Mais umas notas da série “mete-me espécie”, um enunciado que nos é caro e está sempre em alta.
Desta vez sobre o apagão de
segunda-feira. Foram visíveis e bem sentidas as implicações e dificuldades em múltiplas
áreas do nosso funcionamento e das instituições da comunidade.
Por outro lado, “mete-me espécie”
o aparecimento em alguma imprensa e nas redes sociais de inúmeros discursos sublinhando
uma deslumbrada redescoberta das virtudes do apagão, o silêncio devolvido pela inoperacionalidade
das comunicações incluindo os telemóveis pessoais, a ausência das redes sociais,
e a conversa em casa e com a vizinhança, a beleza e calmaria da noite escura e céu estrelado, etc.,
etc.
Não consigo entender. A maioria
de nós será gente autodeterminada que é capaz, se o quiser, de desligar o
querido aparelhinho, de não se ligar às redes sociais, de conversar mais tempo em família ou socialmente, de apagar a luz de casa
e entrar em meditação, de desligar o ecrã gigante onde passam as séries da moda e é o farol da casa.
Que é isto gente?!
Onde é que está a beleza da
dependência que nos faz vibrar com um apagão que faz andar para trás, causa
enorme perturbações e transtorno significativo nas áreas de funcionamento das
comunidades e afectou o trabalho de tanta gente?
Precisamos de (re)descobrir o botão de “off”
e decidirmos pela sua utilização de forma autónoma e determinada, auto-regulada. Não
precisamos que um apagão o faça por nós … ou precisamos?
Sem comentários:
Enviar um comentário