quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O MUNDO É ASSIM, NÃO HÁ NADA A FAZER

O Público de hoje apresenta um trabalho interessante sobre a generosidade dos mais ricos em Portugal. Retirando algumas honrosíssimas excepções, aparentemente, os cidadãos mais ricos do país não têm por hábito a generosidade da dádiva individual, embora alguns o façam através das empresas ou de Fundações a que estão ligados o que, como é reconhecido, oferece benefícios fiscais, uma irrelevante compensação da sua desinteressada generosidade. A este propósito, generosidade e fundações, relembro que no amargo 1º de Maio do Pingo Doce, proporcionado, foi afirmado na altura, para ajudar  e defender as famílias e a suas dificuldades, o Grupo obteve um ganho estimado em 25 a 27 milhões de euros apesar de ter sofrido uma multa de 30 000 € o que não está certo pois é injusto penalizar a ajuda às famílias.
Na verdade, os tempos estranhos e pesados que atravessamos mostram um quadro paradoxal de excessos, a exclusão e a pobreza por um lado e a acumulação obscena de riqueza e desperdício por outro, levantam uma questão que, do meu ponto de vista, nem sempre é suficientemente ponderada, a questão da pobreza não pode ser gerida e resolvida ou minimizada, sem se considerar a questão da riqueza. A recente crise económica colocou a nu muitos dos excessos nascidos do interior dos modelos económicos que têm sido seguidos. Ouvem-se algumas referências e intenções, por exemplo da UE, de prevenir os excessos, mas provavelmente não passarão de intenções que logo que a poeira assente, ou seja, as economias recuperem, se esfumarão esquecidas.
Voltaremos com a habitual tranquilidade à geografia dos excessos, a coabitação da fome e da exclusão com os excessos e o desperdício, das obscenas e delinquentes remunerações e lucros com a insuficiência de apoios sociais e com o desemprego, da mansão inacreditavelmente luxuosa com os sem abrigo, etc.
Nada de estranho, portanto, o mundo é assim, diremos.

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