Devo dizer que fiquei preocupado. A que parece,
devido a dificuldades orçamentais, também conhecidas por “cortes”, a ASAE confirmou
que a Direcção-geral de Veterinária deixou de pedir amostras para controlar a
qualidade dos alimentos antes de chegarem ao consumidor.
Como é habitual, os responsáveis afirmam que a
segurança do consumidor não está ameaçada. Este tipo de discursos é estranho
porque se sem o controlo a nossa segurança não fica ameaçada, então como e para
quê, se faz o controlo.
De qualquer forma a minha maior preocupação, para
além de eventuais riscos associados à diminuição real dos dispositivos controlo
na segurança alimentar é as consequências trágicas que pode ter noutras áreas
eventuais “cortes” na acção da ASAE.
Nos últimos anos, as economias de muitos países
têm sofrido um ataque pesadíssimo através das práticas de contrafacção que
envolvem muitos bilhões de euros em muitíssimas áreas, incluindo os fármacos.
Em Portugal temos também, como não podia deixar
de ser, um florescente mercado de produtos contrafeitos que, através das
populares "feiras" ou da mais sofisticada net, disponibilizam tudo o
que se pretender, de qualquer marca, perdão "griffe". Ainda há pouco
tempo me ofereceram com insistência uns óculos Armani, mesmo Armani, por 5€
que, obviamente, recusei, eram caríssimos apesar da excelência da qualidade.
As organizações de defesa do consumidor, em
particular a DECO, bem como a ASAE têm-se destacado na forma como, em acções,
algumas com forte cobertura mediática, procuram combater a contrafacção em
diversas áreas, sempre no supremo interesse da “defesa do consumidor”.
Assumindo, como qualquer de nós, esta condição de consumidor, não posso estar
mais de acordo com esta atitude, embora possa discutir a mediatização e aparato
de que se revestem muitas das acções desenvolvidas, apesar de, reconheça-se,
ter aumentado a discrição.
Nesta perspectiva preocupa-me o abrandamento da
actividade da ASAE até porque têm estado a aumentar nos últimos anos de forma
extremamente preocupante a óbvia presença de produtos de contrafacção na nossa
vida política o que, obviamente, compromete a sua qualidade. Assim, espero que
elementos da classe política, de diferentes quadrantes, que são obviamente
produtos contrafeitos e de uma falta de qualidade ameaçadora, sejam detectados
e recolhidos pela ASAE para que os eleitores, quando procuram “adquirir”,
através do voto, representantes de qualidade certificada e de boas marcas, não
tomem gato por lebre.
Mesmo que sejam licenciados em Ciência Política e
Relações Internacionais e tentem parecer políticos a sério. Não que sejam
sérios, evidentemente.
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