terça-feira, 31 de março de 2009

O EQUÍVOCO DE SÓCRATES

A apreciação do Eng. Sócrates sobre a Ministra da Educação é mais um exemplo do modelo que caracteriza o funcionamento do pensamento político do Primeiro-ministro. Esse modelo assenta em duas premissas, a genialidade das decisões e infalibilidade do governo. Estas premissas sustentam, por exemplo, a raridade que constitui a aceitação de uma crítica ou o acolhimento de uma proposta das oposições ou até, mais simplesmente, de algo que não coincidindo com o governo, venha do interior do PS.
É neste quadro que me refiro ao equívoco de Sócrates, “nunca ceder” não é, necessariamente, uma qualidade, pode estar perto de uma espécie de teimosia irracional. A Ministra da Educação responsável pela PEC – Política Educativa em Curso, só para dar alguns exemplos, manteve o mais inaceitável aspecto do estatuto da carreira docente, a divisão da carreira entre titulares e outros, montou uma avaliação de professores que apesar de “nunca ceder” se transformou em coisa nenhuma, criou uma máquina de certificação que se mascara de qualificação para milhares de milhares de indivíduos que têm um papel que certifica o que não sabem. Fomentou e está a fomentar, com o apoio do presidente da Confap, a transformação das escolas em depósitos de crianças que passam horas infindas no perímetro escolar. Montou um dispositivo de apoio educativo a alunos com necessidades educativas especiais que deixou milhares de crianças sem qualquer tipo de apoio. São apenas alguns retratos da “persistência” da Senhora Ministra.
Também não cedo. A política educativa desta equipa embora, com alguns aspectos certamente positivos, é globalmente, uma afirmação de arrogância e incompetência.

LOGO SE VÊ

Uma das expressões que mais utilizamos e que acho particularmente curiosa é, “logo se vê”. O seu uso aparece a propósito das mais variadas circunstâncias. Vejamos alguns exemplos. Pedem-nos uma opinião com a esperança de que a tenhamos e a possamos partilhar. Mas não, muitos de nós, depois de uma introdução circular, sem nada avançar, terminamos com um promissor, “de maneira que logo se vê”. Quando discutimos projectos ou ideias e procuramos definir um calendário ou etapas desses projectos ou ideias, facilmente acabamos por nos refugiar num discreto e descomprometido “bom, mas logo se vê”. É também interessante que muitos dos nossos políticos quando inquiridos sobre o futuro, em vez de nos passarem, seria desejável, as suas ideias sobre como construir o futuro, começam por um incontornável “não faço futurologia” e rapidamente evoluem para um mais prosaico, “em todo o caso, logo se vê como a situação evolui”. Também se pode constatar que em variadíssimos aspectos das nossas vidas confiamos mais num flexível “logo se vê” que em qualquer atitude mais prudente de cautela e planeamento. Veja-se, por exemplo, os níveis de endividamento que atingimos, queremos, compramos e depois, claro, “logo se vê”.
O problema sério é que, quase sempre, a seguir ao “logo se vê”, acrescentamos um esperançoso e crente “não há-de ser nada”.

segunda-feira, 30 de março de 2009

O PRESERVATIVO DO DIABO

Sabeis irmãos que a humanidade está, quase, perdida. Sabeis como os costumes se estão a dissolver e se perdeu o sentido da castidade e do casamento para a vida.
Sabeis como o mundo promove o pecado e a promiscuidade. Sabeis que para facilitar a promiscuidade e o pecado inventaram os métodos anticoncepcionais, designadamente, a pílula e o preservativo. Sabeis que existem algumas doenças graves, a SIDA por exemplo, que se propagam através da actividade sexual. Devereis saber e entender, que não vos podeis deitar uns com os outros por causa das doenças e do pecado e que devereis guardar castidade para quando vos casardes e, nessa altura, já podereis infectar o vosso ou a vossa parceira. Sabeis que prometestes ficar juntos até que a morte vos separe. Pois aguardai, se estiverdes infectados, é uma questão de tempo. Serão bem recebidos quando desta vida triste tiverdes partido e até podereis deixar alguns descendentes também já infectados, mas espalhai a palavra, o preservativo é coisa do diabo.
Deus nos livre de tal borrachinha.

CENA DE MAUS COSTUMES

Posso jogar à bola com vocês?
Não, tu jogas pouco.
Isso é discriminação e estás a dar cabo da minha auto-estima. Vou fazer queixa.
Experimenta fazer queixas só por causa disto. Levas.
Isso é uma ameaça, chama-se bullying. Se me baterem chamo os meus amigos lá da rua.
Mas assim isto fica uma luta de gangs, não pode ser.
Não quero saber, quero é jogar à bola, já não consigo estar quieto.
És hiperactivo?
Não, só gosto de jogar à bola.
Mas agora a aula vai começar, já não dá.
Faltamos.
Não pode ser, isso é absentismo. Só se a gente entrasse, depois desatinava e a setôra punha-nos na rua e já jogávamos á bola.
Mas isso é indisciplina.
A escola está chata bué, não se pode fazer nada.
Grande seca.

domingo, 29 de março de 2009

ACTO DE CONTRIÇÃO PASCAL

O Action Man Menezes, provavelmente, antecipando a atitude de contrição já anunciante da Páscoa vem dizer que agora vai portar-se bem e não dizer mal da família. Como aqueles pais cheios de boa vontade e crentes que dizem às criancinhas “temos que ser amiguinhos”. Pois o Dr. Menezes, que tem passado o tempo a desancar na Tia Manuela, agora já não vai dizer mal, nem da Tia Manuela, nem dos primos Marcelo, Rui Rio, António Borges, Pacheco Pereira, etc. enfim, todos os que subiram ao poder na família PSD depois de Menezes ter saído. Agora, de acordo com a intenção de Menezes, o PSD vai parecer aquelas famílias que nos retratos dos casamentos e festas parecem umas famílias felizes e fora da fotografia continuam a odiar-se, ou seja, estão casados por fora e descasados por dentro. Dito de outra maneira a actual família PSD não passa de um grupo de sujeitos com a chave do mesmo apartamento.
Mas vão ser amiguinhos, Menezes dixit, e, como sabem, se há coisa que caracteriza Menezes é coerência e rumo.

