Lê-se no Público que nos primeiros seis meses de 2025 se aposentaram mais de 1600 professores, perto do que aconteceu em 2024.
Por outro lado, os sindicatos
prevêem que no final do ano as aposentações sejam superiores a 4000 o que
poderá superar o ano anterior e aproximar-se dos dados de 2013 com 4600
professores aposentados.
É certo que não é um problema
exclusivo do nosso sistema educativo, mas como tantas vezes tem sido afirmado,
este cenário estava estudado e previsto há já alguns anos, mas as políticas
públicas negligentes ou incompetentes seguidas de há uns anos para cá
contribuem para o actual quadro.
Embora haja quem assobie para o
ar, não esquecemos os discursos sobre “professores a mais” ou as sugestões para
emigrar dirigidas a docentes em início de carreira, como também não esquecemos
tempos severos de desvalorização dos professores em termos sociais, modelo de
carreira e salarial com impacto fortíssimo na atractividade da profissão por
gente jovem que a rejuvenescesse e alimentasse.
Aliás, as políticas seguidas em
matéria de educação também contribuíram para o cansaço e mal-estar, desencanto
e desejo de abandono da profissão que se foi instalando em muitos docentes.
A propósito, relembro que, há já
uns anos largos, uma professora, na altura minha aluna de doutoramento, me
perguntava, com um ar meio sério, meio a brincar, se podia desenvolver a sua
tese a partir de uma questão que considerava a mais ouvida nas salas de
professores, quando no meio da burocracia e das actividades ainda havia tempo
para passar na sala de professores, “quanto tempo é que te falta?”. A sua ideia
não foi para a frente enquanto doutoramento, mas o que lhe está subjacente é
bem claro e bem preocupante. O resultado está à vista.
Na verdade, ser professor é uma
das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é
seguramente uma das mais difíceis e que mais valorização nas diferentes
dimensões e apoio deveria merecer. Do seu trabalho competente e valorizado
depende o nosso futuro, (quase) tudo passa pela educação e pela escola.
Qual é parte que não se percebe?
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