Leio no Público que para a edição deste ano do Global Teacher Prize Portugal, o número de candidaturas é o maior de sempre.
Como já tenho escrito tenho
algumas reservas face a este tipo de iniciativas, mas creio que podem ter algum
significado, sobretudo como valor simbólico de valorização e reconhecimento do
trabalho dos professores num tempo em que tal reconhecimento e valorização são
dramaticamente necessários. Os tempos que temos vivido recentemente tornaram
ainda mais evidente a importância do seu trabalho.
No entanto, não acredito muito na
ideia do melhor professor de …
A esmagadora maioria dos
professores é competente e empenhada no seu trabalho, procurando desenvolvê-lo
com qualidade, rigor e eficácia, sem facilitismos, contrariamente ao que tantas
vezes se afirma de forma ignorante.
Todos os dias, em todas as
escolas muitos professores fazem trabalhos de notável qualidade e empenho que, com alguma frequência, apenas são valorizados e conhecidos … pelos seus alunos.
Com demasiada frequência esse trabalho é dificultado por muitas decisões, dimensões
e discursos das políticas públicas de educação que, mais do que contributos
para soluções nas escolas, associam-se a boa parte das dificuldades de
professores, técnicos, alunos, ao clima de muitas escolas, etc.
Como tantas vezes refiro, quando
qualquer de nós faz um esforço para recuperar lembranças positivas sobre os
professores, poucos ou muitos, com que nos cruzámos durante o nosso trajecto
escolar, creio que quase todos nos lembramos de professores que continuam na
nossa lembrança não só pelos saberes escolares que nos ajudaram a adquirir,
mas, sobretudo, por aquilo que representaram e foram para nós, ou seja, pela
forma como nos marcaram. Cada um desses professores é, certamente, o melhor
professor que conhecemos.
Por isso, cada vez mais estou
convicto de que os professores, tanto quanto ensinar o que sabem, ensinam o que
são, ou seja, existem muitos que nos ensinam, ensinaram, saberes, o que é bom e
indispensável, mas nem todos permanecem com a gente.
Parece-me sempre oportuno, mas
nestes tempos mais que nunca, acentuar a importância desta dimensão mais ética
e afectiva do ensino. Deve ser valorizada e promovida para que os miúdos
possam, posteriormente, falar dos professores que os marcaram e que, por essa
razão, continuaram com eles.
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