No Calendário Escolar definido pelo MEC consta a
possibilidade de que alunos do 4º ano em risco de insucesso prolonguem as
suas aulas por três semanas, no que o MEC chama de “acompanhamento extraordinário”,
ou seja, os alunos com aproveitamento acabam o trabalho e os “preguiçosos” e “calaceiros”
ficam de castigo mais três semaninhas. Parece-me pouco, de pequeno é que se
aprende a ter produtividade, a fazer pela vida, de modo que deveriam não ter
férias e ir trabalhar prestando serviços à comunidade, é o que essa malandragem
merecia.
A medida que certamente merecerá o aplauso de muitos, é
populista, vende bem e é coerente com o ideário do Ministro Crato, quando os
miúdos não funcionam, castigam-se, ou eles ou os pais. Também é verdade que não
merecerá a concordância de alguns, é o meu caso.
Muitas vezes tenho afirmado que às dificuldades dos miúdos,
para além da óbvia necessidade de trabalho, é fundamental o apoio, a alunos e a
professores. Não basta mais trabalho, mais do mesmo, para que as coisas
funcionem bem.
Assim, quando se detectam dificuldades nos miúdos deveriam
ser mobilizados recursos de apoio quer a alunos quer a professores, podendo até
implicar para o aluno trabalho acrescido mas, dentro do calendário de todos os
outros, ou seja, ao longo do ano.
Esperar que o ano acabe, identificar situações de risco e
castigar os alunos com mais três semanas de aula é, obviamente mais barato, os
professores já não têm os outros alunos e ensinam os “calaceiros”, sendo, portanto, uma
notável jogada de manha política, o Ministro Crato aprendeu
depressa. Poupa recursos nos apoios educativos que deveriam ser prestados
durante o ano e castiga os preguiçosos, algo sempre bem visto.
A escola pode conter castigos mas a escola não pode ser um
castigo. Alguns acham que sim, para os filhos dos outros.
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