Ao que refere o Público, alguns deputados socialistas
custearam a colocação de um outdoor onde se lê, “Só falta vendermos as nossas
consciências” no que pretende ser um incentivo à resistência dos deputados do
PSD à aprovação do orçamento de estado que entrará a 15 de Outubro na AR.
Este episódio recorda-me o conhecido aforismo “Diz o roto ao
nu porque não te vestes tu”.
A partidocracia instalada tem o monopólio da participação
cívica, um dos males da nossa democracia, embora comecem a emergir iniciativas
que escapam ao controlo dos partidos e respectivas organizações que no entanto
não desistem de capturar essas iniciativas, manifestação de 15 de Setembro e as
dos últimos dias são bons exemplos.
Um dos lados mais deploráveis deste cenário é justamente o
uso e abuso da chamada disciplina partidária, ou seja, os deputados são eleitos
pelos cidadãos, respondem perante os cidadãos mas o partido é dono das suas
consciências, dos seus valores. É deprimente e patético o comportamento de boa
parte dos deputados que funcionam carregando no botão a mando da liderança da
bancada.
É certo que uma boa parte dos cidadãos eleitores
apenas conhecem, se conhecerem, os primeiros nomes das listas sendo que os
restantes nomes são gente quase desconhecida e que, em muitos casos, por
aparelhismo ou acerto de favores integram as listas em lugares elegíveis.
Continuam durante toda uma legislatura uns ilustres desconhecidos para quem os
elegeu e perante quem são responsáveis.
Neste quadro aparecer um grupo de deputados de um
partido a solicitar que os deputados de outro partido se “revoltem” contra a
disciplina de voto (embora fosse por uma boa causa) só pode ser ingenuidade ou,
mais uma vez, a manha do jogo político-partidário.
É caso para dizer, voltando aos ditos populares, “é
tudo farinha do mesmo saco” e com telhados de vidro.
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