DIREITOS DOS MIÚDOS? SÓ ATRAPALHAM

Há umas semanas atrás numa conversa informal com uma das mais interessantes figuras da sociedade portuguesa, o Dr. Laborinho Lúcio, chegávamos à conclusão que falar de ideologia nos tempos que correm é quase obsceno. Por razões de tempo só hoje consigo referir-me a uma entrevista inserta no Público no dia 25 de Março a um pediatra francês já reformado, Aldo Naouri, e que me deixou bastante preocupado. Esta entrevista é a prova de que não podemos deixar de ter posições ideológicas mesmo que em contra corrente, pois é uma das peças mais reaccionárias e fascistóides que nos últimos tempos vi escrita sobre educação mas que encontra certamente eco nos discursos ignorantes dos que entendem que os valores e a educação se instalam com um polícia dentro de casa. Vejamos algumas pérolas e umas notas que o espaço não deixa alongar.
Defendo uma educação sem relações democráticas, eles (as crianças) não têm direitos porque não são o centro do mundo”. Realmente, esta coisa dos direitos dos miúdos só atrapalham, já não os podemos pôr a trabalhar desde pequenos para aprenderem o que custa a vida, não lhes podemos bater quando e como queremos, etc.
Os pais dão a ordem, a criança executa. Claro que pode ser explicada mas só depois”. “Quando o pai explica uma ordem a relação vertical torna-se horizontal”. É o modelo educativo de Kim Il-sung. Relações bem verticais e nada de explicar ordens, manda quem pode, obedece quem deve.
(Mesmo quando erram ou são injustos), “Os pais nunca devem pedir desculpa, nunca temos de nos justificar”. Claro que esta ideia da infalibilidade e a arrogância de não admitir erros ou injustiças é positiva para as crianças. Nós também aceitamos que as autoridades cometam os crimes que a nós estão vedados porque, claro, eles são autoridades.
Os pais são permissivos porque a ideia da democracia e dos direitos está muito espalhada”. Eu a pensar que a permissividade dos pais tinha a ver com as suas (in)competências parentais e afinal, voltamos ao autor preferido do Dr. Naouri, Kim Il-sung, a culpa é da democracia e dos direitos. Também acho, os putos da Coreia do Norte e os seus pais são felizes sem democracia e sem direitos que só dão cabo das famílias.
Ao criar as crianças de um modo ditatorial e autoritário, vão aprender a reprimir-se e no futuro serão democratas”. Eis a formulação que nos enche de esperança quando olhamos para a China, Coreia do Norte, Irão, etc. As próximas gerações serão um baluarte de democracia, educação ditatorial e autoritária não lhes faltam.
Para finalizar uma referência aos costumes pois o Dr. Naouri também acha que os “filhos de divorciados também se divorciam mais e as crianças de famílias monoparentais vivem sós”. O Papa também acha que o preservativo aumenta a SIDA. Alguma direita portuguesa vai, certamente, sentir-se inspirada neste discurso, tal como disse de início, estamos a falar de ideologias.
Como alternativa, e para não argumentar com os milhares de pais que fazem excelente trabalho com os seus filhos sem hipotecarem direitos e valores democráticos, deixo-vos com alguns excertos da conversa ontem divulgada pela Lusa com um psicólogo de educação espanhol, Guillermo Ballenato, “Para educar não existem varinhas de condão nem receitas, mas o afecto, o diálogo, a autoridade, o respeito e a transmissão dos valores humanos são chaves fundamentais para uma educação equilibrada”, “A autoridade é necessária, mas tem de ser aplicada com competência e equilíbrio, porque na verdade, defende, um pai ou uma mãe que grita ou castiga não tem mais autoridade por isso”e, finalmente, “uma criança que não é educada no respeito das regras será provavelmente no futuro um jovem e um adulto inadaptado, conflituoso, isolado e socialmente rejeitado".
Peço-vos desculpa pelo espaço, mas não vale tudo e os putos merecem, mesmo que o Dr. Naouri não entenda isso, os direitos dos miúdos.

sábado, 28 de março de 2009

CASO FREEPORT, ESTADO DA ARTE

Há muito tempo que não me refiro ao Caso Freeport. Aliás, tinha afirmado que só voltaria a esta matéria quando tudo estivesse devidamente esclarecido, se algum dia isso acontecer. No entanto, para não perder o pé ao processo impõe-se, creio, um ponto de situação, uma espécie de “estado da arte” nesta matéria. Assim, com o objectivo de sintetizar o que se sabe aqui ficam algumas notas.
O Engenheiro Sócrates não está envolvido no recebimento de luvas para aprovação do Projecto Freeport. O Engenheiro Sócrates recebeu através de supostos intermediários uma lembrançazinha para acelerar a aprovação do Projecto.
A investigação esteve incompreensivelmente parada, ou quase, durante cinco anos. A investigação tem vindo a correr normalmente para os padrões portugueses.
Os milhões de euros envolvidos, ao que parece, no processo de aprovação desapareceram sem rasto. O rasto do dinheiro envolvido passa por umas empresas “off-shore” já identificadas.
A Polícia Judiciária tem realizado um excelente trabalho de investigação. A Polícia Judiciária desencadeou o processo com intenções políticas.
O Caso Freeport faz parte da campanha negra contra o Engenheiro Sócrates. O Engenheiro Sócrates pensava, de início, que Freeport era uma marca de vinho do Porto.
O Procurador-geral quer o fim da investigação até ao verão. Ninguém está verdadeiramente interessado no fim da investigação.
Confuso? Não, Portugal no seu melhor.

DIAS CRIADORES

Depois de uns dias prolongados de chuva, a chegada ao meu Alentejo destes dias quentes tem um efeito fantástico, as árvores de uma semana para a outra mostram uma diferença enorme, estão rebentadas e é ver crescer os rebentos novos, as laranjeiras e tangerineiras praticamente ganharam flor em meia dúzia de dias. As ervilhas, as favas e os alhos deram um pulo. O problema é que estes dias criadores também põem a erva a crescer tão depressa que quase se vê . Como resultado, a tarde de hoje foi passada em cima do tractor a fabricar terra para matar a erva do pomar.
Gosto desta expressão, dias criadores, acho-a bonita e eficaz, estes dias quentes de primavera são mesmo criadores. Será que podemos ter esperança que estes dias não tenham efeitos só nas coisas da terra?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Sons da minha estrada - SIMON AND GARFUNKEL

JUSTIÇA? ISSO É EXACTAMENTE O QUÊ?

Três referências a questões no âmbito da Justiça. Em primeiro lugar a referência à absolvição de Avelino Ferreira Torres das acusações de que era alvo. O Tribunal não deu por provado a realização dos actos de que o autarca modelo era acusado, não diz que não realizou, diz que não conseguiu provar. Quem conhece a personagem envolvida e as circunstâncias do Marco de Canaveses sabe que o Avelino, rapaz empreendedor e com jeito para o negócio enriqueceu enquanto esteve na Câmara embora não se tivesse provado a realização de ilícitos. E querem que eu acredite na Justiça em Portugal.
Segunda nota, um ex-ministro, o Sr. Isaltino, admite em julgamento a fuga a impostos e outras manhas imobiliárias, admite ter-se abarbatado com umas dádivas para campanhas eleitorais que foram parar à Suíça, (isto é o que ele admite) e diz, sorridente, à saída das sessões do tribunal que está tudo a correr muito bem, só fez o que toda a gente faz. E querem que eu acredite na Justiça em Portugal.
Terceira nota, o Bastonário dos Advogados tem andado calminho mas não aguenta, vai daí, pega na carabina e atira, a PJ está a tramar o Engenheiro. Com esta investigação a correr da forma que se sabe, ao tempo que se sabe, com os resultados que se sabe, querem que eu acredite na Justiça em Portugal.
Também me esquecia mas o PS e o PSD não se entendem sobre o Provedor de Justiça, Provedor de quê? Justiça? Isso é exactamente o quê?

