segunda-feira, 2 de julho de 2012

O EQUÍVOCO DOS PROFESSORES "A MAIS"

Ao que se lê no Público, o MEC exigiu aos Directores de escola e agrupamento que indiquem os professores de que cada escola necessitará para o próximo ano e dos que ficarão sem trabalho lectivo, os chamados "horário zero".
Acontece que, segundo as Associações representativas de dirigentes e directores, o pedido é prematuro pois "está a ser feito antes de serem conhecidos os resultados dos exames nacionais e das matrículas e num quadro de inúmeras alterações, entre as quais as decorrentes da reestruturação dos currículos”.
Ainda de acordo com os dirigentes associativos, o pedido do MEC contempla a ameaça de responsabilização do directores pelas consequências que possam decorrer para os professores no âmbito dos concursos que deverão ser realizados. Tais circunstâncias, a impossibilidade de nesta altura responder ajustadamente sobre necessidades e a ameaça de responsabilização, levarão a que coloquem em horário zero professores que virão a ser necessários pois assim estes podem apresentar-se a concurso. Muitos destes professores estarão nas escolas há muitos anos e verão ruir a estabilidade da sua relação com a profissão.
Mais um bom exemplo do clima de normalidade e tranquilidade com que está a ser preparado o próximo ano lectivo.
Tal como já aqui tenho escrito, entendo que as necessidades de docente do sistema educativo é uma questão complexa e com múltiplas variáveis. De entre essas variáveis destacam-se algumas das  consequências da PEC - Política Educativa em Curso, designadamente a criação dos insustentáveis mega-agrupamentos e o aumento de alunos por turma que, não servindo a qualidade da educação, reduzirá o número de lugares de docentes.
Este quadro promove, naturalmente, um problema de absorção de muitos docentes, já no sistema, e que correm o risco de passar a horários zero, bem como na estabilização dos que se mantêm contratados durante anos por conta das eternas necessidades transitórias.
O Ministro referiu há tempos referiu na AR o previsível aumento de professores sem trabalho que ainda não seria possível quantificar Hoje estará pedir estes dados sem que se conheçam as necessidades as escolas.
Conhecendo os territórios educativos do nosso país, julgo que faria sentido que os recursos que já estão no sistema, pelo menos esses e incluindo os contratados com muitos anos de experiência, fossem aproveitados em trabalho de parceria pedagógica, que se permitisse a existência em escolas mais problemáticas de menos alunos por turma ou ainda que se utilizassem em dispositivos de apoio a alunos em dificuldades.
Os estudos e as boas práticas mostram que a presença de dois professores na sala de aula são um excelente contributo para o sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de comportamento bem como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos alunos.
Sendo exactamente estes os dois problemas que afectam os nossos alunos, talvez o investimento resultante da presença de dois docentes ou de mais apoios aos alunos, compense os custos posteriores com o insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas as consequências conhecidas.
É só fazer contas. E nisso o Ministro Nuno Crato é especialista.

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