tag:blogger.com,1999:blog-73049263252030385592024-03-18T03:03:09.605+00:00Atenta Inquietude"E o mundo ..., sou eu que o contemplo, é ele que me contempla, ou trocamo-nos? ..."
Herberto HelderZé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.comBlogger12332125tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-21649538142437451882024-03-17T15:08:00.001+00:002024-03-17T15:10:56.646+00:00NOTÍCIAS DO APOIO TUTORIAL ESPECÍFICO<p> <span style="text-align: justify;">A <a href="https://www.dgeec.medu.pt/artpub/65f06e6b567a0e0f46e00934">Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência</a> <a href="https://www.publico.pt/2024/03/14/sociedade/noticia/tutores-chegam-quase-15-mil-alunos-escolas-garantem-apoio-precisa-2083636">divulgou</a> dados relativos a 22/23 da medida Apoio Tutorial
Específico que, sem surpresa, mostram resultados positivos. Importa registar,
que nem todas escolas aderem a programas desta natureza, existe um problema sério
nos recursos docentes disponíveis e são identificados alguns constrangimentos.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os modelos de natureza tutorial,
conforme as boas práticas já existentes em muitas escolas e os estudos
nacionais e internacionais sustentam, são ferramentas sólidas e eficazes para
acomodar e responder a dificuldades de alunos e professores nos processos de
ensino e aprendizagem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Defendo de há muito dispositivos
desta natureza até como forma de gerir de forma adequada os recursos docentes
já integrados no sistema e que manifestamente podem ser utilizados em programas
de tutoria ou coadjuvação. Aliás, é também interessante o recurso a alunos para
programas de tutoria com vantagens recíprocas, para tutores e para tutorandos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Existem ainda outras iniciativas
com o envolvimento de entidades exteriores à escola que também se podem
integrar neste tipo de intervenção.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, e como afirmo desde o
início, o Programa de Tutoria em desenvolvimento, da forma como está desenhado,
quatro horas semanais por professor tutor para 10 alunos como princípio, e
considerando o perfil de intervenção definido e que julgo adequado, tem
evidentes constrangimentos. No entanto, também já estamos habituados a que o
empenho, competência e profissionalismo da generalidade dos professores
minimizem insuficiências que ninguém estranhará. No entanto, não existem
milagres e a negação de dificuldades ou exercícios de “wishfull thinking” não
resolvem os problemas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Recordemos as funções atribuídas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>a) Reunir nas horas atribuídas
com os alunos que acompanha;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>b) Acompanhar e apoiar o processo
educativo de cada aluno do grupo tutorial;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>c) Facilitar a integração do
aluno na turma e na escola;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>d) Apoiar o aluno no processo de
aprendizagem, nomeadamente na criação de hábitos de estudo e de rotinas de
trabalho;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>e) Proporcionar ao aluno uma
orientação educativa adequada a nível pessoal, escolar e profissional, de
acordo com as aptidões, necessidades e interesses que manifeste;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>f) Promover um ambiente de
aprendizagem que permita o desenvolvimento de competências pessoais e sociais;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>g) Envolver a família no processo
educativo do aluno;<o:p></o:p></i></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><i>h) Reunir com os docentes do
conselho de turma para analisar as dificuldades e os planos de trabalho destes
alunos.</i><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quem conhece a actual realidade
das escolas e as problemáticas complexas dos alunos em insucesso, com
desmotivação, desregulação de comportamento, ausência de projecto de vida,
falta de enquadramento e suporte familiar, lacunas graves nos conhecimentos
escolares de anos anteriores, etc., quase sempre presentes e só para referir
dimensões relativas aos alunos, percebe a dificuldade de reverter, para usar um
termo em voga, o seu trajecto escolar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">À luz do que me parece ser um
trajecto de defesa da efectiva autonomia das escolas, preferia que, dando o ME
orientação e a possibilidade de gerir e alocar recursos a estes programas, que
fossem as escolas a organizar os seus programas de tutoria, definindo
destinatários, professores e técnicos envolvidos, tempos de realização e
objectivos a atingir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Caberia, evidentemente, às
escolas e ao ME a regulação e acompanhamento dos programas e a sua avaliação.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sabemos, é uma referência comum,
a existência de “constrangimentos” sérios que pesam nos recursos disponíveis.
Neste cenário parece claro que que muitos professores que não conseguem a
vinculação o poderiam fazer para poder alargar este dispositivo de apoio a mais
alunos. As decisões em matéria de política pública de educação têm exactamente essa
função, minimizar problemas e gerir da melhor forma os recursos. A questão dos
custos nesta matéria não me parece relevante face aos potenciais benefícios. A ver vamos o que traz o novo ciclo político.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, mais uma vez e não
esquecendo a necessidade de combater desperdício e ineficácia, é bom recordar
que a qualidade da educação e a promoção do sucesso para todos os alunos não
representam despesa, são investimento. Importa reforçar que estou a falar de
sucesso traduzido em competências e conhecimentos adquiridos, não em sucesso
fabricado e não confirmado pelos dispositivos de avaliação externa.</p><p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-69970972387193041072024-03-15T14:37:00.001+00:002024-03-15T19:00:52.515+00:00AGRESSÃO A UM PROFESSOR, OUTRA VEZ<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Com alguma frequência, demasiada
frequência, aqui escrevo sobre ou a propósito de situações de violência
dirigida a professores realizada por alunos ou encarregados de educação (serão
mesmo de educação?!).</span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">Regista-se mais um
episódio grave, desta vez <a href="https://www.cmjornal.pt/sociedade/detalhe/pai-de-aluno-invade-escola-interrompe-aula-e-espanca-professor">numa Escola de Lisboa</a>. Um professor, dentro da sala de aula, foi seriamente
agredido pelo encarregado de educação(?!) de um aluno.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu sei que os tempos vão
violentos e a excessiva frequência de episódios podem alimentar indiferença e
relativização, mas não é opção, cada episódio não pode ver a gravidade
relativizada ou esquecida.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Andam negros os tempos para os
professores. Sempre que escrevo sobre esta questão, agressões ou insultos a
professores e dadas as circunstâncias faço-o com regularidade, é sempre com
preocupação e mal-estar, mas é preciso insistir pelo que retomo notas já aqui
referidas, não me parece necessário encontrar outras palavras para tratar a
mesma questão.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As notícias sobre agressões a
professores, cometidas por alunos ou encarregados de educação, continuam com
demasiada frequência embora nem todos os episódios sejam divulgados. Aliás, são
conhecidos casos de direcções que desincentivam as queixas dado o “incómodo” e
“publicidade negativa” para a escola que trará a divulgação e ouvem-se discurso
de relativização.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os testemunhos de professores
vitimizados são perturbadores e exigem atenção e intervenção.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Cada um dos recorrentes episódios
poderá ser um caso de polícia, mas não pode ser “apenas” mais um caso de
polícia e julgo que, para além de ser notícia, importaria reflectir nos
caminhos que seguimos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta matéria, embora seja objecto
de rápidos discursos de natureza populista e securitária, parece-me complexa e
de análise pouco compatível com um espaço desta natureza.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Justifica-se uma breve reflexão
em torno de três eixos: a imagem social dos professores, a mudança na percepção
social dos traços de autoridade e o sentimento de impunidade que me parecem
fortemente ligados a este fenómeno.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já aqui tenho referido que os
ataques, intencionais ou não, à imagem dos professores, incluindo parte do
discurso de gente dentro do universo da educação que tem, evidentemente,
responsabilidades acrescidas e também o discurso que muitos opinadores profissionais,
mais ou menos ignorantes ou com agendas implícitas, produzem sobre os
professores e a escola, contribuíram para alterações significativas da
percepção social de autoridade dos professores, fragilizando-a seriamente aos
olhos da comunidade educativa, sobretudo, alunos e pais. Os últimos tempos têm
sido, aliás, elucidativos com discursos produzidos pela tutela sobre os
professores que são parte do problema e não contributo para a solução.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta fragilização tem, do meu
ponto de vista, graves e óbvias consequências, na relação dos professores com
alunos e pais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, importa registar que
a classe docente é dos grupos profissionais em que os portugueses mais confiam
o que me parece relevante.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em segundo lugar, tem vindo a
mudar significativamente a percepção social do que poderemos chamar de traços
de autoridade. Os professores, entre outras profissões, polícias ou
profissionais de saúde, por exemplo, eram percebidos, só pela sua condição de professores,
como fontes de autoridade. Tal processo alterou-se, o facto de se ser
professor, já não confere, só por si, “autoridade” que iniba a utilização de
comportamentos de desrespeito ou de agressão. O mesmo se passa, como referi,
com outras profissões em que também, por razões deste tipo, aumentam as
agressões a profissionais da área da saúde, médicos e enfermeiros.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Finalmente, importa considerar,
creio, o sentimento de impunidade instalado em Portugal de que não acontece
nada, faça-se o que se fizer. Este sentimento que atravessa toda a nossa
sociedade e camadas sociais é devastador do ponto de vista de regulação dos
comportamentos, ou seja, podemos fazer qualquer coisa que não acontece nada, a
“grandes” e a “pequenos”, mas sobretudo a grandes, o que aumenta a percepção de
impunidade dos “pequenos”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Considerando este quadro, creio
que, independente de dispositivos de formação e apoio, com impacto quer
preventivo, quer na actuação em caso de conflito, obviamente úteis, o caminho
essencial é a revalorização da função docente tarefa que exige o envolvimento
de toda a comunidade e a retirada da educação da agenda da partidocracia para a
recolocar como prioridade na agenda política.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Definitivamente, a valorização
social e profissional dos professores, em diferentes dimensões é uma ferramenta
imprescindível a um sistema educativo com mais qualidade sendo esta valorização
uma das dimensões identificadas nos sistemas educativos mais bem considerados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É ainda fundamental que se
agilizem, ganhem eficácia e sejam divulgados os processos de avaliação ou
julgamento e a punição e responsabilização sérias dos casos verificados, o que
contribuirá para combater, justamente, a ideia de impunidade.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-1976983705560033352024-03-14T14:33:00.002+00:002024-03-14T18:08:10.581+00:00QUANDO A IMPRENSA É NOTÍCIA<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">De vez em quando a imprensa é ela
própria o objecto da notícia. Em mais de 40 órgãos de comunicação social cumpre-se hoje um <a href="https://www.publico.pt/2024/03/14/sociedade/noticia/greve-geral-jornalistas-20-orgaos-comunicacao-social-parados-2083633">dia de greve</a>. As razões prendem-se com a <a href="https://www.publico.pt/2024/03/14/sociedade/noticia/greve-geral-jornalistas-20-orgaos-comunicacao-social-parados-2083633">situação profissional dos jornalistas</a>
e as dificuldades atravessadas por várias entidades como a Global Media Group que
detém, entre outros o Jornal de Notícias (JN), o DN, a TSF, o Jogo ou o
Dinheiro Vivo. Existem riscos de encerramento e a situação é preocupante</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É um lugar-comum, mas uma
imprensa de qualidade é um dos alicerces da democracia e nunca como hoje se
tornou tão necessária.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É recorrente, não só em Portugal,
a discussão da questão da sobrevivência da imprensa e, naturalmente, da sua
independência face aos poderes, político e económico, designadamente. Sabemos
das tentativas recorrentes de controlo político da imprensa, como também
sabemos da eventual agenda implícita dos investimentos dos grupos e poderes
económicos na imprensa. São vários os exemplos recentes. Sabemos que a
sustentabilidade económica da imprensa é condição necessária, mas não
suficiente para a sua independência e por isso os tempos são difíceis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, a evolução do
próprio mundo da imprensa, a evolução exponencial do universo do on-line, a
conjuntura económica inibidora de gastos das famílias em bens “não essenciais”
e, caso particular de Portugal, o baixo nível de hábitos de leitura e consumo
da imprensa escrita, produzem dificuldades de sobrevivência de títulos de
qualidade, chamados de referência, abrindo caminho à chamada imprensa tablóide
que, apesar das oscilações, se mantém relativamente saudável, o que se entende.