O CAJÓ NÃO ESTÁ NADA BEM

Já há uns tempos que não acontecia. Encontrei o meu amigo Cajó, vocês sabem quem é, tem um Punto todo kitado e trabalha como mecânico na oficina do Sr. Manel. Pois estranhei o Cajó, estava no café com uma cara que até a mini estava assustada. Então Cajó, algum problema? A família está bem?
Ó amigo Zé, tudo bem consigo? A Odete tá fina e os putos também, a vida é que tá complicada. O Sr. Manel anda a dizer que a oficina tá a dar pouco, o people não tem grana, corta-se nas revisões e ainda demoram a pagar. O homem diz que assim não é fácil ter guito ao fim do mês para pagar ao je. Tá a ver, a minha Odete agora só faz as folgas da prima na loja do centro comercial e os putos só pedem dinheiro pá escola. Tou aqui tou a ficar arrasca, se o Sr. Manel não se orienta, atão inda é pior. Para lixar mais a cabeça a um gajo, você viu aquele ganda roubo do Lucílio Batista, penalte adonde? E agora inda querem castigar o rapaz. É sempre a gamar o Sporting, acham que somos uns tótós e carregam, veja lá se se metem com o Pintinho do Porto? Para ajudar, a mãe da Odete também anda mal das varizes, o médico diz que era melhor operar, mas a velhota tá com medo e diz que não tem massa, sei lá. Tá a ver o granel onde tou metido. Inda por cima a directora de turma do meu Tólicas mandou dizer que o puto se tinha passado na aula e mandou uma galheta numa miúda. Tive que lhe dar, já tenho cenas que cheguem para me dar cabo da carola. Depois um gajo vê aí pessoal que crise é mentira, não lhes falta nada, não percebo donde é que ele vem. Cá p’ra mim andam metidos nuns caldinhos. Eu ando armado em boa pessoa, fico arrasca, e esses gajos orientam-se na boa. O mundo tá uma merda, amigo Zé.
Vai mais uma mini Cajó?
Pode ser, ao menos não tá em crise, tá sempre boa. Por falar em boa, você já viu aquela dama que vem a entrar? Passava-me já a crise.

quinta-feira, 26 de março de 2009

TENHO DOIS PARA VENDA MAIS UM GPS

Apesar de alguma evolução que nos permite assistir a excelentes espectáculos na área do crime económico, caso do BPP, do BPN, da SLN, das ajudas mal explicadas a especuladores bolsistas, etc., que já têm um nível comparável ao que de melhor se faz no estrangeiro, a nossa grande especialidade como país periférico e em desenvolvimento é a pequena trafulhice, o subsídio que se recebe indevidamente, o biscate, a compra sem recibo, o “favorzinho” que agiliza uma decisão ou um processo, as manhosices no mercado de trabalho, etc. Este universo é que nos é familiar e nele nos movemos bem.
Esta situação agora relatada de, ao que parece, algumas famílias venderem o Magalhães que receberam a custo zero é, apenas, mais um excelente exemplo desta capacidade de empreendimento do tipo pilha-galinhas que nos caracteriza. Devo confessar que não gosto dos discursos e comentários que numa perspectiva moralista vêm bater nestes comportamentos. Eu gosto deste jeito, criativo, cheio de xico-espertismo, de ganhar uns trocos com aquilo que nos é dado. Não gosto daquelas comunidades perfeitas, bem comportadas, que não pecam, assépticas do ponto de vista moral. Isso não é para mim.
A propósito, tenho dois Magalhães que vendo por cinquenta euros e ainda ofereço um GPS que o Cajó sacou de um carro que estava aberto e que me orientou, mas eu já tenho um muito jeitoso que troquei por uns filmes com um chavalo do meu bairro.

A BIRRA NO JARDIM-DE-INFÂNCIA AR DE S. BENTO

Continua a confusão no Jardim-de-infância AR de S. Bento. Parece que já há muito tempo que é necessário substituir um menino, o Rodrigues que vai para outra escola. O chefe de turma do PS, o Albertinho, disse então, “nós é que escolhemos o menino para substituir o que vai sair”. Então o delegado de turma do PSD, o menino Rangelzito disse, “não pode ser, vocês é que escolhem os meninos para as brincadeiras todas” e foi fazer queixa à Tia Manuela. Esta senhora que quer ser a mais importante lá no Jardim-de-Infância AR de S. Bento para substituir o Tio Sócrates decidiu, “Rangelzinho, vais dizer ao Albertinho, o Martins, que a nossa turma não quer o menino Miranda, a gente até não desgosta dele, mas temos que ser nós a escolher, diz isso ao delegado de turma do PS.”
De maneira que a situação está neste pé, a tia Manuela e o tio Sócrates que são os encarregados de educação estão a fazer birra por causa do menino Miranda que deveria substituir o menino Rodrigues que acha que os meninos da turma do PS comem tudo como os vampiros. As outras turmas do Jardim-de-Infância AR de S. Bento também queriam ser eles a escolher os meninos lá para as brincadeiras do agrupamento mas como são poucochinhos, os chefes de turma, o Xiquinho, o Paulito e o Bernardinito, só fazem barulho e chateiam.
Assim, vamos ter que esperar que os meninos se aquietem ou que os encarregados de educação o Tio Sócrates e a Tia Manuela se entendam os dois e mandem o Albertinho e o Rangelzito ficar quietos e caladinhos que eles escolhem em conjunto o menino que substitua o Nascimento que tem que ir para outro agrupamento.
Não há saco.

UM HOMEM CHAMADO COMIGO NÃO

Era uma vez um homem chamado Comigo Não. Era uma pessoa com um funcionamento muito curioso. Nada do que pudesse constituir um problema ou um embaraço para alguém o Comigo Não aceitava que pudesse incomodá-lo a ele. Ouvia as outras pessoas queixar-se de alguma dificuldade e logo afirmava Comigo Não, eu resolvo bem esse problema. Este discurso de quem não sentia problemas ou dificuldade porque nada o afectava e tudo resolvia, levou a que, pouco a pouco, as pessoas se fossem afastando do Comigo Não. De início estranhou o afastamento mas depois habituou-se a pensar que, obviamente, alguém como ele sem problemas e com capacidade para resolver qualquer dificuldade seria sempre uma pessoa superior com a qual as pessoas mais simples não teriam uma relação fácil. Assumiu, assim, que ficar só era o preço a pagar pela sua superioridade. O problema é que a solidão é algo tão pesado que nem uma pessoa superior consegue suportar facilmente e o Comigo Não procurou aproximar-se, de novo, das pessoas que se tinham afastado e agora já com um discurso mais humilde como se o seu nome tivesse passado para Eu Preciso.
Ficou desolado e triste quando percebeu que as pessoas de quem se tentava aproximar lhe diziam como sempre, Comigo Não.

quarta-feira, 25 de março de 2009

OS OBJECTIVOS FINGIDOS

Acho muito bem, os conselhos executivos têm de tomar conta dessa malandragem que anda por aí sem entregar objectivos individuais e a fugir à avaliação. Depois querem progredir na carreira? Não, a PEC – Política Educativa em Curso não permite, mexeu tanto na avaliação que a avaliação já não existe, não é preciso avaliar as aulas que os professores dão porque essa coisa de dar aulas é uma irrelevância na vida dos professores. O importante é definir os objectivos individuais e fingir que montámos uma avaliação, não existe seriedade intelectual.
O que ainda restou de sucessivas simplificações em matéria de avaliação, é um embuste, um fingimento, no fundo, um insulto aos bons professores.

