No Público divulgam-se hoje novos dados do
Projecto EU Kids OnLine, coordenado em Portugal pela Professora Cristina Ponte
da Universidade Nova de Lisboa, desenvolvido no âmbito da relação das crianças, adolescentes e pais com as novas tecnologias. Os dados sugerem que uma em cada
cinco crianças e jovens já contactou com conteúdos potencialmente perigosos na
Internet, por exemplo, sites que promovem a anorexia ou que ensinam técnicas de
suicídio.
Refere ainda que 12,3% dos menores entre os 9 e os 16 anos afirmam
que acederam a imagens sexuais em sites, o que inclui 7,2% de jovens na classe
11-16 anos que observaram pessoas a fazer sexo e 1,2% que contactaram com
imagens sexuais violentas.
Por outro lado, Portugal é o país europeu em que
mais pais expressaram preocupações com os riscos online: 65% preocupam-se com
contactos de estranhos e 61% com conteúdos, embora estas não sejam as suas
principais preocupações.
Algumas notas a propósito destes dados.
Um estudo do Instituto de Ciências Sociais da
Universidade de Lisboa, há algum tempo divulgado sobre a utilização da net por
parte de crianças e adolescentes revela que entre os mais novos, dos 8 aos 10
anos, 35.7% afirma que utiliza a net em casa sem regras estabelecidas, sendo
que 42% também refere que não têm controlo dos pais sobre páginas consultadas e
correio electrónico. São também conhecidos estudos que sugerem uma estadia
média diária em frente a um ecrã de cerca de 4h para as crianças portuguesas,
número que sobe ao fim de semana.
Estes dados, apesar de não surpreendentes, são
preocupantes. Muitas vezes já aqui tenho referido como o ecrã, qualquer ecrã, é
hoje a “baby-sitter” de muitíssimas das nossas crianças e adolescentes que
neles, ecrãs, passam um tempo enorme “fechados”, às vezes
"acompanhados" de outros miúdos tão abandonados quanto eles. Como
também sabemos, parte importante desse tempo é passado só, facilitando a falta
de controlo sobre a utilização do ecrã, neste caso a net. A situação é ainda
agravada pelo facto de em muitas das nossas famílias se verificar alguma
iliteracia informática que também complica a possibilidade dos pais aceder e
dominar a utilização dos recursos informáticos. Neste quadro, importa que o acesso
e domínio destes meios seja estimulado juntos dos pais, que os programas de net
segura, sejam reforçados, e que pelas vias da educação a tempo inteiro (não
confundir com escola a tempo inteiro) e de mudanças na organização do trabalho,
se diminua o tempo que as crianças e adolescentes passam, sós, ligados a um
ecrã.
Considerando as implicações e nos sérios riscos
presentes na vida diária, importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda, em
informação e na forma de lidar com os riscos, destinada aos pais para que a
utilização imprescindível seja regulada e protectora da qualidade de vida das
crianças e adolescentes.
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