Este fim de semana que se
aproxima rapidamente da semana, por assim dizer, decorreu sob o signo da
oliveira no Meu Alentejo. Parece estranho mas eu explico.
Dado que ainda estava a usar da
colheita da produção do ano passado, só ontem fui ao lagar buscar o azeite
que era devido pela quantidade de azeitona entregue em Novembro. O azeite deste ano é
de boa qualidade mas não excelente.
O pagamento desta época foi de 6%, ou seja, por cada 100 quilos de azeitona recebi 6 litros de azeitona. Devo dizer que 100 quilos de azeitona ainda dão um pedaço de trabalho a colher, a nós, da casa, e ao Mestre Marrafa pelo que pouco mais que um garrafanito é pouca paga para tanta luta. Presumo que isto também se deva a essa coisa que inventaram chamada "Mercados". Mas enfim, nem eu nem o Mestre Marrafa somos homens de gostar de ver a azeitona ficar nas árvores e lá andamos, como ele diz, de posse delas, é assim uma "cegueira", gostamos e fazemos.
O pagamento desta época foi de 6%, ou seja, por cada 100 quilos de azeitona recebi 6 litros de azeitona. Devo dizer que 100 quilos de azeitona ainda dão um pedaço de trabalho a colher, a nós, da casa, e ao Mestre Marrafa pelo que pouco mais que um garrafanito é pouca paga para tanta luta. Presumo que isto também se deva a essa coisa que inventaram chamada "Mercados". Mas enfim, nem eu nem o Mestre Marrafa somos homens de gostar de ver a azeitona ficar nas árvores e lá andamos, como ele diz, de posse delas, é assim uma "cegueira", gostamos e fazemos.
Para além disto, gastei o tempo a
arrumar no casão a lenha já traçada para que já não venha a molhar-se e chegue
para o aquecimento da salamandra e da lareira durante o próximo Inverno. A mais
grada teve de ser rachada com marreta e cunhas, um exercício de aquecimento que
o tempo quente dispensava, mas vida de formiga tem disto, guarda e prepara a
lenha no Verão e goza o quentinho no Inverno.
Na verdade, sempre que olho para
as oliveiras, árvores que considero das mais bonitas, especialmente aquelas com
muitos séculos, dos tempos em que os mercados eram uma feira e não uns deuses, que
já levam um tronco que dois homens não abraçam, admiro a sua generosidade.
Começam por dar as azeitonas que
se comem em três variantes, pisadas, retalhadas e de conserva, qual delas a mais
saborosa, este ano ficaram que não vos conto. Ainda estivemos no lagar a
discutir com o responsável a arte das temperar, mas nós também temos os segredos, aprendemos com o Mestre Marrafa. Depois
dão o azeite, a alma do comer bom, e como tem alma o azeite do Meu Alentejo.
Para além da azeitona e do azeite,
a oliveira ainda é a mais calorosa das árvores, sempre a aquecer-nos.
Aquece-nos quando maldosamente lhe batemos, varejamos, para nos dar a azeitona,
aquece-nos quando a limpamos de pés de burro e cortamos os ramos e troncos para
assegurar a sua renovação, aquece-nos quando rachamos e arrumamos a lenha que
nos deu e, finalmente, ainda nos aquece quando nas noites longas e frias do Inverno
arde no lume de chão ou na salamandra.
Como bondade final, esta generosa
capacidade de dar vive numa escala incomensurável para nós, dura séculos.
São tão bonitas e generosas as
oliveiras.
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