RESULTADOS E EXCELÊNCIA

Não sei se concordarão comigo, mas acho que de há uns tempos para cá começou a surgir de forma cada vez mais frequente a sobrevalorização do sucesso. Quero eu dizer com isto que os discursos das elites económicas, sociais e políticas se centram cada vez mais nos resultados. Expressões como resultados, indicadores, índices de sucesso, rentabilidade, retorno de investimentos, sucesso, excelência, etc., vão entrando sucessivamente no nosso vocabulário. Os níveis de competição presentes nas sociedades actuais acentuam esta atitude orientada sobretudo para resultados, excelentes resultados o que promove a instalação de uma cultura onde as pessoas correm o risco de ir ficando de fora, designadamente as pessoas que não atingem resultados. Mesmo ao nível do discurso político estamos cada vez mais sob a ditadura do resultado, do número, da estatística.
Qual será então o papel das pessoas? Têm resultados e fazem parte do mundo, não têm resultados e entram nas rotas da exclusão? Como se define sucesso e excelência? Que devemos entender por equidade e direitos? E qualidade de vida significa o quê?

terça-feira, 24 de março de 2009

A CULTURA DO DESPERDÍCIO

Não é, obviamente, um problema exclusivo do Ministério da Educação, é um problema genérico da nossa administração. Sempre que se verificam auditorias e inspecções a diferentes serviços e organismos da administração local ou central, emergem níveis assustadores de ineficácia e desperdício no funcionamento e gestão dessas estruturas. Lamentavelmente, como todos sabemos, não é um problema novo nem conjuntural, é velho e estrutural. A grande questão é a irresponsabilidade e a impunidade negligente com que as sucessivas lideranças políticas lidam com esta questão. Os interesses partidários, a distribuição de jobs pelos diferentes boys, alimentam este quadro que ninguém parece verdadeiramente interessado em mudar. Ainda dentro do Ministério da Educação, a situação recentemente divulgada do Dr. João Pedroso, ilustre membro do PS, que recebeu uns milhares de euros para encher umas pastas com fotocópias de legislação é apenas mais um exemplo desta máquina de desperdício.
Esta cultura está de tal maneira enraizada que, tragicamente, nós já a encaramos como uma espécie de estranha conformidade e sem capacidade de nos indignarmos.

PAÍS FELIZ COM LÁGRIMAS

O meu amigo Zé Barbeiro naquele seu jeito peculiar e bem português volta e meia proclama, “Crise, qual crise? Os centros comerciais estão cheios!!”. Ontem à noite lembrei-me dele, “Crise, qual crise?”, na RTP1, na SIC Notícias, na TVI24 e na RTPN discutia-se um lance disputado num Benfica – Sporting e que o árbitro ajuizou mal.
Já ontem disse a propósito do doutoramento “honoris causa” de José Mourinho, que gosto muito de futebol, portanto este discurso não releva de não gostar do tema. Mas nos tempos que correm, dedicar uma noite de informação televisiva a uma jogada de futebol numa competição menor, só mesmo num país feliz, como Portugal.
No entanto, estou a lembrar-me do título da excelente obra de João de Melo “Gente feliz com lágrimas” e a pensar em nós portugueses.

A MINHA BOLA DE CAUTCHU

Com uma ponta de saudade estava há pouco lembrar-me, não sei dizer porquê, dos meus tempos de escola primária a propósito da minha grande paixão dessa época, a bola de futebol. Não era fácil para a maioria de nós termos bolas de futebol a sério, na maior parte das vezes jogávamos com a velha bola de trapos. A partir de certa altura começaram a aparecer uns cromos que vinham nuns rebuçados intragáveis que a D. Maria do Lugar vendia e no fundo da lata estava um rebuçado que dava direito a uma bola que chamávamos de cautchu. De vez em quando, conseguíamos algumas economias, resultantes de juntar cobre e latão que vendíamos no ferro-velho e íamos em grupo “arrematar” a lata, isto é comprar todos os rebuçados que ainda estavam na lata e aceder, assim, à bola de cautchu. A bola ficava cada dia em casa de um de nós. Quando chegava a minha vez ela dormia ao lado da minha almofada. E eu sonhava a noite toda com a “minha” bola de cautchu. Foram uns tempos tão bonitos.
Marquei golos fantásticos nos melhores campos do mundo. Até cheguei a jogar no campo do Real Madrid, onde marquei um golo depois de fintar a equipa adversária quase toda. Lembro-me tão bem, o Puskas abraça-me e diz-me “boa miúdo”. E aquela gente toda a aplaudir. Nestes sonhos que a minha bola de cautchu me proporcionava só não gostava da forma como quase sempre acabavam, a voz do meu pai a avisar-me para me levantar para ir para a escola, com a minha bola de cauchu debaixo do braço, é claro.
Ninguém entrava na escola tão bem acompanhado como eu.

segunda-feira, 23 de março de 2009

BONITOS E ETERNOS, CUSTE O QUE CUSTAR

O Público apresenta hoje um trabalho sobre o universo da chamada cirurgia plástica sublinhando as inúmeras queixas sobre esta área da prestação de serviços e a dificuldade, reconhecida pela própria Ordem dos Médicos, de proceder à regulação da qualidade e preparação dos profissionais de saúde que, por vezes e à revelia de padrões éticos e deontológicos, praticam actos médicos para os quais não estão devidamente preparados, causando problemas sérios, incluindo a morte, nos cidadãos que a eles recorrem.
Apesar da gravidade óbvia desta situação, gostava de deixar uma nota a montante dos problemas levantados, É reconhecida a necessidade desta especialidade médica em muitíssimas situações como sequelas de desastres, queimaduras ou, também, mal-estar insuportável com o corpo que se tem. E aqui é que reside a minha questão, a instalação e promoção de padrões de beleza estereotipados e eternos promove nas pessoas o recurso excessivo à cirurgia plástica com o objectivo de se tornarem em pessoas de plástico que não envelhecem, passando a fazer parte de uma sociedade também de plástico atrás da eterna juventude e beleza. Enganam-se e continuam a sofrer, existem pessoas velhas lindíssimas.

PROFESSOR DOUTOR JOSÉ MOURINHO, UM MONUMENTO DE SALOIICE

Para não ser acusado de preconceito uma afirmação de início, gosto muito de futebol. Dito isto, a atribuição de um doutoramento “honoris causa” a José Mourinho pela Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa, é um monumento de saloiice.
Os doutoramentos honoris causa destinam-se ao reconhecimento de carreiras de mérito que se desenvolveram fora do mundo universitário, mas cujo conteúdo e relevância científica e social é, assim, reconhecido pelos académicos. A carreira bem sucedida de José Mourinho, nesta fase ainda relativamente inicial, sendo, naturalmente, de aplaudir, não autoriza a atribuição de um doutoramento honoris causa. Ou estamos em presença de uma atitude da Faculdade apanhar boleia no trajecto de Mourinho, vejam, foi nesta escola que se licenciou e é um mau sinal para uma Faculdade com o prestígio da FMH ou, considerando as carreiras profissionais longas e meritórias de muitos portugueses a atribuição deste doutoramento é um desvirtuar saloio da essência de um honoris causa. Não será, aliás, por acaso que a situação é desconfortável para muitos docentes da Faculdade de Motricidade Humana.
O Portugal dos Pequeninos no seu melhor.