São também tablóides os tempos. A esta realidade soma-se a explosão das redes
sociais e o consumo de “notícias” através destes suportes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como leitor de jornais desde
muito novo, é sempre com inquietação e tristeza que penso nestas questões e vou
assistindo ao abaixamento das tiragens e, finalmente, ao desaparecimento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Numa entrevista ao Público há já
algum tempo, um especialista, Tom Rosenstiel, afirmava que se o jornalismo
deixar de ser rentável e, como tal, correr o risco de desaparecimento, as
democracias poderão sofrer um "cataclismo cívico". Creio que a
cidadania de qualidade exige uma imprensa não só voltada para o imediatismo da
espuma dos dias e acredito que apesar das mudanças em tecnologia e das
incidências do mercado a que os jornalistas, a imprensa saberá adaptar-se.
Quero acreditar que a imprensa, jornais ou rádio com qualidade, são como os
dias, nunca acabam. Se forem jornais, bons jornais, independentemente do
suporte têm de resistir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, parecem-me inquietante
os potenciais efeitos que a precariedade e a fragilidade da situação profissional
de muitos jornalistas possam tornar a sua função ainda mais vulnerável,
trata-se da sobrevivência, às questões da qualidade e, como é referido, a
constrangimentos em matéria de ética e deontologia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No mesmo sentido, a fragilidade
do jornalista enquanto profissional é também favorável à existência de pressões
de várias origens e com impacto potencial inquietante no papel que se espera
que a imprensa cumpra em sociedades abertas e democráticas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Talvez, estes dados nos ajudem a
perceber aquilo que para quem acompanhe diariamente a imprensa portuguesa se
torna razoavelmente claro, a existência de agendas e critérios editoriais, uns
mais explícitos, outros mais dissimulados, mas evidentes, que constroem
narrativas em que o jornalista mal pago, com um lugar precário e pressionado é
apenas um peão executivo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não é de agora, mas este quadro
agrava a natureza da relação dos poderes, designadamente do poder político, com
a comunicação social que tem algumas particularidades interessantes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Se estivermos atentos, reparamos
como todos se procuram servir da comunicação social para a defesa dos seus
interesses pessoais, partidários, institucionais, económicos, etc. Nada de
novo, sabemos o peso que a comunicação social tem nas sociedades actuais e nos
últimos tempos também temos tido sucessivos episódios ilustrativos dessas
nebulosas relações.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nesta matéria, para além das
consequências óbvias destes comportamentos, parece-me particularmente irritante
a forma quase infantil, está um pouco na moda este tipo de infeliz comparação,
mas não resisto, como algumas figuras reagem ao ser abordadas pela imprensa
sobre assuntos sobre os quais, por várias razões, não lhes interessa discorrer.
Surgem então as afirmações patéticas, “não tenho nada a acrescentar”,
“desculpem, não comento”, “não estou aqui para falar dessas matérias,” “no
estrangeiro não comento questões nacionais”, etc., etc. Este pessoal desenvolve
assim uma espécie de surdez selectiva, só ouve o que lhe convém, de mutismo
selectivo, só fala do que lhe convém, de cognição selectiva, só conhece o que
lhe convém.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, são também estas as
figuras que directamente ou através de terceiros, lambem as botas às redacções
e aos jornalistas (quanto mais influentes melhor) e pedem, exigem, tempo de
antena quando tal serve os seus diferentes interesses. Por outro lado, é também
patético e preocupante assistir ao trânsito entre redacções e lugares de
assessoria e em gabinetes políticos numa promiscuidade que mina a solidez ética
da classe.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece-me ainda preocupante o
peso que na imprensa assumem os “comentadores”, ocupam mais espaço que as notícias,
vendem agendas, mascaram-se de jornalistas quando, na sua maioria, mais não são
que “papagaios” dos poderes ou dos aspirantes a poderes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para combater este pântano seria
necessária uma imprensa forte, não proletarizada e precária que pudesse cumprir
a sua imprescindível função.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A imprescindível sobrevivência da
imprensa, da boa imprensa, para além da qualidade e competência do seu próprio
trabalho, também se garante na escola, nos hábitos de leitura, na educação, na
cidadania.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-41857324230278046162024-03-13T12:32:00.000+00:002024-03-13T12:32:10.781+00:00VÃO ESTRANHOS OS TEMPOS<p style="text-align: justify;"> <a name="_Hlk161223902" style="text-align: justify;">Era uma
vez um rapaz chamado Normal. Tinha uma vida como a dos rapazes na sua idade.
Andava na escola e as suas notas, não sendo muito altas, permitiam que
transitasse tranquilamente de ano. No entanto, apesar dos resultados escolares
satisfatórios a maioria dos professores achavam-lhe qualquer coisa de estranho
que não identificavam de forma clara.</a></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">O
seu comportamento habitual era o que se poderia esperar dos miúdos naquela fase
da sua narrativa. De uma forma geral tranquilo, de vez em quando lá se envolvia
num qualquer disparate, mas nada de particularmente preocupante. Também no
comportamento, muitos dos adultos que andavam à sua volta pensavam que havia
qualquer coisa de esquisito na forma de funcionar do Normal e também não
conseguiam ter uma ideia segura sobre o que lhes parecia estranho.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">O
Normal tinha uma relação serena com os seus colegas embora, como a generalidade
dos miúdos, tivesse um desaguisado ou outro que era resolvido de acordo com as
regras que os miúdos constroem para as relações entre si. Apesar desta
serenidade. as pessoas estavam convencidas que havia algo no Normal que não
estava muito bem embora não conseguissem identificar com clareza o que achavam
de errado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">A
relação do Normal com os adultos, tal como na escola, era habitualmente
positiva ainda que por vezes mostrasse alguma reacção menos simpática. Como
sempre acontecia com o Normal, muitas das pessoas viam algo de esquisito nas
suas reacções.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">No
fundo, as pessoas já não estão muito habituadas a rapazes Normais, acham
estranho e nem se dão conta de quê ou porquê.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">Provavelmente,
é também por isto que se fala de um novo normal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="mso-bookmark: _Hlk161223902;">Vão
estranhos os tempos.</span><o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-32085479675157921202024-03-11T12:21:00.004+00:002024-03-11T12:21:57.800+00:00E AGORA?<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Não sei exactamente qual a razão,
mas hoje não me sai da cabeça a velha canção de Melanie Safka, “Look What
They've Done to My Song”.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Fizeram-se os dias assim, como se
diz no meu Alentejo, deixem lá ver.<o:p></o:p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="305" src="https://www.youtube.com/embed/r44Ach4mXE4" width="396" youtube-src-id="r44Ach4mXE4"></iframe></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-57041173863720777672024-03-10T12:51:00.000+00:002024-03-10T12:51:02.186+00:00DIA DE ELEIÇÕES<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Dia de eleições. Não consigo
evitar que em todos os dias que se realizam eleições me lembre dos dois
primeiros actos eleitorais em que me envolvi e sei bem por que razão os
recordo. E hoje, mais do que nunca, assim é.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em primeiro lugar, as eleições
para a então Assembleia Nacional em Outubro de 1969, durante a chamada
“Primavera” Marcelista, tempo que aparentava uma pequena abertura no regime.
Concorreram a União Nacional, a Comissão Eleitoral de União Democrática, a Comissão
Eleitoral Monárquica e a Comissão Democrática Eleitoral. Participei em algumas
acções durante esta campanha embora ainda não pudesse votar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lembro-me de assistir a alguns
comícios muito bem vigiados pela polícia política e enquadrados pelas forças
policiais, lembro-me por exemplo da interrupção, por decisão policial, de uma
acção em Almada em que participava José Afonso, lembro-me de alguns “incómodos”
na família e em famílias conhecidas causados pelo envolvimento nestas
actividades. Por curiosidade e para os mais novos, a União Nacional, o
“partido” do regime ficou “surpreendentemente” com a totalidade dos 130
deputados eleitos. (Como curiosidade e para comparação com os tempos actuais os
resultados foram <a href="https://arquivos.rtp.pt/conteudos/resultados-das-eleicoes-para-a-assembleia-nacional/">assim divulgados na RTP na noite das eleições</a>).<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O segundo acto eleitoral de que
sempre me lembro foi o que se realizou em 1975 para a Assembleia Constituinte,
as primeiras eleições livres. Um dia que com muita luta tardou em chegar e
absolutamente inesquecível.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Creio que já aqui referi, passei
uma manhã inteira numa interminável fila para, finalmente, poder votar, pela
primeira vez, sem constrangimentos. Na rua, a gente falava de votar como de
algo mágico. A abstenção foi de 8,34%, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o
valor mais baixo de todas as eleições depois realizadas. Desde esse tempo muita
coisa se passou, umas mais bonitas, outras menos bonitas, os últimos tempos têm
sido particularmente feios, mas é bom não esquecer.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Hoje, provavelmente, estaremos
também a votar com o objectivo de mostrar que não valorizamos, não queremos, as
figuras sinistras que ameaçam estes tempos. Conhecemos bem demais o que
representam para que possamos aceitar que venham a poder decidir sobre nós.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Façam o que quiserem com o voto,
e esta é a questão essencial, eu faço o que quero com o meu voto. Também me
parece que seria bom que os partidos que têm vindo a transformar a democracia
numa partidocracia capturando consciências e participação cívica não se
esquecessem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pouco a pouco começamos a guardar
os nossos votos e decidimos não os dar a ninguém, sobe a abstenção, ainda assim
uma decisão nossa, má decisão, mas nossa.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-72377661667852410972024-03-09T12:56:00.001+00:002024-03-09T12:56:17.825+00:00DIA DE REFLEXÃO<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Manda a liturgia e o quadro legal
dos processos eleitorais que o dia anterior à votação seja dedicado à reflexão.
