Sem surpresa, constatou-se a descida dos
resultados nas provas de aferição em Português e Matemática no 4º ano e conforme esperado nos testes intermédios. No
último ano em que se realizaram, no próximo ano lectivo serão substituídas
por exames nacionais, os resultados baixaram relativamente a 2011. Em
Matemática a descida foi de 68.3% para 53.9% e em Português de 69.3% para 67.3%.
O número de alunos com nota negativa aumentou nas duas áreas, sendo que em
Matemática foi mais significativo atingindo quase metade dos alunos, 43%.
A análise destes resultados, como é habitual,
partirá da apreciação sobre o nível de exigência das provas, da sua adequação face
à deriva das mudanças nos programas e será, também como de costume, contaminada
pela agenda política.
A minha questão, para além do registo preocupado
com estes resultados prende-se com que nos espera.
A função essencial das provas de aferição seria a
obtenção de uma avaliação sobre a eficácia e a coesão das aprendizagens dos
alunos e do trabalho de escolas e professores, esperando-se que da sua análise
decorressem dispositivos de mudança e progresso.
Esta função não é integralmente cumprida pelos
exames nacionais, obrigatórios e com impacto no trajecto dos alunos que
substituirão as provas de aferição, como, aliás, já tenho aqui referido.
Creio que é consensual a importância das competências
e conhecimentos dos alunos em Português e Educação Matemática como duas
ferramentas essenciais no acesso ao conhecimento, todo o conhecimento, sobretudo
nos primeiros anos de aprendizagem.
Apesar de algumas mudanças de natureza curricular
não me parece que estas tenham impacto significativo. Defendo de há muito um
primeiro ciclo com seis anos e uma reorganização de conteúdos para estes
primeiros anos de escolaridade obrigatória em que o Português e a Educação
Matemática devem ocupar um lugar importante. Apesar de algumas iniciativas,
recordo o Plano Nacional de Leitura ou o Plano de Acção para Matemática, os resultados continuam preocupantes.
Acresce que a PEC - Política Educativa em Curso
tem vindo a tomar algumas medidas que, do meu ponto de vista, serão parte do
problema, não promovem a qualidade da educação e os resultados escolares.
O número de alunos por turma aumenta no 1º ciclo
para 26 alunos. Apenas os burocratas da 5 de Outubro acreditam que turmas de 26
alunos, heterogéneas como nunca foram, de uma escola pública qualquer, são
facilitadoras do sucesso de alunos e professores.
Os alunos vão concentrar-se em estabelecimentos e
agrupamentos com proporções inibidoras de um clima e funcionamento mais favoráveis
ao sucesso e à qualidade. Apenas os burocratas da 5 de Outubro acreditam que
este movimento é positivo.
As escolas e agrupamentos sentem a maior das
dificuldades, devido aos "cortes" nos recursos, em estruturar
dispositivos de apoio eficazes e oportunos a alunos e professores. Aliás,
curiosamente, o novo modelo de organização das escolas institui exactamente como
um critério para maior disponibilidade de horas, por exemplo para apoios, os
resultados escolares, ou seja, as que mais precisam menos terão. Só os
burocratas da 5 de Outubro acreditam na bondade deste entendimento.
Aguardo as apreciações e reacções a estes resultados
mas, na verdade, espero estar enganado, o futuro não parece animador. A substituição das provas de aferição pelos
exames não vai ser a poção mágica, só os burocratas da 5 de Outubro acreditam
nisso.
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