O MEU AMIGO ZÉ TANGAS

Creio que ainda não vos falei do meu amigo Zé Tangas. Tenho para mim que todos nós tivemos um amigo Zé Tangas. Pois o meu, era um dos companheiros do final da adolescência.
Era um cromo o Zé Tangas. Não havia problema que ele não resolvesse, alguém que ele não conhecesse ou algo que lhe fosse impossível realizar. É claro que nós aproveitávamos as fragilidades do infeliz Zé Tangas para o pôr a realizar as tarefas chatas do grupo. Naturalmente que o Zé Tangas na ânsia de comprar o afecto do grupo se dispunha e propunha a fazer de tudo para estar nas boas graças do pessoal.
Ainda hoje existem muitos putos assim que, perdidos, sós, procuram desesperadamente comprar o afecto de um grupo que os acolha e proteja. Para isso, por vezes, até se dispõem a trabalho sujo, com base na ideia de que os fins justificam os meios. O grupo, os mais importantes do grupo, safam-se sempre das histórias e o Zé Tangas, os Zé Tangas, acabam sempre entalados e a apanhar com as consequências.
Por isso, dão tanto jeito aos grupos.

domingo, 22 de março de 2009

O SINDICALISMO NA PARTIDOCRACIA

O mundo do sindicalismo tem estado na agenda por várias ordens de razões. A título de exemplo, recordemos as declarações do Primeiro-ministro a propósito da manifestação organizada pela CGTP, o alarido em torno da polémica publicidade da RTP1 sobre uma eventual manifestação, o protagonismo de Mário Nogueira na contestação às políticas do ME, a realização do Congresso da UGT, etc.
Ciclicamente, emerge a discussão sobre o sindicalismo, o seu papel nas sociedades actuais e a necessidade de ajustamento, nesse papel. Tenho para mim que, sobretudo em tempos de crise, mais importantes são as estruturas que verdadeiramente representem os interesses dos trabalhadores. A crise é um terreno predisponente a abusos pelo que um sindicalismo forte é imprescindível à defesa dos trabalhadores.
A grande questão, já aqui tenho referido, é que a partidocracia instalada, levou a que os partidos sejam os donos da democracia. Sendo os sindicatos uma instituição própria dos regimes democráticos, logo os partidos tentam, e conseguem, serem donos dos sindicatos. Veja-se a distribuição, com as caras do costume, de lugares entre PS e PSD nos órgãos dirigentes da UGT agora eleitos e veja-se, também a título de exemplo, a participação de Mário Nogueira no Congresso do PCP. Não defendo que os dirigentes sindicais vejam inibidos direitos de participação cívica, designadamente nas estruturas partidárias. Defendo sim, é que a credibilidade e necessidade do movimento sindical passa pela sua libertação das tutelas partidárias que instrumentalizam os problemas graves dos trabalhadores e os hipotecam aos famosos interesses partidários de ocasião.
Perdemos todos.

sábado, 21 de março de 2009

NÃO ALINHADO

D. Januário Torgal continua, de quando em vez, a assumir-se como uma voz menos alinhada na hierarquia da Igreja em Portugal. As vozes mais conservadoras de D. José Policarpo ou de D. Saraiva Martins prestam, do meu ponto de vista, um mau serviço à igreja.
A posição de D. Januário Torgal sobre a utilização do preservativo deveria merecer atenção por parte da Igreja e não constituir-se como uma excepção face ao reaccionário discurso de Bento XVI que, aliás, não é surpreendente.

A ÁRVORE PORTUGUESA

Aqui no meu Alentejo o dia está bonito, próprio para receber a Primavera. Também deve referir-se o Dia da Árvore, claro, vai bem com a Primavera.
Mas a árvore portuguesa anda feia e pouco cuidada. Os frutos da Justiça não têm grande qualidade, sempre fora de época. A Educação está a dar os seus frutos, as escolas viradas do avesso e milhares de indivíduos certificados sem se saber que competências de facto possuem. Frutifica o desemprego e alguma insegurança e esses frutos alimentam discursos perigosos e securitários.
O pessoal que por aí anda a cuidar da árvore portuguesa não parece ter a formação adequada e o resultado está à vista. Na banca e finanças a árvore tem sido bem cuidada, é certo que os frutos vão parar aos bolsos dos mesmos. Quando as coisas correm mal e é preciso reforçar o adubo, aí entramos nós, fornecemos o adubo e alguém recolhe o fruto.
Será que tem de ser assim?
Por mim vou regar as azinheiras e sobreiros que plantei há duas semanas.

UM RAPAZ CHAMADO HOMENZINHO

Era uma vez um rapaz chamado Homenzinho. Desde pequeno que assim era, um Homenzinho. A família achava-lhe imensa graça, tão pequeno e já um Homenzinho. Ele não brincava com os seus colegas, tomava conta deles, e até de forma mais cuidadosa que alguns adultos. O Homenzinho mostrava um sentido de responsabilidade e um tipo de comportamento próprios, claro, de um Homenzinho e não da idade que tinha. Os adultos incentivavam e o Homenzinho cada vez mais e mais depressa parecia um Homenzinho.
Na escola a sua acção era do mesmo tipo, muito responsável para a idade, diziam alguns os professores. Muito maduro e equilibrado afirmavam outros professores verificando que o Homenzinho não mostrava falhas. Não tinha muitos amigos, aliás, não tinha amigos, os colegas achavam o Homenzinho um chato desinteressante. Na escola apenas uma pessoa, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros não se deixava fascinar pela forma como o Homenzinho funcionava. E ia avisando, o Homenzinho está a esquecer-se de algo que lhe faz muita falta antes de chegar a grande. Ninguém parecia entendê-lo.
Um dia, sem se perceber muito bem porquê o Homenzinho começou a fazer disparates e a mostrar comportamentos que nunca ninguém lhe vira. Ninguém conseguia segurá-lo e ainda hoje continua.
O Professor Velho tinha razão, o Homenzinho crescera tão depressa que se esquecera de brincar e agora não conseguia parar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

PORTUGUESES DORMEM MAL

Num daqueles estudos de duvidosa credibilidade metodológica, este realizado por uma entidade britânica envolvendo 7 países europeus e divulgado no Público, surge a conclusão que os portugueses são os que pior dormem, ao que parece devido à crise. Acho que temos algumas razões para que as nossas noites não sejam tranquilas e nem todas remetem para a crise.
Vejamos algumas razões que, creio, nos podem perturbar o sono.
Imaginem o povo de Lisboa a sonhar que Santana Lopes pode ser Presidente da Câmara, insónia garantida.
Imaginem ouvir um discurso do Engenheiro Mário Lino, uma noite para a desgraça.
Imaginem ter que ouvir todos os dias o Génio Pacheco Pereira a convencer-nos que a Dra. Ferreira Leite chega a Primeira-ministra.
Imaginem as intervenções diárias do Ministro Santos Silva e do Dr. Vitalino Canas e pensem como se pode dormir descansado.
Imaginem um discurso do Primeiro-ministro sobre a genialidade do seu governo e de como todos, mas mesmo todos, os problemas do país estão a ficar resolvidos.
Imaginem o Dr. Portas de dedinho em riste e de olhinho a tremer acompanhado da Dra. Teresa Caeiro e do Dr. João Almeida a defender a prisão perpétua para delinquentes a partir dos 5 anos.
Imaginem a presença sistemática do Dr. Lemos e do Dr. Mário Nogueira em todos os Telejornais. Imaginem as aulas de catequese dadas pelo Dr. Louçã naquele tom, que nos põe a abanar a cabeça e a dizer, “sim Setôr”. Imaginem que o Dr. Vítor Constâncio um dia destes acorda e nunca mais se cala. Lá se vai o sossego.
Como vêem razões para insónias é o que mais temos. E nem sequer falei do Benfica.

