segunda-feira, 30 de julho de 2012

ANDAR NO PARAÍSO

Como vos disse, estamos a sentir o privilégio de gozar largos momentos de paraíso na Ilha das Flores.
Para hoje, estabelecemos como programa andar no paraíso, ou seja, arranjar uma boleia até ao Farol de Ponta Delgada, lá para a ponta das Flores, e voltar por um trilho com 12 kms que corre pelo alto da ilha e depois vem pela falésia até à Fajã Grande.
Coisa linda de morrer, duas vezes, da lindeza e do cansaço. O trilho, nas mais das vezes sobe, muito, ou desce, muito, cercado pelos muros de hortênsias, atravessando algumas ribeiras e sempre com uma vista absolutamente notável para a ilha do Corvo e para a costa das Flores e os seus ilhéus.
Na parte mais dura, vai descendo pela falésia com algum sobressalto pela estreiteza e pela altura que impressiona até lá em baixo, muito em baixo onde está o mar de uma azul que parece resultar de efeitos especiais.
Para ajudar, o caminho, apresenta com frequência uma inclinação que só a ajuda dos bastões de marcha evita que se experimente a dureza das pedras que o compõem.
Tem ainda uma outra característica, vai passando por sucessivas quedas de água que além de nos refrescarem, tornam o piso muito escorregadio levando a que a progressão seja lenta. É certo que se fica com mais tempo para apreciar a paisagem mas com mil cuidados, para que não nos estatelemos nela. Nós não ficaríamos bem e a paisagem também não.
Em algumas partes, a paisagem esconde-se, caminhamos por túneis de vegetação o que, ajudando a encobrir a altura da falésia, redobra o prazer de voltar a ver o mar numa curva seguinte.
Três horas e meia depois, a Fajã Grande estava para nos receber com um belo banho de mar, retemperador, que nos permitia estar dentro da água a olhar para a falésia e a pensar como cansa andar, mesmo no paraíso.
O dia acabou como sempre têm acabado estes dias do paraíso, jantar no bar do Jorge, excelente cozinheiro, a assistir ao pôr do Sol.

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