O Ministro Nuno Crato, em documento hoje
divulgado, reafirmou a intenção, já conhecida, de instituir um exame de acesso definitivo à
profissão docente, envolvendo os professores que ainda não são do quadro e os
que de novo batam à porta da profissão. Nada de novo, é coerente com a relação
mágica que o Ministro tem com os exames, ou seja, fazem-se exames, muitos exames,
que a coisa melhora, seja o que for. Como afirmei há dias, conforme um SMS que
recebi de alguém das secretas infiltrado a 5 de Outubro, estão na forja exames
no final da educação pré-escolar e no final de cada período de todos os doze anos
da escolaridade obrigatória. Ao que parece, o MEC estuda também a forma de
proceder em outsourcing, processo também conhecido por avaliação externa, a
exames aos pais e encarregados de educação, os que tiverem sucesso livram-se,
evidentemente das multas previstas no Estatuto Do Aluno.
Mais a sério e como parece claro, esta decisão
traduz a desconfiança sobre a formação de professores quer nos politécnicos,
quer nas faculdades, curiosamente também sob tutela do MEC. Dito de outra
maneira, evidencia a incompetência e negligência da regulação a que a tutela
estaria obrigada mas de que se tem demitido.
Com a mesma lógica de análise do Ministro Nuno
Crato, a defesa da qualidade, e dada importância fundamental do seu exercício
para todos nós, também a formação dos políticos merece uma enorme preocupação.
Assim, parece-me imprescindível que os candidatos sejam submetidos a um exame
de ingresso na carreira para garantir, tal como se pretende com os professores,
que apenas os melhores tenham acesso ao desempenho profissional.
De forma desinteressada, apenas com genuíno
espírito de colaboração, sugiro que os candidatos possam responder a três
provas com a estrutura seguinte, paralela à que em tempos foi sugerida para os
professores.
Exame escrito de Língua Portuguesa avaliando o
“domínio escrito da L.P. tanto do ponto de vista da morfologia e da sintaxe,
como da clareza de exposição” e também a organização de ideias, além da
“capacidade de raciocínio lógico”.
Exame escrito de competências técnicas e
científicas envolvendo, entre outros conteúdos, a capacidade de elaboração de
promessas a partir de um tema, a capacidade de comentar demagogicamente um
texto, a elaboração de cinco opiniões diferentes a partir de um facto, a citação,
de forma organizada, dois nomes reconhecidos na área económica, cultural,
científica e política, etc.
Exame oral avaliando o domínio de uma língua
estrangeira para além do “portunhol”, a elaboração de uma apresentação em
“powerpoint” em três versões sobre um tema e, finalmente, defender uma ideia e
o seu contrário no tempo limite de cinco minutos com "pose de
estado", seja lá isso o que for.
No caso, pouco previsível, aliás, de chumbos
nestes exames, os candidatos serão encaminhados para o novo Ensino Recorrente
onde poderão preparar-se para uma nova oportunidade.
Creio que teríamos basicamente a mesma classe
política mas, dado fundamental, com Diploma de Qualidade. A sério, acho que é
de considerar o lançamento de uma petição com este objectivo.
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