quarta-feira, 7 de maio de 2025

VIAGEM

 A nossa viagem é uma caminhada que vai deixando marcos, uns de alegria e realização, outros de tristeza e sofrimento.

É olhando e pensando nesses marcos que caminhamos construindo outros, tantos mais quanto a vida se cumpre e alonga.

Hoje, não sendo, provavelmente, matéria que por aqui faça muito sentido, eu e a minha companheira de estrada assinalamos um marco, casámos há 46 anos a que acrescem mais cinco de namoro, naquele tempo era habitual, enquanto se finalizava a nossa formação, psicologia no meu caso e a docência no 1.º ciclo e posteriormente na educação especial no caso da Manuela, desculpem a linguagem, eventualmente, pouco “inclusiva”.

Esta viagem começou lá para os idos de 70, ainda antes de um outro marco Grande, o de Abril de 74. Cumpriu-se do ponto de vista profissional com um trajecto nos satisfez, deixando outros marcos, e tem-se cumprido na família, com o filho João a quem se juntou a Rita, e os dois netos, o Simão e o Tomás, e novos marcos vai a estrada ganhando.

Assim há-de continuar por mais algum tempo, esperamos.

Falando em viagem, para que estas notas se alarguem, deixo  a história de um outro Viajante.

 Era uma vez um rapaz chamado Viajante. A todo o tempo contava as inúmeras viagens que, dizia ele, realizava com frequência. Era frequente os colegas ficarem atentos a ouvir o Viajante constar as suas andanças. Contava coisas extraordinárias e mirabolantes sobre os sítios e terras para e por onde as viagens o levavam. Explicava com muitos pormenores as pessoas estranhas que encontrava. Tinham, por exemplo, uma linguagem diferente que muitas vezes não percebia e também, às vezes, se comportavam de forma que ele e os colegas não estavam habituados.

Passava por terras que não eram nada parecidas com a terra onde viviam e o Viajante descrevia de forma minuciosa e ilustrada como eram essas terras.

Tinha quase sempre viagens novas para relatar e os colegas até sentiam uma pontinha de inveja por tantas viagens que o Viajante fazia.

Curiosamente, não percebiam que a quase totalidade das viagens que o Viajante lhes contava eram realizadas quando estava sentado na sala de aula a olhar para a janela. Distraído ou na Lua, como diziam os professores que não apreciavam viagens

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