Como em outras ocasiões tenho afirmado, não estou muito de acordo com este
cenário e enquanto existir aqui me manifesto. Aliás, já se vão conhecendo
discursos questionando a sua necessidade.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Do meu ponto de vista e ainda que
pareça estranho, a haver um dia de reflexão deveria ser o dia seguinte.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A decisão em matéria de voto não
exige um dia de reflexão ainda que, naturalmente, deva ser objecto de reflexão
Aliás, gostaria de saber se existe algum estudo sobre o peso que o dia de
reflexão terá na decisão relativa ao voto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em primeiro lugar não julgo
necessário o dia de reflexão antes do acto eleitoral porque não entendo que
essa reflexão influencie significativamente os resultados eleitorais pois, se
por um lado a abstenção tem crescido, deixando cada vez mais o voto no eleitorado
fidelizado, por outro lado, o eleitorado flutuante não decide na véspera,
decide, creio, face a contextos e circunstâncias.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Acresce que esta campanha
eleitoral foi particularmente elucidativa, o que ocupa tempo de campanha tem
menos a ver com os problemas reais das pessoas alimentando o partido dos “indecisos”.
Exceptuando alguns dos debates, a gritaria, o soundbite, as alterações de
discursos como se nada tivesse sido dito, marcaram os últimos dias.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em segundo lugar, porque na
verdade, em termos de futuro parece ser mais significativo reflectir nos
resultados eleitorais que se verificarem. Estas eleições são um claro exemplo
disso mesmo, por exemplo a partir da votação que receberá a extrema-direita ou
o que indiciarão sobre os acordos que assegurarão a governabilidade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto e desde já, aproveito
o dia de reflexão para deixar um apelo muito sentido.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Apelo vivamente aos senhores
integrantes da classe política que a propósito das eleições de amanhã se inibam
de elaborar comentários como “queria felicitar o povo português pela forma
tranquila como está a decorrer, ou decorreu, o acto eleitoral”, “quero registar
a normalidade que o povo português evidencia no cumprimento do seu dever
cívico”, “os cidadãos mais uma vez mostram a sua maturidade democrática” ou
ainda “o acto eleitoral está a decorrer, ou decorreu, com toda a normalidade em
todo o território”. Considero afirmações desta natureza um insulto à esmagadora
maioria dos cidadãos eleitores em Portugal. Que diabo pensam de nós, para se
surpreenderem com a “normalidade” do nosso comportamento?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Então não é de esperar que
participar num acto eleitoral, das diferentes formas possíveis, seja algo de
normal e tranquilo?<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lembro-me daqueles pais e
professores que ao falarem de miúdos acrescentam de imediato “e até se portam
bem”, como se o comportamento adequado seja uma surpresa e a excepção. Como se
dizia no PREC, “repudio veementemente tais afirmações”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já agora, nós, os cidadãos que
votamos, ou não, com normalidade democrática, gostávamos de poder comentar as
campanhas dos políticos dizendo que tudo decorreu com a elevação, sentido ético
e de esclarecimento normais. Mas não, existem sempre os insultos, a demagogia,
a trafulhice nas ideias e nas promessas, a falta de esclarecimento e debate
sério, etc. A campanha eleitoral foi particular e inquietantemente elucidativa.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A campanha que ontem terminou
constituiu um autêntico manual. Aliás, achei até que um povo que vota com
“normalidade democrática” e “maturidade cívica” merecia melhor.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A actividade política das
lideranças é que, demasiadas vezes, não decorre com “tranquilidade e maturidade
democráticas”, é demasiado mau o que demasiadas vezes se ouve ou lê.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não tratem os cidadãos como gente
incapaz a quem se saca o voto, mas de quem sempre parece esperar-se o pior.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-28462068672871251702024-03-08T13:35:00.001+00:002024-03-08T13:35:29.892+00:00MULHERES<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Não há volta a dar, estamos a 8 de Março, o
calendário das consciências manda reparar nas mulheres, no seu universo, nos
seus problemas. Este ano a data coincide com a campanha eleitoral para as
legislativas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim sendo, para além das
iniciativas, discursos e referências na imprensa que fazem parte da liturgia
comemorativa e da retórica da campanha eleitoral, reparemos então.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos como se mantêm em
níveis dramáticos e inaceitáveis os episódios de violência doméstica incluindo
homicídios. Acresce que ainda existem muitíssimas situações que não são do
conhecimento público e, portanto, boa parte dos episódios não são sequer
objecto de procedimento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos como se mantém a
diferença de oportunidades e a desigualdade salarial apesar das mudanças
legislativas. Segundo alguns dados serão precisas décadas para atingir equidade
no estatuto salarial.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos na dificuldade que
muitas mulheres em Portugal têm em conciliar maternidade com carreira, adiando
ou inibindo uma ou outra, sendo cada mais preterida a maternidade. A intenção
expressa de ter filhos é um obstáculo no acesso ao emprego.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos em como as mulheres
portuguesas são das que na Europa mais horas trabalham fora de casa e também
das que mais trabalham em casa.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos na necessidade de
imposição legal de quotas para garantia de equidade que mesmo assim não se
verifica.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos na desigualdade no que
respeita à ocupação de postos de chefia.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos nos números do tráfico
e abuso de mulheres que também passa por Portugal.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos na criminosa mutilação
genital feminina, também realizada em Portugal.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos como a igreja continua
a discriminar as mulheres.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos na quantidade de
mulheres idosas que vivem sós, sobrevivem isoladas e acabam por morrer de
sozinhismo sem que ninguém, quase, se dê conta.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reparemos, finalmente, no tanto que
ainda está por fazer.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na verdade, a metade do céu que
as mulheres representam carrega um fardo pesado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Provavelmente, ainda assim será
no próximo ano como tem sido nos anos anteriores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Provavelmente, voltarei com este
texto no próximo ano.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-43935796475138164852024-03-07T11:39:00.000+00:002024-03-07T11:39:41.922+00:00NOTÍCIAS DO DESLUMBRAMENTO, PERDÃO, DA TRANSIÇÃO DIGITAL<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Na <a href="https://observador.pt/2024/03/07/concurso-para-reparar-portateis-das-escolas-terminou-sem-candidatos/">imprensa de hoje</a> surge a
notícia de que o concurso aberto pelo ME para a reparação de computadores das
escolas ficou deserto.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estamos a três meses da
realização das provas de aferição e exames do básico que pela teimosia do ME
assente no deslumbramento digital se realização em formato digital.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As escolas estão preocupadas, os professores
de informática entendem, naturalmente, que a reparação de computadores, não é
exactamente a sua função e o ME, como habitualmente, diz que os computadores
existentes são suficientes. As notícias referem ainda a possibilidade haver “empréstimos”
de computadores entre escolas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tinha alguma esperança de que o
bom senso e a reflexão sobre o que se passa noutros sistemas educativos que
desencadearam uma reflexão e tomadas de decisão relativamente à introdução em
termos excessivos dos recursos digitais pudesse contribuir para um maior
equilíbrio e prudência na utilização destes recursos, designadamente nos
primeiros anos de escolaridade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Continuam, como hoje se refere, a
existir com demasiada frequência queixas relativas ao acesso a equipamentos por
parte dos alunos, à qualidade dos equipamentos, a insuficiência dos recursos
necessários à adequada utilização dos equipamentos, nas escolas, mas em
particular nas salas de aulas, infra-estruturas eléctricas e rede de net
eficientes, por exemplo. Acresce o problema hoje divulgado relativo à reparação
dos computadores nas escolas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É ainda de considerar a existência
de uma enorme diversidade na literacia digital dos alunos. Deste cenário podem
decorrer situações sérias de desigualdade entre escolas e entre alunos e todos
conhecemos múltiplas situações que evidenciam a enorme disparidade de recursos
e da sua utilização.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É conhecido também que muitas
famílias recusam receber os computadores pois em caso de problemas serão
responsáveis pelos equipamentos. Nesta situação estão sobretudo famílias com
menores rendimentos o que, naturalmente, não será de estranhar. Uma hipótese
seria que a sua utilização estivesse integrada no seguro escolar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A Associação Nacional de
Professores de Informática referiu há algum tempo as dificuldades existentes e
também o Presidente do IAVE afirmou já em 2023 que não estavam reunidas as
“condições ideais”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A tutela, que parece entender que
a realidade é a projecção dos seus desejos, insiste na digitalização, na base
do “vai correr bem” habitual e, por deslumbramento ou por intenção menos clara
insiste nas provas digitais, para já no secundário ainda não.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De facto, o processo de
realização da avaliação em formato digital tem decorrido em modo, ia escrever
“cada tiro, cada melro”, mas como não sou dado às coisas da cinegética e para
prevenir alguma reacção, escrevo, “cada cavadela, cada minhoca”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como já aqui escrevi, este
processo não podia correr assim, é mau, muito mau.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-62812935873257099162024-03-05T12:23:00.000+00:002024-03-05T12:23:47.195+00:00OS ATRAVESSADIÇOS<p> <span style="text-align: justify;">A habitual passagem de olhos pela
imprensa e a natureza da maioria das matérias abordadas, fez-me recordar uma
das muitas conversas com o Mestre Zé Marrafa lá no monte que guardo com muito
carinho na cabeça e no coração.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Falávamos sobre as dificuldades
que muita gente atravessa e o fardo pesado que carregam. O Velho Marrafa dizia
que as pessoas do Alentejo, sobretudo os mais velhos, estão habituadas a fardos
pesados, a vida sempre lhes foi dura. Para exemplificar, mostrou o longo
caminho que foi percorrido desde o trabalho de sol a sol, muitas vezes até sete
dias na semana, a passagem por ter e ganhar os feriados, passar a trabalhar só
as oito horas e a riqueza de ter férias pagas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No fim da sua viagem conclui com
a tranquilidade que nele parece um ser e não um estar, que a culpa dos problemas,
os de hoje e os de sempre, é dos atravessadiços. Provavelmente, tal como eu na
altura, ficarão intrigados com a referência.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Pois o Velho Marrafa esclareceu
que os atravessadiços são aquelas pessoas que sendo assim
"atravessadas" só pensam nelas, nunca pensam nos outros. Fazem tudo
para sair beneficiadas mesmo que isso possa prejudicar os outros. Depois, à
medida que têm mais coisas e mandam mais, ainda mais querem ter e mandar e como