UM RAPAZ CHAMADO METE MEDO

Era uma vez um rapaz chamado Mete Medo. Tinha por aí uns 14 anos e andava numa escola onde toda a gente olhava para ele e achava, Mete Medo. Os colegas, sobretudo mais novos gostavam se passar por amigos dele, do Mete Medo. Outros não se davam muito com ele porque sabiam que ele Mete Medo. Os professores, na sua maioria, não gostavam de o ter nas aulas porque o Mete Medo conseguia, quase sempre, que os trabalhos não decorressem bem. Os professores também achavam que o Mete Medo não se deixava controlar e fazia quase só o que lhe apetecia. A vida do Mete Medo era assim uma espécie de representação permanente para os seus colegas que o achavam capaz de tudo e mais alguma coisa, próprio de um Mete Medo.
Um dia, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros entrou na turma do Mete Medo para conversar um bocado com eles pois o professor que deveriam ter precisou de faltar. Como era habitual, o Mete Medo começou o seu espectáculo para os colegas procurando, sobretudo, mostrar ao Professor Velho como era terrível. Depois de alguns avisos e discussão o Mete Medo estava a conseguir o costume, o grupo virado do avesso e o professor a ficar aflito, pensava ele. Às tantas, o Professor Velho voltou-se para a turma e disse-lhes para saírem da sala à excepção do Mete Medo. Quando se viu só na sala, apenas com o Professor Velho, sem o grupo a assistir, o Mete Medo ficou aflito e pela primeira vez de há muito, a achar que não ia meter medo.
O Professor Velho tinha percebido que o Mete Medo era uma máscara que um rapaz, na verdade chamado Assustado, tinha construído, atrás da qual vivia e sem a qual se sentia perdido.

quinta-feira, 19 de março de 2009

FINALMENTE, A REFORMA NA ESCOLA

Dada a aprovação do regime jurídico que enquadra a presença de professores reformados nas escolas, retomo, com alguns ajustamentos, algo que já aqui tinha escrito quando a ideia apareceu.
Em primeiro lugar, devo sublinhar que manter activas as pessoas em situação de reforma é, nos tempos que correm, uma necessidade do ponto de vista de saúde mental e física e, também, uma necessidade social. Entendo ainda que uma comunidade não pode, não deve, dar-se ao luxo de desperdiçar a experiência e o empenho social dos seniores.
Dito isto, vejamos o Projecto do ME de recrutar professores reformados para trabalho voluntário nas escolas. Ao princípio pensei que se tratasse de brincadeira, mas não, parece a sério. Não querendo aceitar que se trate de uma provocação, embora da cabeça do Dr. Lemos já pouca coisa me possa surpreender, duvidando de que se trate de uma ingenuidade infantil, só pode ser mesmo um enorme disparate político. Os professores reformados podem ser extremamente úteis nas suas comunidades, muitos são-no, conheço experiências muito interessantes que provam isso mesmo. Mas voluntariado nas escolas para desempenhar tarefas que cabem às escolas e aos professores no activo, é delinquente do ponto de vista ético, existem milhares de professores no desemprego. Sabe-se também que muitos professores estão a fugir, é o termo, para a reforma, com custos pessoais significativos, por não aguentar o clima instalado nas escolas. Vir agora convidar os professores reformados para trabalho voluntário nas escolas é absolutamente inacreditável. A seguir, provavelmente, o ME irá convidar jovens ainda sem idade para estar no mercado de trabalho para que dêem uma ajuda, voluntária é claro, no tomar conta dos mais novos, numa versão sofisticada da exploração de mão-de-obra infantil. De que mais irá esta gente lembrar-se?
E porque não procurar alguns políticos e professores reformados para trabalho na 5 de Outubro? E porque não uns pais e encarregados de educação reformados para colaborarem na escola? Finalmente, vamos ter a verdadeira Reforma na Escola.

MAIS DO MESMO

Não fosse a tragédia em que a vida de muitos portugueses se tem vindo a transformar, designadamente dos milhares afectados pelo desemprego, e as incidências da política do Portugal dos Pequeninos até poderia dar vontade de rir.
Ouvir, ler, a Dra. Ferreira Leite dizer com ar sério, aliás não tem outro, que vai ser Primeira-ministra de Portugal, só pode ser, como ela própria tem considerado noutras ocasiões, uma “ironia”. Sabemos todos que a degradação da cena política portuguesa responsabiliza sobretudo PS e PSD enquanto ocupantes do poder nas últimas décadas. Sobre esta responsabilidade veja-se o episódio triste da substituição em atraso há muitos meses do Provedor de Justiça. Este atraso decorre da falta de entendimento entre os suspeitos do costume, PS e PSD.
Neste contexto, talvez fosse interessante começarmos a lutar e a defender a participação cívica nas lutas eleitorais fora do enquadramento partidário. Talvez este movimento tivesse um efeito regenerador do ambiente político, pois a generalidade das práticas partidárias são parte do problema e não parte da solução. Por isso, imaginar Ferreira Leite como Primeira-ministra com a sua corte atrás, é tão animador como a continuidade de Sócrates mais o Canas e o Santos Silva

UM RAPAZ CHAMADO SE ELE QUISESSE

Era uma vez um rapaz chamado Se Ele Quisesse. Desde pequeno que ouvia os pais a afirmarem que Se Ele Quisesse seria capaz de fazer tudo o que pediam de forma bem feita.
Quando entrou na escola dos pequenos a educadora também começou a achar que Se Ele Quisesse tranquilamente aprenderia o necessário e realizaria as tarefas com perfeição e sem dificuldades.
Posteriormente, durante o resto do tempo de escola, as conversas dos professores passavam, invariavelmente, pela afirmação de que Se Ele Quisesse não teria nenhuma dificuldade em aprender as diferentes matérias nem a apresentar bons resultados, pois, Se Ele Quisesse, não tem nenhuma espécie de dificuldades que o impeçam de ser bem sucedido.
Lamentavelmente, nunca ninguém perguntou ao Se Ele Quisesse porque é que ele não queria.

quarta-feira, 18 de março de 2009

VIDA A CRÉDITO

Moro numa casa, digo que é minha, mas pertence ao banco que me concedeu crédito para a comprar.
Ando num carro a que chamo meu mas que pertence ao banco que me concedeu o crédito para o comprar.
Na casa onde moro, tenho mobílias e aparelhos a que chamo meus mas que, na verdade, pertencem ao banco que me concedeu crédito para os comprar.
Normalmente, faço uma viagem de férias agradecendo ao banco que me concedeu crédito para a realizar.
Acedo a bens e serviços porque alguém me concede um cartão com crédito.
Gosto de usar uma roupa actual e renovada comprada com o crédito que o banco me concedeu.
Vivo uma vida, que digo minha, mas que, na verdade, pertence a alguém que me concedeu o crédito para a viver.
Um dia, vou conceder crédito a mim próprio para acabar com o crédito.

ACIDENTES COM CRIANÇAS

A propósito de duas tragédias recentes, a morte de um bebé dentro de um carro em Aveiro e o desaparecimento no mar de uma praia do norte de uma criança com quatro anos, o JN chama a atenção para os números trágicos que afectam a segurança e o bem-estar dos mais novos. De acordo com dados da Associação para a Promoção da Segurança Infantil, em Portugal acontecerão diariamente cerca de 700 acidentes envolvendo crianças, leram bem, cerca de 700 por dia, felizmente que na sua grande maioria sem consequências graves.
Este volume de acidentes sublinha a importância da atenção e prevenção às situações de risco infantil por parte dos adultos. As nossas casas e estilos de vida contêm autênticas armadilhas, cujas implicações os mais novos têm óbvias dificuldades em avaliar, por exemplo, o tipo de gradeamentos utilizados nas varandas ou a altura a que as tomadas de electricidade estão colocadas. Assim sendo, importa a promoção de uma atitude constante de supervisão e a atenção que minimize risco de, depois das tragédias acontecerem, recorrer a pesarosas afirmações sobre o azar que a criança e a família tiveram.

