segunda-feira, 30 de julho de 2012

NOUTRAS PARAGENS, NOUTRAS ARAGENS

Segundo o Público, mais de 1000 portugueses por mês procuram o futuro, que por aqui lhes parece improvável, por terras da Suíça. Este movimento parece retomar o êxodo de algumas décadas atrás em que também Portugal nos parecia um país sem futuro e um presente triste e fechado.
Várias intervenções de alguns governantes, do meu ponto de vista lamentáveis, têm contribuído para a ideia de que lá por fora se encontrará o que aqui parece inacessível, sobretudo para os mais novos, a possibilidade de um projecto de vida viável, tangível.
No entanto, este movimento contém riscos. De há algum tempo desencadeou-se, não só para a Suíça, a partida de milhares de pessoas ou de famílias para países que desconhecem, com uma língua que desconhecem, muitas vezes envolvidos em processos não devidamente acautelados em matéria de segurança, condições de vida e trabalho, acabando expostos a situações de risco e vulnerabilidade.
Há algum tempo, se bem se recordam, o Sindicato da Construção de Portugal alertava para a existência de "redes mafiosas" que contratam trabalhadores portugueses para trabalho no estrangeiro onde são sujeitos a condições de trabalho que configuram escravatura. Numa altura e que, por razões óbvias aumentam os fluxos de emigração esta questão é importante. Sublinha-se ainda que entre os países referidos no alerta do sindicato se incluem países como Inglaterra ou Holanda.
É também conhecida a recorrente situação de trabalhadores portugueses explorados como escravos em trabalho agrícola realizado em Espanha.
A exploração e o tráfico de pessoas, um dos mais florescentes e rentáveis negócios em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas assimetrias na distribuição da riqueza.
As circunstâncias que atravessamos potenciam o risco e a vulnerabilidade, aliás, há poucos dias referia-se na imprensa o aumento da prostituição envolvendo mulheres em extrema dificuldade para assegurar meios de subsistência familiar.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como bem, a sua própria pessoa e o mercado aproveita tudo, por isso, compra e vende as pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade, e as necessidades de "consumo" exigirem.

2 comentários:

Anónimo disse...

curta-metragem relacionada com a exploração das pessoas --> http://www.youtube.com/watch?v=Bu4SkIbZ8Tw

Zé Morgado disse...

Obrigado