segunda-feira, 23 de julho de 2012

UMA REUNIÃO CONJUNTA É IGUAL A UM CONJUNTO DE REUNIÕES

A coisa é simples de enunciar. Algumas entidades com responsabilidades de representação de vários actores importantes do universo da educação, professores, directores de escola e agrupamento, inspectores, funcionários e pais, pedem uma reunião conjunta com o Ministro Nuno Crato para analisar a complexa situação que se vive no mundo da educação.
O Ministro acede e marca a reunião. Por contacto entre as diversas organizações proponentes do encontro, estas percebem que a reunião conjunta de conjunto tem um par, ou seja, são recebidas à vez pelo MEC pois têm agendadas horas diferentes.
Ao que parece os representantes de pais, professores e directores recusam participar no conjunto de reuniões que substitui a reunião de conjunto.
Não sei, neste momento, como vai acabar o episódio. Parece-me, lamento dizê-lo mais um exemplo da deriva e da manha política de que o MEC vai dando contínuas provas. Parece óbvio que do ponto de vista de gestão política corrente é mais fácil reinar sobre a divisão. Tal procedimento, a confirmar-se, vai também no sentido da procura e estabelecimento de amplo diálogos e consensos que o MEC sempre afirma existirem quando, na verdade, as decisões são unilaterais, à revelia da auscultação dos intervenientes. Recordo, como exemplos, a constituição dos agrupamentos e mega-agrupamentos e o desenvolvimento daquilo a que o MEC chama reforma curricular.
Neste episodio em particular, a reunião solicitada pelas Confederações representativas dos pais e encarregados de educação, dos sindicatos de professores e das associações de directores pode ser considerada, provavelmente, uma questão de matemática, mais precisamente no âmbito da teoria dos conjuntos, ou seja, no entendimento de Nuno Crato, um especialista, um conjunto de N é igual a N conjuntos de dois elementos.
Transformar uma reunião conjunta num conjunto de reuniões é mais uma decisão genial, rigorosa, defensora da excelência e da qualidade.
Nota - De facto, não se realizou a reunião conjunta solicitada, as entidades que a solicitaram não aceitaram encontros isolados. Esta situação configura algo que se começa a instalar, uma espécie de "frentismo" que parece esbater a habitual e natural conflitualidade de interesses entre os diferentes actores representados. É com alguma curiosidade que aguardo os desenvolvimentos e a consistência desta "unidade", que só uma política educativa com decisões insustentáveis e incompetentes parece promover e sustentar.

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