Como vos disse, estamos a sentir o privilégio de gozar largos
momentos de paraíso na Ilha das Flores.
Para hoje, estabelecemos como programa andar no paraíso, ou
seja, arranjar uma boleia até ao Farol de Ponta Delgada, lá para a ponta das
Flores, e voltar por um trilho com 12 kms que corre pelo alto da ilha e depois
vem pela falésia até à Fajã Grande.
Coisa linda de morrer, duas vezes, da lindeza e do cansaço.
O trilho, nas mais das vezes sobe, muito, ou desce, muito, cercado pelos muros
de hortênsias, atravessando algumas ribeiras e sempre com uma vista absolutamente
notável para a ilha do Corvo e para a costa das Flores e os seus ilhéus.
Na parte mais dura, vai descendo pela falésia com algum
sobressalto pela estreiteza e pela altura que impressiona até lá em baixo,
muito em baixo onde está o mar de uma azul que parece resultar de efeitos
especiais.
Para ajudar, o caminho, apresenta com frequência uma
inclinação que só a ajuda dos bastões de marcha evita que se experimente a
dureza das pedras que o compõem.
Tem ainda uma outra característica, vai passando por
sucessivas quedas de água que além de nos refrescarem, tornam o piso muito
escorregadio levando a que a progressão seja lenta. É certo que se fica com
mais tempo para apreciar a paisagem mas com mil cuidados, para que não nos
estatelemos nela. Nós não ficaríamos bem e a paisagem também não.
Em algumas partes, a paisagem esconde-se, caminhamos por
túneis de vegetação o que, ajudando a encobrir a altura da falésia, redobra o
prazer de voltar a ver o mar numa curva seguinte.
Três horas e meia depois, a Fajã Grande estava para nos
receber com um belo banho de mar, retemperador, que nos permitia estar dentro
da água a olhar para a falésia e a pensar como cansa andar, mesmo no paraíso.
O dia acabou como sempre têm acabado estes dias do paraíso,
jantar no bar do Jorge, excelente cozinheiro, a assistir ao pôr do Sol.
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