sábado, 21 de junho de 2025

UM NOVO NORMAL

 Foi divulgado o estudo “Ecossistemas de Aprendizagem Saudáveis nas Instituições de Ensino Superior em Portugal” desenvolvido pelo Observatório dos Ambientes de Aprendizagem Saudáveis e Participação Juvenil. O trabalho envolveu O trabalho envolveu 2339 estudantes entre os 17 e os 35 anos. Alguns indicadores. Registaram-se níveis elevados de risco psicossocial para a saúde mental, 61,6% dos estudantes afirmaram que no último mês se sentiram fisicamente exaustos, 46,2% a registar irritação e 41,6% a sensação de tristeza.

65,5%, afirmam sentir-se incapazes de controlar dimensões que são importantes na sua vida, 61,5% referem falta de confiança na sua capacidade para lidar com os seus problemas e 59,4% sente-se impotente face a dificuldades sentidas. Parece ainda relevante que 40% dos estudantes académicos refere o recurso a psicotrópicos –

Também 13% dos inquiridos refere ter sido alvo de ameaças ou outra forma de abuso físico ou psicológico, insultos ou assédio sexual.

O trabalho revelou ainda o desconforto de muitos alunos que se sentem desmotivados referindo metodologias de ensino pouco estimulantes.

Os dados não são surpreendentes, estão em linha com outros estudos, nacionais ou internacionais como o que hoje refiro, mas são preocupantes, muito preocupantes, trata-se de uma população nova a viver uma etapa muito relevante no seu percurso de vida.

Partindo do princípio de que a maioria frequentará cursos escolhidos que sustentarão a construção dos seus projectos de vida, seria de esperar, numa perspectiva optimista, que podendo ser uma etapa dura e com obstáculos pudesse criar uma imagem de futuro que motivasse e alimentasse um quotidiano de trabalho exigente, certamente, mas vivido com alguma motivação.

No entanto, também a minha relação até há pouco com alunos do superior foi mostrando há já algum tempo sinais deste mal-estar.

O que me parece verdadeiramente inquietante é não conseguir vislumbrar como poderemos em tempo útil reverter esta situação e promover ajustamentos, e que ajustamentos, nos cenários de vida destes jovens que são o nosso futuro.

Os recursos disponíveis para apoio são claramente insuficientes e os custos de um apoio com recursos familiares é demasiado oneroso num contexto em que a própria frequência do ensino superior é por si própria um encargo económico muito significativo.

O mal-estar, em todas as faixas etárias, parece ser um novo normal. Que raio de mundo é este?

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