Em estudo hoje apresentado e realizado por João Maroco, do
Instituto Superior de Psicologia Aplicada - IU, centrado na população estudante
do ensino superior conclui-se que cerca de 15 % da população inquirida está em
situação de exaustão, cansaço e stress insustentáveis o que promove em boa
parte destes estudantes o consumo de fármacos, álcool ou outros produtos que
tornem mais suportáveis as circunstâncias de vida.
As causas deste quadro significativo parecem assentar na
dificuldade de responder às exigências académicas, às circunstâncias de vida
actuais e às dificuldades decorrentes da ausência de perspectivas e confiança
no futuro.
Tudo isto compõe um caldo em que facilmente germina o
mal-estar, o burnout ou mesmo a doença mental.
Creio que muita gente não valoriza de forma adequada as
circunstâncias de vida actuais para muitos dos jovens estudantes que,
tendencialmente, são vistos como um grupo de privilegiados que anda
permanentemente em festas e em divertimento. Aliás, é curioso ler ou ouvir
muitos comentários sobre este universo.
Na verdade, a maioria dos estudantes vive como costumo dizer
“entalada”. Vive entalada pela pressão familiar decorrente do esforço que a
maior parte das famílias realiza para que possam estudar. Relembro que estudar
é caro e as famílias portuguesas são das que na EU mais esforço têm que fazer
para proporcionar aos seus filhos a frequência do Ensino Superior.
Os estudantes vivem ainda entalados por uma quantidade
enorme de trabalho que muitas vezes lhe é pedido e a percepção de que dada a competitividade
é necessário que as notas sejam elevadas.
Finalmente, vivem ainda entalados com a enorme dificuldade
de perceber o seu futuro, construir um projecto de vida, autónomo, com níveis
satisfatórios de realização pessoal e profissional.
Eu sei, que os estudantes do ensino superior estão,
potencialmente, em melhores condições que os cerca de 360 000 outros jovens da
sua idade que não trabalham, não estudam e não estão a receber formação, mas
sei também que a sua vida não é fácil.
2 comentários:
Caro professor, gostei muito do seu post e sobretudo da sua precisão em referir-se ao conceito de população inquirida, é que pela minha experiência fazer um curso de engenharia não é o mesmo que fazer um curso de gestão ou psicologia. O grau de exigência é diferente, embora tenha sempre presente Ricardo Reis que tanto aprecia.
Em relação ao estudo acrescentava apenas que (provavelmente)o Burnout aumenta quando as pessoas têm maus colegas.
Abraço
António Caroço
Olá António, na verdade o estudo inclui uma dimensão relativa ao suporte social dos colegas (e não só)
Um abraço
Enviar um comentário