são atravessadiços, causam muitos problemas aos outros sem se preocuparem com
isso. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O Velho Marrafa rematava sem a
menor dúvida, "Veja-me lá Senhor Zé se os que mandam, os que são grandes,
se importam alguma coisa com os pequenos? Nada, mesmo nada".<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não é assim uma teoria muito
sofisticada, mas o Velho Marrafa é capaz de ter alguma razão. Andam por aí
muitos atravessadiços em lugar de mando e muitos atravessadiços a querer mandar.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-59894138909117494552024-03-03T15:45:00.000+00:002024-03-03T15:45:09.131+00:00DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Em plena campanha eleitoral o
<a href="https://www.publico.pt/2024/03/02/sociedade/noticia/receita-onu-combater-falta-professores-contraria-portugal-2082281">Público</a> faz referência ao “<i><a href="https://www.ei-ie.org/en/item/28334:united-nations-secretary-generals-high-level-panel-on-the-teaching-profession-recommendations-and-summary-of-deliberations?utm_source=phpList&utm_medium=email&utm_campaign=NOTA+%C3%80+COMUNICA%C3%87%C3%83O+SOCIAL%3A+Painel+de+alto+n%C3%ADvel+das+Na%C3%A7%C3%B5es+Unidas+sobre+a+profiss%C3%A3o+docente+lan%C3%A7a+recomenda%C3%A7%C3%B5es+importantes+para+acabar+com+a+falta+de+professores+a+n%C3%ADvel+mundial+e+refor%C3%A7ar+a+profiss%C3%A3o&utm_content=HTML">United Nations Secretary-General’s High-Level Panel on the Teaching Profession: Recommendations and summary of deliberations</a></i>”
recentemente divulgado pela ONU e produzido por iniciativa de António Guterres.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Talvez seja de recomendar a quem
se propõe ser responsável pela políticas públicas de educação para os próximos
anos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Talvez se possam identificar como
questões críticas face ao estado da educação em muitos países, o investimento
em educação, 6% do Produto Interno Bruto o que está definido pela UNESCO como
meta para 2030, a valorização profissional dos professores combatendo o risco
de “deskilling” ou desprofissionalização através de mudanças nas exigências da
habilitação para a docência, valorização salarial que recupere a atractividade
pela carreira e definição de dispositivos de apoio ao exercício profissional em
contextos mais exigentes. Importa ainda que se definam carreiras profissionais de
forma estável e valorizadas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">As medidas mais recentes nestas
matérias, designadamente no que se refere à formação exigida, e a ausência de
propostas sólidas e concretas nas dimensões referidas no texto da ONU<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não são um bom augúrio.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-76552591031806636532024-03-02T15:25:00.001+00:002024-03-02T21:52:11.265+00:00VIDAS ADIADAS<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">No Público encontra-se um
podecast “<a href="https://www.publico.pt/2024/03/01/p3/noticia/portugal-70-jovens-ate-29-anos-vive-casa-pais-2082286">Eurotopia</a>” sobre a habitação em Portugal. Os problemas são múltiplos,
mas destaco os problemas dos mais jovens no acesso a habitação própria. No podacast
afirma-se que 70% dos jovens até aos 29 anos vivem em casa dos pais.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Recordo os dados do Eurostat de 2022,
segundo os quais a idade média da saída de casa dos pais está em 29,7. Em 2021
tinha a idade média mais alta da EU, 33,6 anos. A média europeia de 2022 é
26,4. Para comparação as idades médias mais baixas registam-se na Suécia, 21,4,
e na Finlândia, 21,3.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece claro que os
jovens portugueses continuam a experimentar dificuldades em construir projectos
de vida autónomos e positivos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estão identificadas dimensões
contributivas para esta situação como a dificuldade em aceder a trabalho digno,
a precariedade laboral, os custos elevados da educação e qualificação e os
também elevados custos no acesso, renda ou compra, de habitação que com se sabe
se acentuou dramaticamente nos últimos tempos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Este cenário ajuda a perceber
algumas das mais fortes razões pelas quais os jovens em Portugal abandonam a
casa dos pais cada vez mais tarde e adiam projectos de vida que incluam
paternidade e maternidade. Para além das questões de natureza cultural e de
valores que importa considerar, bem como as políticas de família nos países do
norte da Europa, as actuais circunstâncias de vida dos jovens e as implicações
da conjuntura económica sustentam este cenário que provavelmente demorará a ser
revertido.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Temos ainda um número muito
significativo de jovens entre os 20 e os 34 anos que não estudam, nem
trabalham, nem estão em formação, a geração “nem, nem" ou, na terminologia
em inglês os jovens NEET (Not in Education, Employment or Training). Acresce
que uma parte significativa não está inscrita nos Centros de Emprego.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece importante assinalar que
esta situação afecta sobretudo os jovens com menos qualificações o que também
não é novo. A exclusão escolar é quase sempre a primeira etapa da exclusão
social.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A estes indicadores, já a merecer
preocupação, deve juntar-se os dados sobre precariedade, abuso do recurso a
estágios e outras modalidades de aproveitamento de mão-de-obra barata e a
prática de vencimentos que mais parecem subsídios de sobrevivência mesmo para
jovens altamente qualificados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta situação complexa e de
difícil ultrapassagem tem obviamente sérias repercussões nos projectos de vida
das gerações que estão a bater à porta da vida activa. Entre outras,
contar-se-ão o retardar da saída de casa dos pais por dificuldade no acesso a condições
de aquisição ou aluguer de habitação própria ou o adiar de projectos de
paternidade e maternidade que por sua vez se repercutem no Inverno demográfico
que atravessamos e que é uma forte preocupação no que respeita à
sustentabilidade dos sistemas sociais. As gerações mais novas que experimentam
enormes dificuldades na entrada sustentada na vida activa, vão também, muito
provavelmente, conhecer sérias dificuldades no fim da sua carreira
profissional.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, um efeito potencial,
mas menos tangível desta precariedade no emprego e na construção de um projecto
de vida autónomo e sustentado, é a promoção de uma dimensão psicológica de
precariedade face à própria vida no sentido global e que, com alguma
frequência, os discursos das lideranças políticas acentuam. Dito de outra
maneira, pode instalar-se, está a instalar-se nos jovens, uma desesperança que
desmotiva e faz desistir da luta por um projecto de vida de que se não
vislumbra saída mobilizadora e que recompense.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O aconchego da casa dos pais pode
ser a escapatória para a sobrevivência, mas potenciar o risco da desistência o
que certamente poderá ter implicações sérias.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-4254020192302463572024-03-01T14:16:00.002+00:002024-03-01T19:12:02.982+00:00DE TANTO RASPAR, UM DIA VOU ENRICAR<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">De acordo com o <a href="https://www.publico.pt/2024/03/01/sociedade/noticia/portugueses-apostaram-quase-86-milhoes-dia-jogos-santa-casa-2023-2082137">Público</a> a venda
de jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa atingiu 3136 milhões de euros
em 2023, mais 72 milhões do que em 2022.</span><span style="text-align: justify;">
</span><span style="text-align: justify;">Dito de outra forma, verificou-se um volume de aposta diárias de quase 8,6
milhões por dia nos jogos da Santa Casa em 2023. A “raspadinha” é o jogo com
maior volume de apostas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É obra. Se considerarmos que
ainda se verifica um volume significativo de gastos noutras formas de jogo,
online sobretudo, percebe-se o impacto significativo que terá nos orçamentos
familiares. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Recordo que em 2023 foi divulgado
um <a href="https://www.publico.pt/2023/09/19/sociedade/noticia/cerca-100-mil-pessoas-portugal-problemas-jogo-raspadinhas-2063761">estudo</a> desencadeado pelo Conselho Económico e Social sobre a utilização da
vulgar “raspadinha” realizado com a colaboração de Pedro Morgado e Luís
Aguiar-Conraria da Universidade do Minho.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A raspadinha continua a ser o
jogo mais popular e de estudos anteriores já se conhecia que perto de 80% dos
jogadores pertence às classes mais desfavorecidas, D e E, 61% jogam regular ou
frequentemente e 37.5% dos apostadores estão acima dos 55 anos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Do estudo do CES infere-se que
cerca de 100 mil pessoas em Portugal podem apresentar problemas de jogo com as
“raspadinhas”, 1,21% da população. Deste universo 30000 cidadãos terão “quase
de certeza doença instalada, ou seja, “perturbação de jogo patológico”, de
acordo com Pedro Morgado.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No que respeita ao perfil dos
“utilizadores”, um cidadão com rendimento até 664 euros têm três vezes mais
probabilidade de jogar frequentemente que um cidadão com rendimento superior a
1500 €. Um cidadão com o ensino básico terá quase seis vezes mais probabilidades
que de ser um jogador frequente que alguém com mestrado ou doutoramento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Uma outra variável importante e
estudada é a idade. Os cidadãos com 66 ou mais revelam o dobro da probabilidade
de serem jogadores frequentes de "raspadinha", se comparados com a
franja populacional entre os 18 e os 36.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os dados são relevantes, mas não
surpreendem, recordo um outro trabalho desenvolvido por Pedro Morgado (um dos
responsáveis do estudo CES) e Daniela Vilaverde da Escola de Medicina da
Universidade do Minho, divulgado em 2020 na The Lancet Psychiatry que mostra
como a relação de muitos apostadores portugueses com a vulgar “Raspadinha” tem
vindo configurar um comportamento aditivo, indutor de sofrimento e mal-estar
social e familiar. Dados de 2018 já mostravam mostram que os gastos nestas
apostas foram de 1594 milhões de euros, 160€ por ano em média por apostador o
que é superior ao que se verifica em muitos países, 14€ em Espanha, por
exemplo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A verdade é que para além do caso
particular da Raspadinha tem aumentado de forma geral o investimento dos
portugueses nos “jogos sociais” da Santa Casa e nas apostas online. De facto, o
Totobola e depois o Euromilhões, o Totoloto, posteriormente a Raspadinha,
fortemente apelativa pela possibilidade de retorno imediato e grande
acessibilidade, e mais recentemente as apostas online estabeleceram-se
firmemente na vida de muitos de nós e criaram mesmo uma imagem criadora de
futuro que nos move. Provavelmente e para muitas pessoas, será a única imagem
criadora de futuro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Importa reconhecer que as imagens
criadoras de futuro são imprescindíveis, tanto mais quando atravessamos tempos
duros em que a esperança também tem sido revista em baixa e dificilmente
vislumbramos a recuperação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Creio que esta perspectiva é
parte importante desta equação e apesar de sabermos que a decisão de apostar é
sempre de natureza individual, o contexto em que muita gente vive, os estilos
de vida e quadro de valores são variáveis que também devem ser consideradas,
como, aliás, o estudo sublinha.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado e em termos
culturais, também encontramos algumas pistas para entendimento. Julgo poder
afirmar-se que em muitos lares portugueses e em muitas conversas e talvez mais
do que nunca, uma das frases mais ouvidas é “nunca mais me sai o Euromilhões,
(ou a raspadinha) para deixar de trabalhar”. Muito provavelmente, cada um de
nós já ouviu, pensou ou disse esta expressão alguma vez ou vezes e que não será
usada apenas pelos cidadãos com maiores dificuldades.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Acho curiosa a sua utilização.
