Começa a ser difícil encontrar
alguma racionalidade em muitas das decisões do Governo nestes conturbados
tempos.
Às continuadas exigências de
todos os quadrantes de que a austeridade, tal como consta no negócio ruinoso
assinado com a troika, a que de forma sádica chamam de programa de ajuda ou
resgate, se opere mais pelo lado da despesa que através da receita, o Governo
tem decidido em sentido contrário promovendo o crescimento da receita através
de um sucessivo, brutal e insustentável
aumento de impostos.
No entanto, ontem avançou com uma
proposta de corte na despesa. Assim, o Governo propõe um corte de 10 % nos valores
mínimos do subsídio de desemprego, de 6 % no Rendimento de Inserção Social e de 2,25 % no Complemento Solidário para
Idosos.
Como certamente alguém no Governo
saberá, as pessoas atingidas por esta medida são justamente os mais pobres e
excluídos da nossa sociedade. Já sei, não precisam de dizer, que, sobretudo no
RSI se verificam ainda situações de fraude. Certo, mas são, obviamente, uma
minoria o que não sustenta a ideia de o reduzir.
Esta proposta é apenas mais um
exemplo da delinquência ética de muitas das decisões tomadas neste âmbito.
Acentuam desigualdades, não têm rigorosamente nada a ver com equidade na
repartição de sacrifícios, são de uma insensibilidade criminosa. Como disse no
início, podemos estar perante decisões com as quais não concordamos mas
entendemos porque são tomadas. No entanto, esta última proposta é algo em que
nem se consegue perceber do ponto de vista racional o alcance da medida, até
pelo seu impacto económico e orçamental.
O presidente da União das
Misericórdias alerta para a imperiosa necessidade de que o Governo "respeite
os limites da dignidade humana".
É justamente esta a questão
essencial, o respeito pelos limites da dignidade humana. As pessoas atingidas
por estas medidas vão viver de quê e as pessoas que tomam estas decisões são feitas
de que matéria?
Estamos no fundo.
4 comentários:
Tem toda a razão!
Preferia não ter razão
Esta "gente" que pensa que nos governa precisa mesmo de uma lição. A forma de indignação de todos nós tem que se intensificar mas ao mesmo tempo ser criativa
Muito triste o que se passa em Portugal...
Onde cada vez mais as pessoas deixam de acreditar...
Dá medo pensar...que acabando a esperança....o que nos resta!
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