Foi divulgado o estudo “Ecossistemas de Aprendizagem Saudáveis nas Instituições de Ensino Superior em Portugal” desenvolvido pelo Observatório dos Ambientes de Aprendizagem Saudáveis e Participação Juvenil. O trabalho envolveu O trabalho envolveu 2339 estudantes entre os 17 e os 35 anos. Alguns indicadores. Registaram-se níveis elevados de risco psicossocial para a saúde mental, 61,6% dos estudantes afirmaram que no último mês se sentiram fisicamente exaustos, 46,2% a registar irritação e 41,6% a sensação de tristeza.
65,5%, afirmam sentir-se incapazes
de controlar dimensões que são importantes na sua vida, 61,5% referem falta de
confiança na sua capacidade para lidar com os seus problemas e 59,4% sente-se
impotente face a dificuldades sentidas. Parece ainda relevante que 40% dos
estudantes académicos refere o recurso a psicotrópicos –
Também 13% dos inquiridos refere
ter sido alvo de ameaças ou outra forma de abuso físico ou psicológico,
insultos ou assédio sexual.
O trabalho revelou ainda o
desconforto de muitos alunos que se sentem desmotivados referindo metodologias
de ensino pouco estimulantes.
Os dados não são surpreendentes,
estão em linha com outros estudos, nacionais ou internacionais como o que hoje
refiro, mas são preocupantes, muito preocupantes, trata-se de uma população
nova a viver uma etapa muito relevante no seu percurso de vida.
Partindo do princípio de que a
maioria frequentará cursos escolhidos que sustentarão a construção dos seus
projectos de vida, seria de esperar, numa perspectiva optimista, que podendo
ser uma etapa dura e com obstáculos pudesse criar uma imagem de futuro que
motivasse e alimentasse um quotidiano de trabalho exigente, certamente, mas
vivido com alguma motivação.
No entanto, também a minha
relação até há pouco com alunos do superior foi mostrando há já algum tempo
sinais deste mal-estar.
O que me parece verdadeiramente
inquietante é não conseguir vislumbrar como poderemos em tempo útil reverter
esta situação e promover ajustamentos, e que ajustamentos, nos cenários de vida
destes jovens que são o nosso futuro.
Os recursos disponíveis para
apoio são claramente insuficientes e os custos de um apoio com recursos
familiares é demasiado oneroso num contexto em que a própria frequência do ensino
superior é por si própria um encargo económico muito significativo.
O mal-estar, em todas as faixas
etárias, parece ser um novo normal. Que raio de mundo é este?
Sem comentários:
Enviar um comentário