estes custos é importante, mas na verdade a questão é que o valor que se pretende encontrar tem de ser "trabalhado" até servir para sustentar a argumentação de diferentes pontos de vista sobre o ensino público e privado, a liberdade de escolha e, finalmente, o próprio questionar do sistema público de educação tal como o conhecemos.
Nesta "guerra" de números e, como disse, dependendo dos pontos de vista, temos tido valores para todos, o custo por aluno no sistema público é mais caro logo seria desejável abrir a possibilidade de escolha, o estado só poupava. No entanto, também se argumenta que se forem utilizados exactamente os mesmos critérios de cálculo, o ensino privado fica mais caro.
O Tribunal de Contas também fez contas, com dados absolutamente desatualizados e conclui que o ensino público fica mais caro, mas que com dados actualizados a realidade pode não ser essa e ainda aconselha a que se reavalie o modelo dos contratos de associação que, conhecem-se situações, vigoram quando os pressupostos da sua definição, não se verificam, pois existe resposta em estabelecimentos públicos.
E voltamos ao início. Qual é a realidade? Nos tempos que correm, com os modelos de funcionamento e financiamento das escolas em vigor, quanto custa na verdade ao estado cada aluno nos diferentes sistemas?
Creio que na verdade dificilmente conseguiremos uma resposta rigorosa e clara. Porquê? Porque é difícil fazer as contas? Claro que não.
Porque não se conhecem os dados? Claro que não.
Por que falta metodologia e conhecimento para o fazer? Obviamente que não?
É a política estúpido, é porque, como quase sempre no universo da educação, a discussão é contaminada por interesses outros.
Confesso que já me cansa esta discussão a que darei mais atenção quando ouvir afirmar com toda a clareza aos defensores da liberdade de escolha que o sistema privado assume ser obrigado a aceitar TODAS as crianças que lhe batam à porta com um financiamento debaixo do braço, por exemplo, crianças com necessidades especiais, crianças com trajectórias de insucesso ou problemas no comportamento, etc, etc. Nessa altura poderemos voltar a esta discussão aos custos e ao que melhor possa defender os interesses dos miúdos e das famílias.

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