sexta-feira, 2 de maio de 2025

DA SÉRIE "METE-ME ESPÉCIE" - O BOTÃO DE "OFF"

 Mais umas notas da série “mete-me espécie”, um enunciado que nos é caro e está sempre em alta.

Desta vez sobre o apagão de segunda-feira. Foram visíveis e bem sentidas as implicações e dificuldades em múltiplas áreas do nosso funcionamento e das instituições da comunidade.

Por outro lado, “mete-me espécie” o aparecimento em alguma imprensa e nas redes sociais de inúmeros discursos sublinhando uma deslumbrada redescoberta das virtudes do apagão, o silêncio devolvido pela inoperacionalidade das comunicações incluindo os telemóveis pessoais, a ausência das redes sociais, e a conversa em casa e com a vizinhança, a beleza e calmaria da noite escura e céu estrelado, etc., etc.

Não consigo entender. A maioria de nós será gente autodeterminada que é capaz, se o quiser, de desligar o querido aparelhinho, de não se ligar às redes sociais, de conversar mais tempo em família ou socialmente, de apagar a luz de casa e entrar em meditação, de desligar o ecrã gigante onde passam as séries da moda e é o farol da casa. Que é isto gente?!

Onde é que está a beleza da dependência que nos faz vibrar com um apagão que faz andar para trás, causa enorme perturbações e transtorno significativo nas áreas de funcionamento das comunidades e afectou o trabalho de tanta gente?

Precisamos de (re)descobrir o botão de “off” e decidirmos pela sua utilização de forma autónoma e determinada, auto-regulada. Não precisamos que um apagão o faça por nós … ou precisamos?

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