O Público divulgou um trabalho muito interessante e estimulante sobre o mundo dos carteiristas, uma fauna que faz parte de Lisboa e dos pesadelos de alguns turistas e nacionais que lhes passam à beira e lhes aguçam o engenho. É um mundo com o qual estabelecemos uma relação ambígua, achamos curiosa e "profissional" a sua actividade e ficamos possessos e a exigir uma pena pesadíssima quando nos toca a nós.
No entanto, o trabalho do Público está, por assim dizer, amputado, não aborda os carteiristas fiscais que praticam um carteirismo fiscal, bem menos selectivo que os carteiristas de Lisboa, bastante mais rentável e com a enorme vantagem de ser uma actividade legal.
Como algumas vozes clamam e quase todos sentimos, a todo o momento e circunstância, alguém está meter os dedinhos, os "baios" nas nossas carteiras, as "chatas", num verdadeiro assalto legal.
A linguagem deste carteirismo fiscal também diferente e bem menos interessante que a dos pilha galinhas, usa termos como, sacrifícios, défice, austeridade, recuperação, recessão, impostos, restrição orçamental, cortes, despesa, rigor, exigência, troika, etc., etc.
Uma outra diferença é de escala e recursos, o carteirismo fiscal trabalha com modelos bem mais actuais e com recursos bastante mais sofisticados que o artesanal carteirismo de bairro ou transportes públicos. Tudo se transforma e como se sabe as actividades artesanais estão em desaparecimento e a atrair menos pessoas, são pouco rentáveis. O carteirismo fiscal ou de outra natureza mas a uma escala maior é na verdade muito mais rentável permitindo ainda ganhos colaterais, sempre do lado certo da lei e o lado errado da ética e da moral.
Ficou por fazer uma abordadem a este outro lado do carteirismo.
2 comentários:
O post é mais cómico do que sério. Mas, há que descontrair de vez em quando, não é?
Claro, mas na verdade já vou trabalhando mais de meio ano para a administração. O facto de termos o segundo maior aumento de impostos do mundo, um dos mais baixos níveis salariais da Europa também é para descontrair. Pedro, a coisa está brava, não adianta não querermos aceitar, a realidade não é a projecção dos nossos desejos. Nenhum de nós fica contente com isto mas ... é verdade
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