O QUE ME CONSOLA, É A MINHA CONSOLA

(Foto de Mico)

terça-feira, 17 de março de 2009

A IGREJA PRESERVADA

O Papa Bento XVI vem, sem surpresa, questionar o uso dos preservativos como forma de combate à pandemia da infecção por HIV. Não me parece de estranhar. A hierarquia da Igreja insiste em não perceber que o mundo é composto de mudança tomando sempre novas qualidades, como diz Camões. Assim, numa posição completamente fora do tempo até ao arrepio do que muitos sectores da Igreja que conhecem os problemas reais sustentam, vem defender o indefensável, a abstinência como forma mais eficaz de combate à SIDA. Parece, aliás, bastante plausível e realista este discurso de defesa da abstinência e castidade, o qual, como é sabido, nem algumas figuras da igreja seduz.
Este tipo de posições, na linha do que outras figuras menores têm vindo a defender, explica como a Igreja se afasta dos problemas dos cidadãos e vive num mundo irreal e hipócrita, apenas contrariado por algum clero que, por viver perto das pessoas e não nos castelos dourados já perto do céu, têm uma consciência clara dos dramas que se vivem e entendem, por exemplo, que o preservativo é uma arma, não a única, mas importante no combate ao drama da SIDA.
Mas Bento XVI não quer perceber isto.

OS CONTENTORES DA ESCOLA

De vez em quando as águas agitam-se com umas consciência incomodadas pela existência de situações de discriminação em contextos educativos. Esta agitação significa duas ou três coisas. Em primeiro lugar só se admira com este tipo de situações quem não conheça a escola, as escolas. As reacções por parte da classe política são o folclore do costume, é bom não esquecer, por exemplo, que o PSD ocupou a pasta de educação anos e anos e sempre com situações de discriminação presentes.
Sou dos que defendem que a qualidade da educação também se afere pela forma como consegue contrariar mecanismos, que radicam foram da escola mas que contribuem para que, no seu interior, se verifiquem situações de discriminação. Existem mais que muitas, miúdos sem os apoios educativos de que verdadeiramente necessitam, miúdos fora de apoios sociais eficazes, miúdos sem os materiais necessários, veja-se a trapalhada discriminatória com a distribuição do Magalhães, escolas que ainda constituem turmas de elite, selecção nas admissões, situações de suspensão excessivas e sucessivas até ao abandono, a certificação estatística de competências ausentes, etc. etc.
A escola, como sempre, espelha a cultura e os modelos sociais em que se inscreve. Numa sociedade competitiva, discriminatória e orientada de forma fundamentalista para resultados estão à espera que a escola, acolha e não discrimine? Em boa verdade toda a escola está organizada por contentores. De resto, é a incompetência da Comissária Moreira e de outros Comissários.
PS - O facto de os pais terem sido informados é perfeitamente irrelevante para a questão porque, por omissão, falta de informação ou cultura, a relação dos pais vulneráveis com a escola é completamente assimétrica e sem capacidade de negociação. Lamentavelmente, por vezes, emerge uma atitude reactiva, grave e delinquente como agressões a professores, mas, habitualmente, a atitude é mais de demissão e conformismo. Defender a medida porque os pais estiveram de acordo, é inaceitável do ponto de vista ético.

A PARKER DE INHAMBANE

Não sei exactamente porque razão, mas estava recordar-me das minhas deambulações por Moçambique, designadamente por Inhambane de que já referi algumas experiências neste espaço.
Nas três semanas que lá passei, estive alojado numa casa com um anjo da guarda, o Sr. Bata que zelava pelo meu bem-estar, aliás, a minha primeira dificuldade foi convencê-lo que conseguia ir trabalhar sem “matabichar” um bife com batatas fritas, salada e ovo às seis e trinta da manhã. Consegui, não sem alguma luta que o “mata-bicho” se transformasse em fruta e chá, embora ele não se mostrasse muito convencido de que aquilo era alimento suficiente para um XXL. Mas a história de hoje remete para o hábito fantástico que o Sr. Bata tinha de encontrar expressões surpreendentes para demonstrar uma apreciação superlativa sobre qualquer coisa, por exemplo a sua velhice traduzia-se nas rugas bem vincadas que, dizia, significavam sabedoria, sendo que cada ruga era mais ou menos o saber de uma bíblia. Uma vez, logo no princípio da estadia, perguntei-lhe se sabia ler, respondeu, quase ofendido, que o fazia muito bem indo mesmo “até à última letra”. Na mesma linha, perguntei-lhe se sabia escrever e a resposta foi ainda mais curiosa. O Sr. Bata com um sorriso de orgulho de orelha a orelha, disse-me “escrevo tão bem como se fosse com uma Parker”. Fiquei surpreso e, por coincidência tinha uma esferográfica Parker que fazia companhia a uma de tinta permanente, o meu utensílio de escrita habitual pelo que lhe dei a esferográfica, para, finalmente, o Sr. Bata escrever com uma Parker. Ainda me lembro dos olhos dele, parecia que olhava para algo de sagrado e, para espanto, levantou-se, estávamos de conversa na rua à noite, foi para a sala e pendurou a Parker num prego onde estava um “quadro” que tirou. Enquanto lá estive e durante a correspondência que mantive com ele, sempre me foi dizendo que a Parker lá continuava pendurada na parede para poder olhar para ela. Despeço-me como ele sempre se despedia antes da deita, “tenha uma noite açucarada”.

segunda-feira, 16 de março de 2009

NÃO ME REFORMEM

Para que conste e antes que a situação se coloque, declaro-me indisponível para me reformar, quero aceder ao estatuto de irreformável. Por várias razões, das quais relevam.
Se os salários já não são muito elevados as reformas são ainda mais baixas e anunciam-se cortes nos seus valores.
Não gosto de jogar sueca e dominó e sou alérgico ao pólen, donde não posso passar o tempo no jardim com outros seniores a jogar debaixo da sombra.
O valor das reformas não permite o acesso a bens de cultura, livros, discos e cinema, por exemplo, que me permitissem ocupar o tempo da reforma. Depressa me deprimiria.
Os miúdos estarão rapidamente a viver 24 horas dentro da escola pelo que já nem tomar conta dos netos é uma actividade que espere pelos reformados.
Começando pelos professores, parece estar em início o apelo a um movimento de voluntariado levando a que os reformados continuem, voluntariamente a trabalhar, mas com o actual salário substituído pela reforma, bem mais baixa, é claro.
As comunidades, de uma forma geral, não estão preparadas com equipamentos para seniores. O equipamento social mais utilizado pelos seniores é a sala de espera do Centro de Saúde. Não me apetece passar neste espaço parte substantiva dos meus dias.
Assim, solicito que, enquanto conseguir, me deixem continuar a trabalhar, não me reformem.

