Era uma vez um homem, chamava-se Sem Medo.
Afirmava a quem o queria ouvir que nada temia e ninguém lhe metia medo. Já não
era muito novo e adorava contar as suas aventuras. As pessoas que o conheciam
gostavam de as ouvir. Pareciam histórias inventadas, eram bonitas e o Sem Medo
tinha jeito para contar as peripécias que lhe tinham acontecido ao longo de
muitas vidas.
É claro que todas as narrativas descreviam
situações em que o Sem Medo demonstrava a sua coragem e ausência de temores de
qualquer espécie. O Sem Medo, se lhe dessem oportunidade, passava horas
contando as suas destemidas aventuras que pareciam intermináveis, havia sempre
mais uma que prendia a atenção de quem estivesse com ele.
Um dia, um dos seus sobrinhos, depois de ouvir
durante uma tarde uma boa quantidade de histórias, perguntou-lhe, “Tio Sem
Medo, para te ter acontecido tanta coisa, já deves ser muito velho, quantos
anos tens?”
O Sem Medo, pela primeira vez em muitos anos,
sentiu a voz a tremer e um arrepio de medo que o assustou. Tinha um medo enorme
do Tempo, pouco, que ainda teria para contar as suas histórias de homem sem
medo de nada.
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