quarta-feira, 18 de julho de 2012

TRANSPARÊNCIA E QUALIDADE, EXIGE-SE

Tal como noutras áreas, o actual paradigma de gestão política continua em alta, o "corte". Em qualquer área ou sector a decisão é cortar, vai-se vendo o quê, ao sabor da troika.
Hoje a imprensa noticia o resultado do estudo de um grupo de peritos que propõe mais uma onda de cortes, desta vez o encerramento de serviços de urgência hospitalar, nada menos que doze.
Não tenho grandes dúvidas que, tal como na educação, área que conheço melhor, importa racionalizar recursos, porventura reorganizar a rede de serviços. Esta necessária  racionalização não pode, não deve, de forma alguma, comprometer a qualidade da prestação dos serviços e a protecção da qualidade vida dos cidadãos que, com os seus impostos, sustentam esses mesmos serviços e desejam que não exista desperdício mas que o atendimento seja eficaz.
Numa perspectiva de defesa da transparência e bondade das propostas, seria útil que se conhecessem os peritos e as suas ligações institucionais. É sabido como em Portugal a promiscuidade e o tráfico de influências entre a esfera pública e a privada, entre os decisores políticos e o mundo dos negócios privados é algo de estrutural. Relembro, está ainda presente, o alerta ontem lançado por Paulo Morais, da Transparência e Integridade - Associação Cívica, sobre os bastidores dos negócios de privatização da EDP e da REN que, aliás, estão em investigação.
 Os lóbis existentes nos negócios da saúde são demasiado importantes para que não se justifique a exigência de que as propostas dos peritos não sirvam outra agenda que não uma boa gestão dos recursos e equipamentos de modo a assegurar um SNS sustentável e com qualidade. Neste contexto é útil conhecer os peritos e a sua filiação institucional.
Não podemos esquecer que estamos já assistir a uma escalada dos tempos de espera por consultas e cirurgias, à existência progressiva de cidadãos que não compram medicamentos ou recorrem aos serviços de saúde por dificuldades económicas como vários especialistas e organizações têm alertado.

2 comentários:

Anónimo disse...

E que tal ler o relatório? Está no Portal da Saúde ou no site do Ministério da Saúde. O nome dos peritos e as suas filiações (acho que trabalham todos no SNS...) está lá bem chapada.

Zé Morgado disse...

Muito obrigado pela informação, escrevi a partir da notícia da imprensa