Bom, cá temos então o resultado dos exames nacionais. Em
síntese, no 6º ano temos médias de 53% em Língua Portuguesa e Matemática, no 9º
ano 59% a Língua Portuguesa e 54% a Matemática e no Secundário, médias
negativas às disciplinas mais concorridas, Português, Biologia e Geologia,
Física e Química A e Matemática A. Os resultados são globalmente piores que no
ano de 2011. Algumas notas breves.
Não me parece particularmente relevante o valor próprio dos
resultados a não a ser a indicação geral de que, mesmo quando positivas, as
médias são baixas e, naturalmente, o registo das médias negativas no
Secundário. Afirmo esta “menorização” dos resultados porque de há muito os
exames funcionam como arma de gestão política do sistema o que, do meu ponto de
vista, relativizam os seus resultados, sejam eles melhor ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em torno do
que fazemos com os resultados dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente,
é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e
aprendizagem prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este entendimento não é
tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC – Política Educativa
em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos processos de
ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de
exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios
educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do número de
alunos por turma no Secundário, até 30 alunos, possa contribuir para melhorar
resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o
número máximo será facilmente atingido.
Também me parece difícil entender que na fórmula de cálculo
de crédito de horas das escolas para,
por exemplo, actividades de apoio extra curricular apoio, um dos factores seja
justamente as notas dos respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma
perversa forma de ter mais apoios para os melhores e menos apoios para os que
experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes que já se
verificam e esperam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e
ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e
professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados continue
sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos mesmos ou
no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos aspectos
fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem
que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências traduzidas em
exames.
3 comentários:
Sou mesmo ingénua. Quando mencionou que o resultado dos exames seria uma métrica para o crédito para actividades de apoio extra curricular para cada escola imaginei que claro, escolas com maus resultados teriam crédito maior.
Afinal é ao contrário.
De facto:
1) parece difícil que aumentar o número de alunos por turma seja uma medida favorável à melhoria dos resultados (mas permite uma poupança de uns milhares de euros);
2) ena pá, menos apoio para quem tem mais dificuldades... humm, cheira-me a que com isto também se vão poupar umas massas valentes;
3) cortes de recursos docentes (também me anda aqui a parecer que não se trata de uma medida economicamente inocente... Mas devo ser eu que tenho manias-de-conspiração)
Esta conjuntura toda está a lembrar-me a questão das omeletes sem ovos... Continua a pedir-se aos professores que se desdobrem em novas formas de inventar os ovos que não vão ter e com eles façam nobres e belas omeletes (com os tais ovos imaginários). Fica no ar um não sei quê de esquizoide...
Por falar nisso, e que dizer da redução do horário nas disciplinas opção no 12º (como a Psicologia, por exemplo)??!
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