Não acompanho suficientemente de perto a situação
noutros países para ter uma perspectiva comparativa, mas existe uma espécie de
síndrome em Portugal que afecta a classe política com experiência de poder.
Esta síndrome, a que poderemos chamar “sei muito bem o que deveria ser feito,
mas quando fui ministro esqueci-me” é patente em muitíssimos ex-governantes
oriundos dos partidos que já assumiram responsabilidades de governo.
O último
exemplo é de Roberto Carneiro que entende hoje que pode ser benéfico
"reavaliar as funções do estado na área da educação" embora, claro,
ainda é cedo, não adiante muito sobre o quer exactamente dizer "reavaliar
as funções do estado". Só faltava a imprescindível opinião de Roberto
Carneiro que foi ministro da educação entre 1987 e 1991 e não "reavaliou"
as funções do estado nesta área mas agora, os ventos são outros, os interesses
também e torna-se necessário "reavaliar" as funções do estado.
Parecer-me-ia mais interessante reavaliar as políticas educativas que nas últimas
décadas têm sido seguidas.
Roberto Carneiro sustenta as suas ideias referindo,
tinha que ser, o Relatório do Tribunal de Contas sobre o custo dos alunos no
sistema público ou no sistema privado que está de tal modo desactualizado, o próprio
TC afirma-o, que não vale a pena considerá-lo, algo que, obviamente, Roberto
Carneiro sabe mas não refere. Tudo bem, também não estranho, utilizamos o
que podemos na defesa das nossas ideias.
De mansinho, as vozes vão-se ouvindo e as ideias
fazendo o seu caminho no sentido de questionar as funções do estado em áreas
como educação, saúde, apoios sociais, o que num país pobre como o nosso,
assimétrico como poucos na Europa no que respeita à equidade de oportunidades
e à distribuição de rendimentos e riqueza, equivale, do meu ponto de vista,
certamente conservador e imobilista, a um risco de pobreza e exclusão
acrescido. Está oficiosamente aberta a época do tiro ao estado social.
Continuo, de forma obviamente estúpida e fora do tempo, a defender um estado social que deve ser racionalizado e eficiente, sem desperdícios ou excessos e mordomias, mas que não pode ser "refundado" seja lá isso o que for, para não alienar o acesso de todos os cidadãos a direitos básicos como saúde, educação, justiça e protecção social.
Continuo, de forma obviamente estúpida e fora do tempo, a defender um estado social que deve ser racionalizado e eficiente, sem desperdícios ou excessos e mordomias, mas que não pode ser "refundado" seja lá isso o que for, para não alienar o acesso de todos os cidadãos a direitos básicos como saúde, educação, justiça e protecção social.
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