Como seria de esperar, o Ministério Público
concluiu que as fraudes do Ministro Miguel Relvas relativas às pressões sobre jornalistas
e sobre o jornal Público, bem como caso da inenarrável atribuição de um grau de
licenciatura pela Universidade Lusófona, foram fraudes legais, ou seja, não
encontrou indícios de ilícito criminal o que tornaria estas fraudes legais em
fraudes ilegais.
Como é evidente, ninguém minimamente conhecedor do
nosso funcionamento esperaria outro resultado, estamos demasiado habituados
a que a esperteza e a manha que alimenta relvismos desta natureza permitam que
sejam realizados sempre no estrito "cumprimento da lei".
O que incomoda é justamente a convicção de que
parece impossível contrariar esta torrente que consegue levar o despudor, a
arrogância e a delinquência ética a patamares de excelência que julgávamos já
terem sido ter atingido por outras correntes do pensamento e comportamento
políticos mais recentes ou mais antigos.
Na verdade, preocupa-me aquilo a que habitualmente
chamo a pegada ética, isso mesmo, pegada ética. Os comportamentos e valores que
genericamente mobilizamos têm, obviamente, uma consequência na qualidade ética
da nossa vida que não é despicienda. Os maus-tratos e negligência que dedicamos
aos princípios éticos mais substantivos provocam um empobrecimento e degradação
do ambiente e da qualidade de vida das quais cada vez parece mais difícil
recuperar.
Esta decisão do Ministério Público de considerar as
fraudes comprovadas do relvismo como fraudes legais é "apenas"
mais um passo nesta escalada devastadora que parece não ter fim.
Sem comentários:
Enviar um comentário