O Público coloca em 1ª página os resultados desastrosos,
sobretudo a Matemática, obtidos pelos alunos nas provas de aferição do 4º ano e
nos testes intermédios, também de Matemática, do 9º e regista a apreensão com
que os professores encaram o que pode acontecer nos exames nacionais do 6º e 9º
anos a realizar na próxima semana bem como, fundamentalmente, com o que estes
resultados significam em termos de qualidade e futuro.
Na altura da realização dos testes intermédios, a
Associação de Professores de Matemática e a Associação Nacional de Professores
manifestaram a sua discordância com o modelo de exame, acentuando a sua
desadequação aos conteúdos ministrados em muitas escolas. As organizações
representativas dos pais associam-se na preocupação, o GAVE defende a qualidade
do exame e o MEC diz que as escolas podem fazer o que entenderem por bem com
estes resultados, o que é também curioso. A questão é importante e motivo de
preocupação, sem dúvida, mas, do meu ponto de vista, deve ser enquadrada e
alargada.
Na linha do que tenho vindo a escrever por aqui,
reconhecendo a óbvia importância dos exames, até pela relação mágica que o
Professor Nuno Crato tem com a existência de exames, parece-me que esta
discussão, ainda que pertinente e necessária, realça o acessório e o essencial
não é valorizado. Quero dizer com isto que a questão central da qualidade não é
a avaliação, mas os conteúdos e os processos de ensinar e aprender. É nesta
matéria que temos, creio, de centrar as atenções, na qualidade na extensão e
conteúdos dos programas, na correcta definição dos objectivos a atingir, nas
metodologias de trabalho de professores e alunos e, finalmente, na
disponibilidade de apoios oportunos e eficazes às dificuldades de alunos e
professores.
A questão é que, como ontem afirmava, a PEC -
Política Educativa em Curso, aumento do número de alunos por turma, concentração
excessiva de alunos nos mega-agrupamentos, insuficiência de recursos docentes
para os dispositivos de apoio, sobretudo em escolas com piores resultados, as que
terão menos crédito de horas numa lógica imperceptível, etc., não nos deixam
particularmente optimistas face aos processos de mudança imprescindíveis.
Os dispositivos de avaliação são uma parte
fundamental, imprescindível e integrada de todo este processo e não O fim das
aprendizagens como parece ser o entendimento do Ministro Nuno Crato.
É evidente que quando se realizam exames, se
espera que eles estejam adequados ao contexto em que se aplicam, mas, a
montante dos exames, o essencial deve ser acautelado.
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