Hoje assinala-se o Dia Europeu da Vida Independente. No sábado realizaram-se manifestações em oito cidades portuguesas com o objectivo de "chamar a atenção para um conjunto de questões que continuam por resolver no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência, concretamente em Portugal".
Na verdade, muitas vezes aqui o tenho
afirmado, a vida de muitas pessoas com deficiência é uma constante e infindável
prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, que ampliam de forma
inaceitável a limitação na mobilidade que a sua condição, só por si, pode
implicar. No entanto, muitos dos obstáculos não têm a ver com barreiras
físicas, remetem para a falta de senso, incompetência ou negligência com que
gente responsável(?) lida com estas questões.
Muitos destes obstáculos estão
associados ao que as comunidades e as suas lideranças, políticas por exemplo,
entendem ser os direitos, o bem comum e o bem-estar das pessoas, de todas as
pessoas.
Como é evidente, existem muitas
outras áreas de dificuldades colocadas às pessoas com deficiência,
designadamente apoios sociais, educação, qualificação profissional e emprego, habitação,
em que a vulnerabilidade e os riscos de exclusão e pobreza são elevados
traduzido em taxas de desemprego entre pessoas com deficiência muitíssimo
superiores à verificada com a população sem deficiência.
Umas questões críticas também consideradas
prende-se comos apoios à vida independente, designadamente o apoio para as
pessoas tenham acesso a assistente pessoal, "A vida independente, para ser
possível, é preciso ter o direito à habitação, é preciso ter acesso à
habitação, aos transportes, à educação inclusiva, ao trabalho, mas há uma
ferramenta que é fundamental, que é a assistência pessoal".
Existiu desde há cinco anos um
projecto que apoiou cerca de mil pessoas, parou há um ano e existirão, pelo
menos, três mil pessoas que aguardam o acesso a assistente pessoal.
Como tantas vezes tenho afirmado
escrito, a inclusão assenta em cinco dimensões fundamentais, Ser (pessoa com
direitos), Estar (na comunidade a que se pertence da mesma forma que estão
todas as outras pessoas), Participar (envolver-se activamente da forma possível
nas actividades comuns), Aprender (tendo sempre por referência os currículos
gerais) e Pertencer (sentir-se e ser reconhecido como membro da comunidade). A
estas cinco dimensões acrescem dois princípios inalienáveis, autodeterminação e
autonomia e independência.
As pessoas com deficiência não precisam de tolerância, não precisam de privilégios, não precisam de caridade, precisam só de ver os seus direitos considerados. Os direitos não são de geometria variável cumprindo-se apenas quando é possível.
Este é o caderno de encargos que
nos convoca a todos.
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