Felizmente a questão do Acordo Ortográfico permanece viva e enquanto assim
for continuarei a afirmar a minha discordância.
Hoje no Público refere-se a iniciativa de um
professor da Faculdade de Direito de Lisboa de apresentar na Provedoria de
Justiça uma queixa no sentido de levar a Assembleia da República a aprovar a desvinculação
do Estado Português do Acordo Ortográfico por razões de inconstitucionalidade
que, de acordo com o proponente, são óbvias na aprovação do Acordo.
Esta iniciativa é apenas mais uma, conhecida
publicamente, no sentido de tentar colocar em causa, e bem do meu ponto de
vista, a aplicação do Acordo Ortográfico.
Neste quadro, enquanto a questão não estiver
definitivamente encerrada retomo, e retomarei, a minha breve e não técnica
reflexão sobre o que me parece estar em causa e expresso teimosamente o meu
profundo desacordo com o Acordo. Embora já o tenha feito várias vezes, entendo
que a defesa da Língua Portuguesa, nas suas várias e importantes variações, o
justifica.
Do que tenho lido e ouvido, nada me tem
convencido da sua bondade ou necessidade. Entendo que as línguas são estruturas
vivas, em mutação e isso é importante. Neste cenário, é clara a necessidade de
ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou mudanças na grafia
de outras o que não me parece sustentação suficiente para o que o Acordo
Ortográfico estabelece como norma. Já estou cansado do argumento da “pharmácia”
quando se pode verificar que em todos os países, e são muitos, em que o termo tem
a mesma raiz, a grafia é com “ph” e nada de muito grave acontece. A introdução
ou mudança na grafia tem acontecido em todas as latitudes e não tem sido
necessário um Acordo com os conteúdos bizarros, alguns, que este contém.
Por outro lado, a grande razão, a afirmação da
língua portuguesa no mundo, também não me convence pois não me parece que o
inglês e o castelhano que têm algumas diferenças ortográficas nos diferentes
países em que são língua oficial, experimentem particulares dificuldades na sua
afirmação, seja lá isso o que for. De facto não tenho conhecimento da
perturbação e do drama com origem nas diferenças entre o inglês escrito e
falado na Inglaterra e nos Estados Unidos, mas isto dever-se-á, certamente, a
ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas comunidades anglófonas. O
mesmo se passa entre a comunidade dos países com o castelhano como língua
oficial.
Por outro lado, a opinião dos especialistas não é
consensual, longe disso, temos regularmente exemplos disso mesmo, e eu sou dos
que entendem que em todas as matérias é importante conhecer a opinião de quem
sabe. Aliás, é interessante analisar a natureza da argumentação dos
especialistas favoráveis ao Acordo. Alguma vezes assenta, sobretudo, no porque
sim, porque é novo. É pobre.
Neste quadro e como sou teimoso vou continuar a
escrever em desacordo até que o teclado me corrija. Nessa altura desinstalo o
corrector que venha com o acordo e vou correr o risco de regressar à primária,
ou seja, ver os meus textos com riscos vermelhos por baixo de algumas palavras,
os erros.
Não é grave, errar é humano.
No entanto, como toda gente, não gosto de errar,
pelo que preferia continuar a escrever desacordadamente.
4 comentários:
Projecto Natura: uma fonte de dicionários pré-AO para várias aplicações informáticas
gratuitas (OpenOffice, LibreOffice, Firefox, Thunderbird, ...).
http://natura.di.uminho.pt/wiki/doku.php?id=dicionarios:main
Para quem tem o Microsoft Office (2007 ou 2010) com as definições linguísticas sem o
acordo ortográfico. Executar o ficheiro retirarado da ligação abaixo. Este vai extrair
alguns ficheiros para uma pasta designada. De seguida executar PTReform.exe (PTReform) e
escolher a opção "Ortografia pré-reforma". Podem alternar os modos sempre que desejarem
pelo mesmo processo.
No caso do Office 2011 no MacOSX, ir ao menu WORD - PREFERENCES - SPELLING AND GRAMMAR e
seleccionar o pretendidio em "PORTUGUESE MODES".
http://www.microsoft.com/pt-pt/download/details.aspx?id=5378
Bastará ler este texto apra compreender como é ridículo o último (des)Acordo Ortográfico...
Convido os caros leitores a pesquisar usando um buscador (como o Google) o que segue, incluindo as aspas "Em Nome do (Des)acordo Ortográfico".
E... Já agora, se me permitem este peuqeno abuso, desafio-vos a pesquisar (usando um buscador como o Google) o que segue, incluindo também as aspas: "Camões Assinaria o Acordo Ortográfico?".
Enviar um comentário