sexta-feira, 8 de junho de 2012

PORTUGAL DOS PEQUENINOS

No passado dia 3 escrevi:
Várias vezes aqui me tenho referido às dificuldades porque passam muitas crianças, incluindo as de natureza alimentar, como as escolas e as instituições de apoio social bem conhecem.
O MEC decidiu que as escolas providenciassem pequeno-almoço a crianças carenciadas e para isso anuncia um dispositivo e calendário sem se assegurar da operacionalização da entrega, designadamente, a questão do transporte, da responsabilidade das autarquias que souberam há poucos dias, sem trabalho de preparação, que deveriam proceder não sabendo exactamente a quê, como referem os representantes da Associação de Municípios.
Por outro lado, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, e Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, afirmam que depois de vários contactos tentados, não conhecem qualquer escola que fosse informada sobre a entrega do pequeno-almoço a alunos seus durante esta semana. Acresce que estamos no fim do ano lectivo com alunos a entrar em férias dentro de dias, não se percebendo com clareza o calendário da medida embora, como é óbvio, o apoio seja necessário mas num processo organizado, planeado e eficaz.
Este episódio, como outros, desenvolve-se, ao que parece, na linha do que se passou com o deplorável processo dos mega-agrupamentos que, de acordo com o MEC, "ocorreu através de um amplo diálogo em que a maioria dos intervenientes manifestou o seu acordo” quando são conhecidas profundas divergência e muitíssimas situações onde o processo foi imposto contra a opinião dos estabelecimentos de ensino e de outros envolvidos.
O Ministro Nuno Crato, homem inteligente, aprendeu depressa as manhas do discurso político, tudo está a correr bem, tranquilamente e conforme planificado. As decisões, sempre correctas, quando não geniais, foram tomadas com base num amplo diálogo e concordância genérica e tranquila, o que a realidade desmente.
Mas é assim no Portugal dos Pequeninos, a realidade está enganada, o Ministro é que está certo. A deriva política a que nos habituámos de há décadas na educação, continua.”
Curiosamente, segundo o Público, o MEC informa hoje que já chegam pequenos-almoços a dezenas de escolas, apesar de não especificar quais. Ainda segundo o jornal, alguns directores de escola não têm informação, a Associação de Municípios não recebeu o protocolo da operação e um director aguarda instruções da Direcção-regional respectiva, para ir no seu carro buscar alimentos a uma grande superfície comercial da sua zona, o que é notável.
Talvez seja ainda de recordar que muitos alunos entram hoje de férias e os restantes no próximo dia 15.
O Portugal dos Pequeninos ao seu melhor, em modo MEC.

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