"Crato garantiu que os
docentes com horário zero poderão ser retirados do concurso de mobilidade para
desenvolverem actividades de apoio ao sucesso educativo, que contarão como
componente lectiva", lê-se no Público. Apesar do processo instável que se desenvolve nas
escolas de "atribuição" de horários zero aos professores "excedentes",
com custos elevados para o clima de escola, variável importante na qualidade da
educação, creio que a utilização de docentes, já no sistema, em dispositivos de
apoio ao trabalho de alunos e colegas vai ao encontro de algo que aqui tenho
defendido.
No entanto, o processo que nesta
matéria tem vindo a ser seguido parece-me à deriva e reactivo, ou seja, o tiro vai sendo corrigido
à medida que as vozes se levantam e são cada vez mais. Recordo que há algumas
semanas o Ministro referiu na AR o previsível aumento de professores sem
trabalho que, na altura, ainda não seria possível quantificar.
Hoje, o Secretário de Estado afirma
que, “Todos estes docentes (os colocados em horário zero) terão funções e nos
grupos mais requisitados haverá a possibilidade de ir buscar contratados”. O
Ministro também garantiu: “Todos os professores são necessários para o sucesso
escolar dos nossos alunos”.
Como já afirmei recorrentemente, as
necessidades de docentes constituem uma matéria complexa que não deriva só da
demografia escolar, aliás em baixa, existem múltiplas variáveis incluindo as de
natureza contextual que influenciam a definição de necessidades. Por outro
lado, foram tomadas várias medidas que, do meu ponto de vista, são uma ameaça à
qualidade, aumento do número de alunos por turma e mega-agruamentos bem como
algumas mudanças em termos de organização curricular e que no seu conjunto irão
produzir "professores a mais".
Não compreendo como é que a
equipa ministerial aparece agora a garantir que "todos os professores são
necessários" e "todos terão funções".
Gostava de acreditar mas ... a
manha política parece aprender-se depressa, com ou sem processos de
equivalência, eles próprios manhosos.
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