segunda-feira, 9 de julho de 2012

E AGORA? QUE FAZER COM O RESULTADO DOS EXAMES?

Bom, cá temos então o resultado dos exames nacionais. Em síntese, no 6º ano temos médias de 53% em Língua Portuguesa e Matemática, no 9º ano 59% a Língua Portuguesa e 54% a Matemática e no Secundário, médias negativas às disciplinas mais concorridas, Português, Biologia e Geologia, Física e Química A e Matemática A. Os resultados são globalmente piores que no ano de 2011. Algumas notas breves.
Não me parece particularmente relevante o valor próprio dos resultados a não a ser a indicação geral de que, mesmo quando positivas, as médias são baixas e, naturalmente, o registo das médias negativas no Secundário. Afirmo esta “menorização” dos resultados porque de há muito os exames funcionam como arma de gestão política do sistema o que, do meu ponto de vista, relativizam os seus resultados, sejam eles melhor ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em torno do que fazemos com os resultados dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC – Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do número de alunos por turma no Secundário, até 30 alunos, possa contribuir para melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo será facilmente atingido.
Também me parece difícil entender que na fórmula de cálculo de crédito de horas das escolas  para, por exemplo, actividades de apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes que já se verificam e esperam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências traduzidas em exames.

3 comentários:

Unknown disse...

Sou mesmo ingénua. Quando mencionou que o resultado dos exames seria uma métrica para o crédito para actividades de apoio extra curricular para cada escola imaginei que claro, escolas com maus resultados teriam crédito maior.

Afinal é ao contrário.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

De facto:
1) parece difícil que aumentar o número de alunos por turma seja uma medida favorável à melhoria dos resultados (mas permite uma poupança de uns milhares de euros);
2) ena pá, menos apoio para quem tem mais dificuldades... humm, cheira-me a que com isto também se vão poupar umas massas valentes;
3) cortes de recursos docentes (também me anda aqui a parecer que não se trata de uma medida economicamente inocente... Mas devo ser eu que tenho manias-de-conspiração)

Esta conjuntura toda está a lembrar-me a questão das omeletes sem ovos... Continua a pedir-se aos professores que se desdobrem em novas formas de inventar os ovos que não vão ter e com eles façam nobres e belas omeletes (com os tais ovos imaginários). Fica no ar um não sei quê de esquizoide...

Por falar nisso, e que dizer da redução do horário nas disciplinas opção no 12º (como a Psicologia, por exemplo)??!