Entendo, naturalmente, a ideia subjacente à primeira parte. Um prémio de valor
substantivo representaria, seguramente, a hipótese de acesso a um patamar
superior de bem-estar económico, desejado, naturalmente, por toda a gente. O
que de facto me parece mais interessante é o complemento “para deixar de
trabalhar”. É certo que nem todas as expressões devem ser entendidas no seu
valor “facial”, mas é também verdade que a recorrente afirmação deste desejo
acaba por ilustrar a relação que muitos de nós estabelecemos com o lado
profissional da nossa vida, isto é, “quero livrar-me dele o mais depressa
possível”. Não será grave, mas é um indicador que possibilita várias leituras.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Neste contexto e cultura sabem
qual é a minha inquietação para além dos riscos associados a comportamentos
aditivos? É se os miúdos, considerando a agitação que vai pelo seu mundo
“laboral” e os discursos dos adultos, desatam a pedir, se puderem, um aumento
de mesada que lhes permita jogar nas “raspadinhas” ou apostar no Euromilhões
para … deixar de ir à escola.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Já estivemos mais longe. Talvez,
também por questões desta natureza, a abordagem deste tipo de questões nos
contextos educativos num quadro desenvolvimento e cidadania faça sentido sem
que daqui resulte, evidentemente, mais uma disciplina ou mais um projecto.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-7213990559055112432024-02-29T14:45:00.002+00:002024-02-29T14:45:23.471+00:00AS ARRUADAS<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Estamos em plena campanha
eleitoral para as legislativas. Por um qualquer conjunto de razões que eu
próprio não consigo entender muito bem, acho muito estimulante e interessante
um fenómeno típico das campanhas eleitorais que dá pelo nome de “arruadas”, o
passeio de um qualquer candidato por uma via pública, sobretudo as mais
frequentadas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O próximo fim-de-semana vai ser
um fartote, as reportagens televisivas das arruadas vão-nos entrar pela casa
dentro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É certo que em qualquer altura a
deslocação de uma figura política ao que gostam de chamar o “país real” é já
uma amostra, mas em campanha pela conquista de mais um voto o espectáculo é
deveras estimulante. Sim, eu sei que é estranho, mas mesmo assim acho piada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tentem entender o meu ponto de
vista e reparem, por exemplo, no comportamento e atitude das figuras de segunda
linha que aparecem sempre coladas aos “importantes”. Normalmente, seguem um
passo atrás de qualquer entidade que leve uma câmara de televisão a segui-la.
Os figurantes constituem um grupo numeroso. Por este facto, nem sempre cabem no
ecrã e então, assiste-se, por vezes de forma pouco discreta, ao esforço para
aparecerem. Compõem um sorriso circunspecto e enquanto a entidade é
entrevistada é ver os figurantes a inclinar a cabeça em sinal de aprovação ao
mesmo tempo que procuram compor um ar inteligente e condescendente para com a
comunicação social. Têm a secreta esperança de merecer um primeiro plano que
constitua prova de vida.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Acho também muito estimulante o
papel dos “operacionais”, quase sempre os elementos das “juventudes
partidárias” os que fazem o alarido, agitam as bandeiras e gritam as palavras
de ordem e que, numa preventiva iniciativa para que não fiquem tão à rasca mais
tarde, vão fazendo a sua formação que lhes permita uma carreira aparelhística
ou, pelo menos, a esperança de um empurrãozinho na vida profissional.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Uma outra parte do espectáculo é
o comportamento dos anónimos que se cruzam com a arruada e expressam o que lhes
vai na alma face às cores do desfile fazendo com que a arruada pare ou acelere
o passo em busca de melhor ambiente. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mas o que eu gosto mesmo, é de
ver o entusiasmo com que a generalidade dos candidatos é abraçado e abraça
muitíssimas vezes, distribui beijinhos pelas criancinhas e velhinhas com um
carinho e de uma forma tão genuína que enternece. Então nestes dias que têm
estado “ventaneiros” e frios será ainda mais agradável a proximidade genuína e
convincente. Acho mesmo que as eleições nunca deveriam realizar-se no tempo
quente, as arruadas fazem-se melhor com tempo fresco.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não sei se vos convenci, mas como
diz o povo, “cá p´ra mim” as arruadas são mesmo o que de melhor as eleições
têm. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O resto é conhecido e quase
sempre pouco interessante.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-30595094611066620862024-02-28T14:05:00.000+00:002024-02-28T14:05:21.843+00:00ELE E ELA NÃO FALAM COMO A GENTE<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">No <a href="https://www.publico.pt/2024/02/27/sociedade/noticia/alunos-estrangeiros-falta-recursos-escolas-continua-deixalos-tras-2081796?utm_content=editorial&utm_term=A%2Bdiscriminacao%2Bmultipla%2Bdeve%2Bser%2Bpunida%2C%2Bdiz%2Bestudo.%2BPrazo%2Bpara%2Bvalidar%2Bfacturas%2Bprolongado%2Bate%2Bquarta-feira&utm_campaign=59&utm_source=e-goi&utm_medium=email">Público</a> encontra-se uma peça
sobre uma outra realidade desafiante, o aumento significativo de alunos
estrangeiros nas escolas portuguesas. De acordo com dados do estudo do CNE, “<a href="https://www.cnedu.pt/pt/publicacoes/estado-da-educacao/2191-estado-da-educacao-2022">Estado da Educação 2022</a>”, em 2021/2022 9,3% dos alunos matriculados no ensino e 7,9%
no secundário básico eram de origem estrangeira. </span><span style="text-align: justify;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Este número tem aumentado, em
2021/2022 tivemos mais 17,5% de estudantes estrangeiros inscritos no ensino
básico e 15,5% no ensino secundário, com alunos oriundos de 235 nacionalidades
no básico e de 246, no secundário.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Recordo um exemplo com dados do
Infoescola, em 2021/2022 o Agrupamento de Escolas Eduardo Gageiro, com cerca de
2300 alunos de todos os níveis, tem “30%” de estudantes estrangeiros, de 42
nacionalidades diferentes. De forma mais diferenciada o pré-escolar e o 1.º
ciclo têm 36% de crianças estrangeiras, e só no 1.º ciclo essa percentagem é de
44%.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado e em termos
genéricos, verifica-se uma baixa de frequência da Disciplina de Português
Língua Não Materna, 2% de todos os alunos estrangeiros inscritos no 1.º ciclo,
12,5% dos que frequentam o 2.º ciclo, 15% no 3.º ciclo e apenas 5,1% dos que
estão no ensino secundário.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Apesar dos indicadores não serem
propriamente uma surpresa, pois tem vindo a aumentar a vinda para Portugal de
cidadãos de outros países importa considerar que, contrariamente ao que as
narrativas xenófobas que se vão escutando afirmam, é importante esta vinda de
pessoas de outras paragens que se radiquem por cá através de projectos de vida
bem-sucedidos e contributivos para o desenvolvimento das nossas comunidades.
Minimiza-se o efeito do Inverno demográfico que vivemos levando envelhecimento
significativo da população portuguesa rejuvenescendo-se as populações.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como é evidente este movimento
implica a existência de crianças e a necessidade da sua educação escolar,
certamente, a mais potente ferramenta contributiva para a sua boa integração na
comunidade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta cenário como se demonstra na
peça do Público não pode deixar de constituir o um enorme desafio para muitas
escolas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O ME avançou com a criação da
disciplina de Português Língua Não Materna, mas que só é criada com um número
mínimo de 10 alunos e os recursos disponíveis são manifestamente insuficientes
como directores e professores referem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Está, pois, criada, uma
dificuldade acrescida para promover de forma eficiente o domínio da língua de
aprendizagem, o português, e o impacto negativo que tal terá no seu trajecto
escolar. Aliás, são bem conhecidas as enormes dificuldades que muitas comunidades
portuguesas de emigrantes portugueses sentiram e sentem no processo de
escolarização dos seus filhos em diferentes países da Europa.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sabemos da enorme dificuldade de
conseguir que em cada escola se consiga responder de forma eficaz às
necessidades específicas da população que a frequenta, nenhuma dúvida sobre
isto.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, também sabemos, o
domínio proficiente da língua de aprendizagem, escrita e falada, é
imprescindível a um trajecto escolar com sucesso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não existe normativo ou discurso
em educação que não sublinhe as ideias de educação inclusiva, equidade, a
diversidade, etc. A questão são as políticas públicas e os recursos de
diferente natureza que este desafio exige, a retórica, não chega.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estes alunos, tal como outros,
enfrentarão sérias dificuldades e um risco grande de insucesso.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E é bom não esquecer que o seu
sucesso será um forte contributo para as comunidades onde se integram, assim
como poderemos ter que pagar um preço elevado pelo seu insucesso e exclusão.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-50178137040318062112024-02-27T12:34:00.001+00:002024-02-27T12:43:01.484+00:00A ORGANIZAÇÃO DO ENSINO BÁSICO<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">No Relatório “<a href="https://www.cnedu.pt/content/EE_2022/EE2022_publicacao_integral.pdf">Estado da Educação 2022</a>”, agora <a href="https://www.publico.pt/2024/02/27/sociedade/noticia/conselho-nacional-educacao-questiona-manutencao-2-ciclo-2081707">divulgado</a>, o Conselho Nacional de Educação volta a sustentar uma reorganização do
ensino básico que levaria à integração dos actuais 1º e 2.º ciclos num só ciclo
com seis anos. </span>Curiosamente, a AD contempla no
seu programa eleitoral uma proposta no mesmo sentido.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Desde há muito anos que me parece
adequada esta alteração que aproxima a organização do sistema educativo
português da de boa parte dos sistemas europeus.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como já referi, não é uma proposta
nova por parte do CNE e regularmente tem sido aflorada a pertinência da mudança.
