"Que se lixem as eleições o
que importa é Portugal". Esta frase foi proferida ontem por Passos Coelho
num jantar com deputados e faz as manchetes da imprensa.
Também acho interessante e devo
dizer que me surpreendeu um pouco, pois o ar "certinho" de Passos Coelho não
parece compatível com a "vulgaridade" da expressão. Creio, no
entanto, que os homens que aconselham a "comunicação e imagem" do Primeiro-ministro andaram bem, a mensagem é
clara e ao gosto do povo, embora o povo ande em desgosto.
A questão é que nada do que se
tem passado em Portugal nas últimas décadas de prática política e na gestão do
poder político, autoriza que se acredite que essa gestão não obedeça aos ciclos
eleitorais e à luta pelo poder político que, naturalmente, se conquista através
de eleições. Donde, a afirmação de Passo Coelho não passa de retórica popularucha
porque, se o PSD, como qualquer partido do chamado arco do poder, tem uma visão
para Portugal, só a pode "praticar" ganhando eleições pelo que afirmar
e impor um caminho que de forma clara e antecipada faça correr de forma muito
séria o risco de perder eleições, seria uma espécie de suicídio político que,
obviamente, nenhum líder partidário, muito menos estando no poder, conscientemente,
aceita assumir. Ficam os títulos e a aproximação ao discurso do povo.
De qualquer forma em termos de
mensagem política de índole mais popular e considerando os últimos tempos,
seria mais apelativo algo como, "Que se lixe a troika e o negócio que nos
impôs", "Pagamos, mas pagamos conforme podemos", "Que se
lixem os mercados que andam nervosos,
primeiro as pessoas", "Que se lixem as agências de rating que
nos colocam no lixo", etc.
O efeito era o mesmo e também
soava bem.
2 comentários:
Primeiro as pessoas?
Foi devido à maioria das pessoas (votantes) que chegamos ao buraco onde estamos hoje. Agora todos pagam o preço.
Quer tirem o país da bancarrota ou não, eles já sabem que não voltam a ser eleitos pois o povo tem memória curta e o PS dá música para os ouvidos.
Apoiado.
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