Como era previsível o mega-piquenique é um mega-sucesso.
Apesar da realização de mais um mega-piquenique do Continente em Lisboa, desta
vez no Terreiro do Paço, ter causado algumas inquietações a parte dos
vereadores, "Encher o Terreiro do Paço com couves, porcos, vacas e outros
animais não é digno", disseram uns, a "Câmara de Lisboa não se deve
associar a operações de marketing alugando o Terreiro do Paço ao
Continente", disseram outros, a adesão popular ao “campo e ao mar em
Lisboa” estavam condenados ao sucesso traduzido na afluência de povo descobrir
o campo, a lavoura, como diria o Dr. Paulo Portas.
Compreendo e partilho das preocupações dos
vereadores sobre a dignidade do Terreiro do Paço e as decisões da Câmara de
Lisboa que gostava, aliás, de ver estendida, a outras matérias da vida de
Lisboa, mas a questão é outra.
Quando as televisões mostram, tal como nas outras
edições do megapiquenique, a "participação popular", genuína e
empenhada, com muitos milhares de pessoas "felizes" com o dia de
festa que lhes foi proporcionado, ainda que pelo Continente, numa operação de
marketing, quando nos directos televisivos com entrevistas notáveis "a
esta senhora", ou a "este casal com as crianças" já se ouvem palavras de felicidade e contentamento que ajudam a espairecer os
tempos difíceis que se vivem, percebe-se porque se realiza o mega-piquenique.
Importa ainda não esquecer, a cereja no topo do
bolo, que o evento tem como ponto alto um concerto de Tony Carreira que, só por
si, arrasta multidões que hoje terão o seu ídolo de borla, de borla, repito. O campo
e o mar no Terreiro do Paço, um concerto grátis de Tony Carreira depois de uma vitória
fantástica da selecção de futebol, apesar das birras do miúdo Rónaldo, que mais se
pode desejar?
Pois é senhores vereadores do contra e outras
pessoas que, por inconfessáveis interesses, não simpatizam com a iniciativa, já
que o pão está em crise, que não nos falte o circo, isso não. Bem-haja António
Costa, bem-haja Belmiro de Azevedo.
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