Estruturas representativas dos pais e encarregados de educação, (CONFAP), dos
professores, (FNE), ou dos directores escolares, (ANDE), já têm manifestado
abertura para esta análise e eventual ajustamento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Considerando a proposta do CNE em
2017, o MEO Ministro da Educação afirmou na altura que, apesar de abertura para
alterações, não considera significativo o impacto da sua existência nos níveis
de retenção e abandono. No entanto, sendo difícil estabelecer qualquer relação
de causa e efeito parece claro que a sua existência nos termos actuais pode
estar associada a um conjunto de variáveis que, essas sim, se repercutem nos
níveis de desempenho e qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. São
exemplos destas variáveis, a existência de períodos de transição, a estrutura,
conteúdos e nível de integração curricular considerando as idades dos alunos
envolvidos, etc.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não será, aliás, por acaso, que o
modelo que temos tem existência residual em termos de UE e OCDE.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De há muito que também entendo a
necessidade de ajustar, quer a organização do ensino básico, quer as áreas
disciplinares e respectivos conteúdos tendo também aqui referido algumas ideias
sobre isto que vão, aliás, na linha do que se encontra em outros países com
sistemas educativos com bons resultados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sei também da enorme complexidade
de mudanças nestas áreas até pelo impacto que poderá ter na organização da
carreira e formação dos docentes para além da multiplicidade de variáveis a
considerar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em primeiro lugar não deve
realizar-se sem considerar a organização curricular, designadamente no que
respeita a conteúdos e número de disciplinas. Recordo que segundo a Lei de
Bases do sistema educativo o ensino básico organiza-se numa lógica de ciclo e
não numa lógica disciplinar contrariamente ao ensino secundário.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Deve ser acompanhada de uma real
autonomia das escolas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Deve contemplar a existência de
diferenciação de trajectos educativos que não sejam definidos e considerados
como de “primeira” e de “segunda”. É fundamental que todos os alunos adquiram
na escolaridade obrigatória uma qualificação, quer seja para prosseguir o seu
trajecto escolar no superior, universitário ou politécnico, quer seja para
entrar no mundo de trabalho ou em programas de formação profissional mais
curtos. Só assim poderão, todos, construir um projecto de vida viável e
positivo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Neste sentido e olhando para o
que se passa noutras realidades e nos pode ajudar a pensar, creio que opção
ajustada seria a existência de um primeiro ciclo de seis anos assente nas
ferramentas de construção do conhecimento e desenvolvimento pessoal, um segundo
ciclo de três anos já com algumas disciplinas opcionais que acomodassem
motivações e escolhas dos alunos e um terceiro ciclo, o ensino secundário aqui
já com vias diferenciadas incluindo formação profissional.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um ensino básico com uma
estrutura desta natureza seria certamente mais capaz de acomodar e responder de
forma mais eficaz e integrada à diversidade dos alunos, designadamente, de
alunos com necessidades especiais, insisto, prefiro recorrer a esta “velha”
designação que às inovadoras "categorias" que não são
"categorias" uma vez que se acabaram as categorias, “selectivas”,
“universais“ ou “adicionais”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, insisto uma eventual
alteração deve acontecer com uma enorme prudência, reflexão aprofundada e com a
participação o mais abrangente possível dos diversos actores e entidades
envolvidos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como afirmei a propósito de
outras mudanças recentemente verificadas, depressa e bem não há quem.
Objectivos globalmente positivos podem ser comprometidos por más metodologias
ou calendários de mudança inadequados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Importa que não se realizem de
forma apressada e sem um consenso tão sólido quanto possível sobre conteúdos e
calendário das mudanças que, reafirmo, me parecem necessárias.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como muitas vezes afirmo, é tão
importante "fazer as coisas certas como fazer certas as coisas". Se
bem repararmos nem sempre isto se verifica, mesmo na nossa acção individual. Em
políticas públicas ainda é mais necessário.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-23005543988364404342024-02-25T14:55:00.000+00:002024-02-25T14:55:07.304+00:00CRÓNICA ANUNCIADA<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Segundo dados da Fenprof,
<a href="https://www.dn.pt/3411837462/a-tres-meses-dos-exames-ainda-ha-30-mil-alunos-sem-professores/">referidos no DN</a>, existem cerca de 30000 alunos sem professores quando estamos a
três meses de exames nacionais e provas de aferição. Pais e professores das Associações
de Professores de Matemática e Português revelam grande preocupação com a
situação que será mais um obstáculo e criará situações de forte desigualdade e impacto negativo. O ME
não comentou a questão.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muitas famílias não conseguirão
aceder a ajudas externas e muitas escolas não têm recursos suficientes para minimizar
o impacto deste problema que estava identificado e anunciado há muito.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sucessivas equipas ministeriais,
por incompetência ou negligência, não desenvolveram medidas que minimizassem a
crónica anunciada.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lamentavelmente e sem estranheza,
o ME parece enredado num discurso que envolve realidades múltiplas. A habitual
referência a uma espécie de realidade mágica em que tudo está quase bem, pois a
perfeição não existe e uma realidade, esta sim, existente, que expõe as enormes
dificuldades que alunos, professores, técnicos e pais sentem na promoção de um
efectivo direito a uma educação de qualidade e que possa responder à
diversidade e necessidades dos alunos. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">É a esta realidade que as
políticas públicas têm a responsabilidade de, primeiro, reconhecer e, depois,
responder.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Que virá a seguir?<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-3085496588633052082024-02-24T19:40:00.000+00:002024-02-24T19:40:05.087+00:00DISCRETOS CAMPEÕES DE MUITAS PROVAS<p style="text-align: justify;"><span style="text-align: justify;"><a href="https://www.jn.pt/3707458754/portugal-e-campeao-do-mundo-de-atletismo-indoor-para-deficiencia-intelectual/">Portugal sagrou-se hoje campeão do mundo de atletismo</a> pista coberta da Federação Internacional para
Atletas com Deficiência Intelectual. Os atletas portugueses conquistaram nove
medalhas de ouro e sete de prata. Como é óbvio, este resultado merecia um
destaque que, provavelmente, não terá.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nada de novo. A vida de muitas
pessoas com deficiência é, na verdade, uma constante e infindável prova de
obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de forma inaceitável a
limitação na mobilidade e, ou, na funcionalidade em diferentes áreas que a sua
condição, só por si, possa implicar. Existem muitas áreas de dificuldades
colocadas às pessoas com deficiência, designadamente, acessibilidades, educação
e emprego em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão são enormes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Reafirmo algo que recorrentemente
subscrevo, os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem pela
forma como lidam com as minorias e as suas problemáticas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como disse, provavelmente o feito
desportivo destes atletas não terá o relevo que merecia. As primeiras páginas,
também no desporto, não são para estes indivíduos. Mesmo quando vencem, as
pessoas com deficiência não têm "glamour", não enchem estádios e não
fazem movimentar milhões, não são colunáveis, são apenas, simplesmente,
campeões, a sério. <o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-16935572099728316072024-02-23T14:36:00.001+00:002024-02-23T14:36:21.213+00:00DA RECUPERAÇÃO DAS APRENDIZAGENS<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">No <a href="https://www.publico.pt/2024/02/20/sociedade/noticia/educacao-nao-parece-prioridade-escolas-nao-desistem-professores-desmotivados-2080887">Público</a> encontra-se um trabalho
que divulga iniciativas que em algumas escolas se desenvolvem com o objectivo
genérico de minimizar efeitos da pandemia nas aprendizagens e trajecto dos alunos.
As dificuldades são inúmeras e regista-se o empenho e esforço realizado pelas
comunidades escolares.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">São múltiplos os estudos,
nacionais e internacionais, que revelaram a existência de impactos embora
também se verificasse a necessidade de uma análise mais fina à natureza das
dificuldades mais globalmente percebidas. Abordei aqui algumas dessas
iniciativas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Neste contexto recupero algumas
notas que me parecem oportunas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em Agosto de 2023, o Tribunal de
Contas na auditoria ao Programa Escola 21/23+ considerou que “Existem
insuficiências na definição do Plano 21/23, como prioridades pouco claras,
insuficiente afectação de recursos, excessivo número de acções e inexistência
de metas e de indicadores para efeitos de monitorização e avaliação”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Também no último relatório em
divulgado em Julho de 2023 pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e
Ciência, se afirmava que não se verifica uma alteração significativa no perfil
e adesão ao conjunto de medidas contidas no plano de recuperação das
aprendizagens continuando os Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e
Comunitário e Escola a Ler como as medidas com maior actividade. É importante
que também se afirmava que ainda não era conhecida a avaliação relativa ao
impacto das diferentes medidas no desempenho dos alunos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Também sabemos que os 3200
professores afectos ao Plano de Recuperação das Aprendizagens não continuaram
neste ano lectivo com os mesmos créditos horários para esse efeito, pois o ME
preferiu privilegiar as medidas que mostraram "maior eficácia" nos
últimos dois anos que, aparentemente e com alguma surpresa, dispensam o
trabalho dos docentes.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não estando devidamente avaliado,
sobretudo no seu objectivo central, recuperação das aprendizagens dos alunos,
como pode decidir-se cortar numa das áreas críticas, os recursos, o tempo de
trabalho dos professores? É, no mínimo, insensatez e incompetência que
dificilmente se explicam.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Em condições normais, por assim
dizer; não se conhecendo os efeitos que justificam o Plano, o impacto nas
aprendizagens dos alunos seria de esperar que medidas a tomar decorressem dessa
avaliação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A situação actual das escolas e a
falta de docentes que se prolonga e ainda, claro, os efeitos da pandemia
justificariam que estes recursos continuassem nas comunidades escolares com um
horizonte mais alargado. Não se trata de um problema de conjuntura, é de
estrutura.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece ser consensual que o maior
ou menor impacto nas aprendizagens que possam estar a acontecer, é extremamente
diversificado em cada aluno. Parece razoavelmente claro que a diversidade de
situações, o seu número, os anos de escolaridade dos alunos, as variáveis
contextuais relativas a cada comunidade escolar, recursos disponíveis em cada
comunidade, as necessidades específicas de muitos alunos, os seus contextos
familiares, etc., etc., sugerem que devem ser as escolas a avaliar as
necessidades, identificar os recursos necessários, estabelecer objectivos,
definir metodologias e dispositivos de regulação e avaliação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os professores sabem como avaliar
e identificar as dificuldades dos alunos. O que verdadeiramente é
imprescindível é dotar as escolas de forma continua e estável dos recursos
necessários para minimizar tanto e tão rápido quanto possível as dificuldades que
identificam. Recursos suficientes para recorrer a apoios tutoriais ou ao
trabalho com grupos de alunos de menor dimensão, apoios específicos a alunos
mais vulneráveis, técnicos, psicólogos, por exemplo, num rácio que possibilite
um trabalho multidimensionado como é exigido, etc., são essenciais e serão
sempre essenciais. Torna-se também necessária a existência de dispositivos de
regulação, interna e externa, que sustentem o trabalho desenvolvido e de processos
desburocratizados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para além das narrativas
institucionais mais “simpáticas”, por assim dizer, a divulgação de resultados
de avaliações que quando comparados com a cada vez mais ameaçada avaliação
externa ou estudos como o agora conhecido deixam imensas dúvidas e o que se vai
sabendo das escolas mostra, sem surpresa, o conjunto de dificuldades que se
continuam a sentir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, considerando os
indicadores relativos ao impacto das variáveis relativas ao contexto
sociofamiliar e económico dos alunos nos seus trajectos de aprendizagem não se
trata de uma questão compatível com um Plano de curto prazo que está em desenvolvimento
e com sobressaltos conhecidos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não simpatizo com narrativas
sobre perdas irreparáveis, gerações perdidas ou outros discursos da mesma
natureza. No entanto, a verdade é que muitos alunos incluindo alunos com
necessidades especiais, independentemente da avaliação registada nas grelhas ou
nas pautas de avaliação passaram e passam por sobressaltos e dificuldades no
seu percurso escolar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Neste contexto, a questão central
não deve ser definida em torno da recuperação dos efeitos da pandemia nas
aprendizagens ou no bem-estar através de planos de recuperação finitos, mas
sim, na mudança ao nível das políticas públicas dos diferentes países,
incluindo Portugal, que, para além de forma mais imediata “recuperarem
aprendizagens”, tenham impacto a prazo através de recursos suficientes e
competentes, definição de dispositivos de apoio eficientes e de acordo com as
necessidades, apoios sociais que minimizem vulnerabilidades que a escola não
suprime, valorização da educação e dos professores, diferenciação e autonomia
nas respostas das instituições educativas, etc.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Mais uma vez insisto na
necessidade de que o ME estabeleça a simplificação (desburocratização), não o
chamado facilitismo, como orientação central nas diferentes dimensões das
políticas públicas de educação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Seria desejável e necessário que
o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os dispositivos em
utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem como preocupação
a simplificação, professores alunos e famílias ganhariam. Esta simplificação
deve incluir a avaliação e registos. Seria positivo que, tanto quanto possível,
se aliviasse a pressão “grelhadora” e a burocracia asfixiante a que
habitualmente escolas e professores estão sujeitos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como é evidente, este apelo à
simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade, intencionalidade
educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem para todos. Antes
pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e recursos, alunos,
professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme que todos têm que
realizar e estão a realizar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sintetizando, para além da
conjuntura próxima importa considerar o que é estrutural e imprescindível em
nome do futuro, a qualidade da educação e uma educação de qualidade para todos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A campanha eleitoral em curso
seria uma excelente oportunidade para conhecermos com clareza e compromisso o
que se poderá esperar das políticas públicas em matéria de educação.
