sábado, 13 de outubro de 2012

DIZ O ROTO AO NU ...

Ao que refere o Público, alguns deputados socialistas custearam a colocação de um outdoor onde se lê, “Só falta vendermos as nossas consciências” no que pretende ser um incentivo à resistência dos deputados do PSD à aprovação do orçamento de estado que entrará a 15 de Outubro na AR.
Este episódio recorda-me o conhecido aforismo “Diz o roto ao nu porque não te vestes tu”.
A partidocracia instalada tem o monopólio da participação cívica, um dos males da nossa democracia, embora comecem a emergir iniciativas que escapam ao controlo dos partidos e respectivas organizações que no entanto não desistem de capturar essas iniciativas, manifestação de 15 de Setembro e as dos últimos dias são bons exemplos.
Um dos lados mais deploráveis deste cenário é justamente o uso e abuso da chamada disciplina partidária, ou seja, os deputados são eleitos pelos cidadãos, respondem perante os cidadãos mas o partido é dono das suas consciências, dos seus valores. É deprimente e patético o comportamento de boa parte dos deputados que funcionam carregando no botão a mando da liderança da bancada.
É certo que uma boa parte dos cidadãos eleitores apenas conhecem, se conhecerem, os primeiros nomes das listas sendo que os restantes nomes são gente quase desconhecida e que, em muitos casos, por aparelhismo ou acerto de favores integram as listas em lugares elegíveis. Continuam durante toda uma legislatura uns ilustres desconhecidos para quem os elegeu e perante quem são responsáveis.
Neste quadro aparecer um grupo de deputados de um partido a solicitar que os deputados de outro partido se “revoltem” contra a disciplina de voto (embora fosse por uma boa causa) só pode ser ingenuidade ou, mais uma vez, a manha do jogo político-partidário.
É caso para dizer, voltando aos ditos populares, “é tudo farinha do mesmo saco” e com telhados de vidro.

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