Lamentavelmente, clareza e compromisso são dimensões praticamente ausentes,
sobrando o ruído e o “jogo” político. <o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-13298182739774844502024-02-22T14:42:00.003+00:002024-02-22T14:45:24.301+00:00CHEGARAM AS FLORES DAS ESTEVAS<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um pouco mais cedo que o
habitual, apareceram as primeiras flores das estevas aqui no monte. Apesar da
pressão e maus tratos que sofre a natureza cumpre e, mais dia menos dia,
embeleza o campo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No caso das estevas, a filigrana
da forma, as cores e a delicadeza ao mesmo tempo forte tornam o monte mais
bonito.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E há ainda o cheiro inconfundível
das estevas, a campo.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">E são também assim os dias do Alentejo</span> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgti6VeBnPS1rMLig9JQJY27QyFXiVtsUVTNGDjcYSzUKI2lwm2WaQs9O-wmD1r16k0bKtH8xrNE1nR4qsFCpy0MUXmah2Zlr9UUtGiWJigyNN5mMzxCWEDqa3khIiuVNGDqo38-mzFNPiRc7bja9Wmt01sfw1cGLUzAzIl8dnsW3L717dxqUziMmfax6c/s4032/estevas%202024.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4032" data-original-width="3024" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgti6VeBnPS1rMLig9JQJY27QyFXiVtsUVTNGDjcYSzUKI2lwm2WaQs9O-wmD1r16k0bKtH8xrNE1nR4qsFCpy0MUXmah2Zlr9UUtGiWJigyNN5mMzxCWEDqa3khIiuVNGDqo38-mzFNPiRc7bja9Wmt01sfw1cGLUzAzIl8dnsW3L717dxqUziMmfax6c/w300-h400/estevas%202024.JPG" width="300" /></a></div><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br /></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-30291726579571196012024-02-21T14:06:00.001+00:002024-02-21T14:06:17.859+00:00A DELINQUÊNCIA EM CONTEXTO ESCOLAR. OUTRA VEZ<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Lê-se no <a href="https://www.jn.pt/6237070041/aumentam-as-agressoes-ameacas-e-furtos-nas-escolas/">JN</a> que a PSP registou
2617 ocorrências em contexto escolar no primeiro semestre do ano passado. Destas
ocorrências, 736 são de natureza não criminal e 1881 criminais. Os crimes com
maior frequência são ofensas corporais, injúrias e ameaças e furtos.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta preocupação é sentida, com
maior ou menor incidência, em muitos países. No final de Janeiro, o Expresso
referia a problemática crescente de violência e delinquência entre jovens
associada às novas tecnologias que se verifica em Espanha. Fala-se de novos
padrões de delinquência e dimensões como bullying, violência sexual ou
mal-estar psicológico são grandes áreas de preocupação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como aqui escrevi em notas que
retomo, o Instituto de Apoio à Criança no início deste mês propõe a criação de
um Plano Nacional de Prevenção e Combate a Violência nas escolas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">De facto, trata-se de uma questão
que merece séria reflexão e intervenção e retomo algumas notas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A UTAD realizou um trabalho
relativo à violência escolar divulgado em 2023, desenvolvido entre 2018 e 2022
que envolveu 7139 alunos(as) dos 12 aos 18 anos, de 61 estabelecimentos do 2.º
e 3.º ciclo do ensino básico e secundário do Continente e Açores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Considerando alguns divulgados,
68% dos alunos (4837) revelaram ter sido vítima de algum comportamento de
agressão. Num outro olhar, 64%, (4634) assume afirma já ter praticado alguma
forma de violência para com um colega.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Deixem-me insistir em duas ou
três notas que retomo de reflexões anteriores. Os estilos de vida, as
exigências de qualificação têm tornado gradualmente a escola mais presente e
durante mais tempo na vida de crianças e adolescentes e, consequentemente, com
reflexos na educação em contexto familiar.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Importa também acentuar que fora
dos contextos escolares, o padrão relacional entre adultos, de todas as
condições, exprime também com demasiada frequência violência e descontrolo de
diferente natureza e efeito. O comportamento agressivo, verbal, físico,
psicológico, etc., tornou-se quase, um novo normal em múltiplos contextos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sabemos também que a ideia de que
a “família educa e a escola instrói” já não colhe e espera-se que a escola não
forme “apenas” técnicos, mas cidadãos, pessoas, com qualificações ao nível dos
conhecimentos em múltiplas áreas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Um sistema público de educação
com qualidade, desde há muito de frequência obrigatória e progressivamente mais
extenso, é uma ferramenta fundamental para a promoção de igualdade de
oportunidades, de equidade e de inclusão. Uma educação global de qualidade é de
uma importância crítica para minimizar o impacto de condições sociais,
económicas e familiares mais vulneráveis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Para além dos dados referidos e
dos que se referem à delinquência juvenil, são também preocupantes indicadores
relativos à violência nas relações de namoro entre jovens, sendo que muitos a
entendem como “normal”, tal como inquietam o volume de episódios de bullying,
ou os consumos de álcool ou droga.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece-me importante que as
matérias integradas na "Educação para a Cidadania" façam parte do
trabalho desenvolvido na educação em contexto escolar o que é também abordado
pelo IAC. Com o mesmo objectivo será importante o desenvolvimento de programas
de natureza comunitária envolvendo diferentes áreas das políticas públicas.
Como tenho referido, precisamos e devemos discutir sempre como fazer, com que
recursos e objectivos e promover a autonomia das escolas, também nestas
questões. Por outro lado, não acredito na “disciplinarização” destas matérias,
julgo mais interessantes iniciativas integradas, simplificadas e
desburocratizadas em matéria de organização e operacionalização.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sabemos que a prevenção e
programas de natureza comunitária, socioeducativa, têm custos, mas importa
ponderar entre o que custa prevenir e os custos posteriores da pobreza,
exclusão, delinquência continuada e da insegurança.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta é a grande responsabilidade
das políticas públicas e os resultados mostram alguma falência que nos custa
caro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não é possível que a leitura
regular da imprensa escrita, sobretudo nos últimos tempos e no que respeita à
educação tenha na terminologia de boa parte dos trabalhos publicados e sem
qualquer ordenação de frequência ou preocupação, alunos desmotivados, agressões
a professores, agressões a alunos, agressões a funcionários, “bullying”,
violência escolar, humilhações, falta de autoridade dos professores, imagem
social degradada dos professores, professores desmotivados, famílias
incompetentes, pais negligentes, demissão familiar, indisciplina, recusa,
contestação, insucesso, facilitismo, burocracia, currículos desajustados,
insegurança, medo, receio, etc.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Intencionalmente não referi a
onda de informação relativa à situação vivida pelos professores que, também,
não pode ser dissociada de todo o universo da educação.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, apesar de reconhecer
a gravidade de muitas situações insisto na necessidade de uma palavra de
optimismo.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A verdade é que, apesar de todos
os constrangimentos e dificuldades bem conhecidas e nem sempre reconhecidas, do que ainda está por fazer e dos incidentes que se registam, o trabalho desenvolvido por professores, técnicos,
funcionários e alunos é bem-sucedido na maioria das situações e em termos
globais, apesar dos incidentes que se registam e isso deve ser sublinhado. De
uma forma geral, professores, técnicos, funcionários e alunos, quase todos,
fazem a sua parte.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Uma comunidade não pode conviver
com o medo diário de deixar os seus filhos sair de casa para a escola, tal como
não pode conviver com o mal-estar persistente dos profissionais. Mantendo um
realismo lúcido, é preciso que se aborde e converse sobre o tudo da escola e
não apenas sobre o mau da escola. A insistência exclusiva neste discurso terá
um efeito devastador na confiança e expectativas de alunos, famílias e
professores face ao presente e ao futuro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Sim, não é tudo, mas os miúdos
precisam de se sentir seguros.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tal como os pais.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tal como os professores.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Tal como os técnicos.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-89591972957574214722024-02-20T12:33:00.000+00:002024-02-20T12:33:03.400+00:00TELEMÓVEIS E ESCOLA. OUTRA VEZ<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">No <a href="https://expresso.pt/internacional/reino-unido/2024-02-19-Reino-Unido-vai-passar-a-proibir-uso-de-telemovel-nas-escolas--tambem-para-professores-3dff70c7">Expresso</a> lê-se que o Governo britânico se prepara para legislar sobre a utilização de telemóveis nas escolas.
Várias escolas já definiram restrições e a legislação será diferenciada desde a
não utilização na escola à restrição em sala de aula incluindo professores e os
contactos dos pais.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Vários países têm tomado iniciativas
neste sentido o que quase parece inevitável dada a forma como os telemóveis e
as suas possibilidades evoluíram e rapidamente massificaram a sua utilização,
desde os mais novos aos mais velhos, ainda que com níveis de competências e utilização
diferenciadas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ainda me lembro de há alguns anos
me interrogar se precisaria de um telemóvel e também me lembro de há algum
tempo, numa conversa com pais, uma mãe me perguntar a que idade eu entendia que
ela poderia dar um telemóvel à filha. Perguntei a idade, a gaiata tinha 5 anos,
mas, disse mãe, já muitas colegas da sala tinham e a filha também queria este
novo apêndice das nossas mãos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Esta sobreutilização dos
telemóveis, em todos os ambientes, incluindo casa e escola, os riscos de
diferente natureza que são conhecidos e reconhecidos, têm vindo de forma cada
vez mais insistente a colocar a questão de a minimizar ou mesmo proibir.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, também temos a
percepção das potencialidades que estes dispositivos oferecem pelo que, sem
surpresa, temos uma questão complexa.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A UNESCO já divulgou algumas
orientações no sentido da limitação da utilização dos telemóveis nas escolas.
Noutros países, mas também em Portugal, vão surgindo escolas e agrupamentos que
vedam a sua utilização no espaço escolar, incluindo intervalos e sabemos que o
ME pediu ao Conselho de Escolas um parecer sobre esta questão que se aguarda.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estarão em causa variáveis como a
idade dos alunos, os espaços de utilização ou proibição e as actividades em que
poderão, ou não, ser permitida a utilização dos telemóveis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Parece-me particularmente
interessante que esta pertinente discussão ocorra em plena época de
deslumbramento com a chamada “transição” digital que, tem como medida
emblemática a realização universal das provas de aferição do 2º ano
(basicamente crianças com 7 anos) em formato digital. Numa nota pessoal estou
atento a este processo no qual está envolvido o meu neto pequeno que está no 2º
ano.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Muitas vezes e desde há muito
tempo tenho abordado estas questões nestes espaços, bem como na intervenção
profissional, fundamentalmente com pais e nos contextos escolares a propósito
dos impactos nas relações sociais e em fenómenos de cyberbullying. Também elas
questões conhecidas fico satisfeito com esta emergente preocupação com a
sobreutilização dos telemóveis e outros equipamentos digitas nos espaços
escolares (e não só) pelos mais novos com riscos e consequências conhecidas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, ainda que se possam
compreender as razões que sustentam as proibições, o uso excessivo e
desregulado, as decisões de proibição não parecem ser consensuais ainda que
possam ser uma decisão provável.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Não tenho nenhuma convicção de
que uma estratégia de proibição, só por si, devolva crianças e adolescentes à
interacção pessoal e a outros hábitos comportamentais mais interessantes
embora, obviamente, seja imprescindível a regulação do seu uso o que não
significará, necessariamente, uma “lei seca” para telemóveis.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Por outro lado, também não é rara
a utilização de telemóveis associada a actividades de aprendizagem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Do meu ponto de vista seria
importante também colocar a questão a montante, a utilização que nós todos
damos a estes dispositivos. Seria muito interessante e desejável que se
discutisse a sério nas comunidades educativas a regulação dos comportamentos e
definição de regras e limites, sem “superpais”, sem “superfilhos” ou
“superprofessores”. No entanto, esta discussão tem de ser acompanhada pela
nossa, adultos, pais e/ou profissionais, regulação da sua utilização. Se
olharmos para muitas famílias em “convívio” ou para muitos contextos
profissionais em “reunião” verificaremos os ecrãs que muitos terão à sua frente
e perceberemos o que está por fazer, comportamento gera comportamento.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Como já referi, também me parece
que este movimento deve ser enquadrado na mudança que felizmente também parece
estar a emergir refreando o deslumbramento pela “transição digital” que,
enquadrando de forma ajustada a inevitabilidade de incorporar estas ferramentas
nos processos educativos, também volta a defender a importância de abordagens
metodológicas ou didácticas “antigas”, “conservadoras”, tais como escrever à
mão, desenhar, brincar na rua, ler em suporte papel, interagir presencialmente
ou promover relações afectivas literalmente mais próximas, tudo ferramentas
importantes de desenvolvimento e aprendizagem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ver vamos com a coisa evoluirá
por cá quando estamos submersos por um tsunami de transição digital e, claro,
de inovação e capacitação.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-67795177820410820182024-02-18T14:59:00.003+00:002024-02-18T15:05:13.444+00:00OS DIAS DO ALENTEJO, O CRIADOR<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Todos os dias passados aqui no
monte trazem à memória o Mestre Zé Marrafa como aconteceu no texto de ontem. Já
não nos pode ajudar nem aparecer apenas para umas lérias. Está numa situação
que não merece e em que não quereria estar. A vida do Mestre Zé nunca foi
fácil, começou a trabalhar aos nove anos a guardar porcos e tem sido dura até
ao fim, não é justo, mas o que seria justo nestas questões nem sequer terá o
mesmo significado para todos.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Gostamos sempre de preparar a
horta mais para o cedo e é altura de montar o criador, a estufa, para termos pés
de tomate para plantar. Guardamos religiosamente as sementes de uma espécie que
aqui temos e é muito saborosa, quer para salada, quer para gaspacho ou
cozinhados de que a sopa de tomate ou umas migas são só exemplos. O Mestre Zé
nunca se convenceu a fazer o criador com materiais “finos”. Umas canas, um
plástico e umas pedras e já estava pronto a criar plantas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Lamento Mestre Zé, mas não
sabemos fazer criadores como os seus, não chegámos a aprender. No entanto,
somos “vontadeiros”, como o Sr. Zé fala, e apesar de recorrermos a materiais
sofisticados … já está feito o criador, arrimado a uma das mais bonitas oliveiras
que aqui temos. Se aqui estivesse diria, como sempre, que alguma coisa poderia
ter ficado melhor. Nós, os velhos, achamos quase sempre que os mais novos ainda
não sabem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na verdade, o que gostávamos
mesmo, era que ainda tivesse sido o Mestre Zé a fazer o criador. Ficaria
melhor, é claro, mas, mais importante, era sinal de que o Mestre Zé estava bem.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quanto à lida, só espero que o
tomate nasça ou ficaremos envergonhados com o criador e … sem tomate bom para
comer, é claro.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E são assim os dias do Alentejo.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-3944552053054278042024-02-17T14:54:00.002+00:002024-02-17T23:34:43.432+00:00AS BONITAS E GENEROSAS OLIVEIRAS<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Como já tenho dito, as oliveiras
são as árvores mais generosas e, para mim, mais bonitas. Ainda não há muito
tempo apanhámos a azeitona e daqui a pouco vamos ao lagar buscar o azeite
devido. Como a apanha é de Inverno, a estender panos, bater oliveiras, apanhar
e carregar azeitona não há frio que chegue. Não esqueço que mais cedo já colhemos azeitona para comer temperada.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Estes últimos dias foram tempo de
limpeza de algumas oliveiras sem a qual teríamos menos azeitona e menos
acessível se ficassem os ramos demasiado altos. Por outro lado, lá está a
generosidade das oliveiras, a lenha, depois de traçada a motoserra, tornará
mais quentes os nossos dias de Inverno.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Também a rama, alguma dela porque
é muita, se aproveita para triturar e fazer um composto que, depois de curtido
pelo Inverno, tornará a terra da horta mais branda e com melhor qualidade
substituindo o adubo químico. Mais uma vez devemos agradecer às oliveiras <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Claro que toda esta lida dá muito trabalho,
mas, felizmente, temos a ajuda do Carlos e do Diogo, gente “vontadeira” como
falaria o Mestre Zé Marrafa que já nos pode ajudar e de quem sempre nos lembramos.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">E são assim os dias do Alentejo,
quentes mesmo no tempo frio, que não é o caso de hoje, graças às mais bonitas
árvores, as oliveiras.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7304926325203038559.post-26470851055877608912024-02-16T15:12:00.000+00:002024-02-16T15:12:34.784+00:00PROGNÓSTICOS SÓ NO FIM DO JOGO<p style="text-align: justify;"> <span style="text-align: justify;">Enquanto a campanha para as
legislativas se vai desenrolando vão sendo divulgados programas, intenções, medidas,
objectivos, propostas, legislação nas diferentes áreas das políticas públicas.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Com maior ou menor grau de rigor,
objectividade calendário verificam-se algumas diferenças, como também
semelhanças, nos discursos das várias formações políticas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Na área que me é mais próxima em
termos profissionais, a educação, também assim acontece o que, aliás, não será
estranho.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">No entanto, lamentavelmente, a
minha convicção sobre o que oiço e leio, independentemente, do grau de concordância ou
discordância é que … o que depois acontecerá em função dos resultados não terá
muito a ver com programas enunciados em tempo de marketing eleitoral. Estamos
cansados de medidas anunciadas e não cumpridas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Os programas e as lideranças que
emergirem das eleições terão o chamado choque com a realidade e muito se
altera.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Assim sendo, considerando o que
do meu ponto de vista deveria necessariamente informar as políticas públicas e
socorrendo-me da análise de um conhecido futebolista, “prognósticos só no fim
do jogo”.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois de 10 de Março, da
formação de um novo governo e da aprovação de um programa na AR, então
poderemos começar a perceber o que de novo ou velho, num bom sentido ou num
sentido negativo, nos trarão as políticas públicas.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Até lá, temos os debates e a
campanha, que sendo fundamentais em democracia nem sempre são esclarecedores,
sérios e sólidos na substância, os interesses e bem-estar da comunidade, de
toda a comunidade.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ver vamos.<o:p></o:p></p>Zé Morgadohttp://www.blogger.com/profile/12753277778634048432noreply@blogger.com0