MARGENS VIOLENTAS

Cada vez que vejo notícias que envolvem delinquência e pré-delinquência de adolescentes e jovens lembro-me da famosa citação de Brecht “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”. Esta ideia não tem como objectivo branquear ou desculpar os comportamentos delinquentes, mas entender a sua existência.
Muitos adolescentes, sobretudo em períodos mais tensos do ponto de vista social, como estamos a viver, por exemplo, vivem com margens muito apertadas. Vejamos alguns exemplos, se alguém os inquirir sobre o que pensam ser o seu futuro, o seu projecto de vida, muito provavelmente obterá uma resposta vazia, ou seja, não têm projecto de vida, não têm ideia de futuro, trata-se assim de viver o presente e apenas o presente. A adolescência é uma fase fundamental na construção da identidade. Certo, que identidades estão muitos destes jovens a construir? Revêem-se nelas? Ou sentem-se meio perdidos num mundo em que não sentem caber e encostam-se aos que estão tão perdidos quanto eles. Que referências sustentam muitos destes jovens, o lado positivo? Os modelos adequados? Ou os modelos fornecidos por quem, como eles, vive o presente à pressa cheio de medo do futuro, procurando chegar a tudo antes que se acabe a oportunidade?
No meio disto tudo tenho uma certeza, prendê-los não chega.

domingo, 15 de março de 2009

Sons da minha estrada - ASTOR PIAZZOLLA

TELEMÓVEL, SIM MAS ...

Das pessoas que participaram no pequeno inquérito que correu no Atenta Inquietude sobre a idade a que as crianças e jovens poderão aceder ao telemóvel, cerca de 77% defende os intervalos dos 13 aos 15 e mais de 15. Nos tempos que correm, parece razoável este entendimento maioritário. No entanto, há algum tempo atrás, uma jovem mãe perguntava-me a opinião sobre a possibilidade de fornecer à sua filha de 5 anos um telemóvel que ela fazia questão de reclamar insistentemente.
Não vale a pena tapar o sol com a peneira, mas é preciso ter consciência de que o telemóvel, bem que, actualmente, equipa a maioria das pessoas e cuja utilidade não é discutível, está a emergir como uma arma poderosíssima em fenómenos de agressão e chantagem, envolvendo tanto gente mais nova como mais velha.
Embora se conheçam muitos casos, são bem mais os que se desconhecem e todos os dias ocorrem.

ALEGRE TEM TODO O GOSTO EM CONTAR COM O PS

His master´s voice, o Dr. Santos Silva, entende que o PS “terá todo o gosto” em contar com Manuel Alegre. Claro, está na hora de começar a contar espingardas, vêm aí as eleições e um afastamento do poeta, do dono das esquerdas, da referência, do dono de um milhão de votos, do homem que vira congressos e sei lá que mais, pode não ser uma boa ajuda nas votações.
Daí, esta saudável hipocrisia, do “gosto” em contar com Alegre. Falta o Lello e o Flinstone Candal virem compor o discurso e afirmarem como é importante para a coesão do PS a inclusão de Alegre. O problema é que eu acho que virão mesmo. Alegre está na corrida para as presidenciais e as suas hipóteses só se colocam se estiver “dentro“ do PS. Toda esta estratégia de Alegre tem a ver exactamente com isto. Aposto que a conversa com Sócrates vai correr bem, o Poeta entra nas listas e, lá mais para a frente, vai a votos com Cavaco Silva com o apoio do PS. Bem fariam o Lello e o Candal se voltassem para a barraca e estivessem caladinhos. Deixem o Santos Silva tratar disto.

PREFIRO A TARDE DE SOL

Ainda pensei, que este triste episódio do Portugal dos Pequeninos, o trabalho de João Pedroso para o ME, merecia um comentário. Embora não se conhecesse o resultado da colaboração do especialista João Pedroso com os amigos do ME, era de esperar aquilo que agora se conhece, um trabalho administrativo e irrelevante do ponto de vista jurídico mas bem pago.
Entretanto, olhei pela janela, vi a tarde linda que aí está e decidi que o escândalo do João Pedroso, rapaz do PS, não vai ser capaz de estragar a minha tarde de sol, ao som dos Penguin Cafe Orchestra.
É uma questão de saúde mental.

sábado, 14 de março de 2009

SÓ 12 HORAS? PORQUE NÃO O INTERNATO?

A Confap, liderada pelo eterno Albino Almeida reclamou, de novo, no seu encontro nacional em Mira e na presença da Ministra da Educação, que considera a melhor Ministra da Educação, a abertura das escolas 12h por dia. Dando de barato, os interesses partidários de ocasião de que muitos pais se devem sentir envergonhados, voltemos às 12h de abertura, a que aqui já me tenho referido. Porquê só 12 horas? Já tive oportunidade de lembrar ao Dr. Albino Almeida que deveria solicitar à sua Ministra que às quartas e sextas as escolas deveriam encerrar às 24, no mínimo, para permitir aos pais vida cultural. E também me parece que em fins-de-semana alternados as escolas deveriam estar abertas para uma escapadinha dos pais. O Dr. Almeida vem com a treta de que as escolas abertas 12 horas não significa mais trabalho lectivo. Não precisa de dizer tal coisa, as pessoas sabem quais são as cargas curriculares, o problema não é esse. O problema é depositar na escola por períodos inaceitáveis crianças e jovens que vão passar, potencialmente, 60 ou mais horas no perímetro escolar com evidentes desvantagens para si próprios. O sistema educativo deve organizar-se para servir os interesses dos miúdos e jovens e não o de outras corporações de interesses, incluindo, interesses partidários. Não é a escola que deve estar aberta 12 horas, é a comunidade que deve ter estruturas, para além da escola, e até com o apoio da escola, que receba e acolha crianças e jovens para lá do tempo escolar. Ou então, assumam de vez o internato.

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS

Apesar da quentura dos dias, as noites do meu Alentejo ainda pedem o conforto do lume de chão. Embalado, ia passando os olhos pela imprensa on-line numa espécie de “zapping”. Às tantas fiquei com uma questão, é difícil entender que, acontecendo as coisas que acontecem, com as consequências negativas de muitas delas, não conseguimos, genericamente, retirar efeito de aprendizagem e amanhã, no dia depois de amanhã e no dia depois do dia depois de amanhã, vamos, de novo ler as mesmas notícias, com as mesma consequências, os mesmos protagonistas, numa estranha forma de habituação acomodada.
Entretanto lembrei-me da Cantata da Paz, da Sophia de Melo Breyner, “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”.
Mas, como sabem, os poetas não sabem das coisas da vida, são uns fingidores. Nós, vemos, ouvimos e lemos e sempre, sempre, vamos ignorar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

JÁ UM TIPO NÃO PODE TER O HÁBITO PESSOAL DE SE MATAR

Numa pequena peça na RTP sobre a aprovação na Assembleia da República de legislação obrigando à redução da quantidade de sal no pão, ouvi esse vulto imenso da política portuguesa a Dra. Teresa Caeiro manifestar-se muito preocupada com “a intromissão directa num hábito pessoal”. E a senhora questionava-se, onde irá parar esta intromissão, legisla-se a cafeína presente no café?, limita-se o açúcar na doçaria portuguesa?, etc. Na mesma linha aparecem comentários on-line e nos blogues no mínimo curiosos. Não ouvi este pessoal manifestar-se contra a necessidade de regular a velocidade a que se deve circular em automóvel, é uma intromissão no hábito pessoal que eu tenho de conduzir nos limites, porque tenho uma carro que até se estraga de andar a 120 na auto-estrada. Também não os ouvi muito preocupados com a intromissão no meu hábito pessoal de mandar fumo do meu cachimbo para cima da sopa da Dra. Teresa Caeiro. Também não percebo como não se manifestam contra a intromissão no hábito pessoal de deixarmos o carrinho em cima dos passeios, é certo que com o cuidado de reservar espaço para o peão passar. Também não vi a Dra. Teresa Caeiro preocupada com a intromissão directa no meu hábito de mandar abaixo uns charros, ela até acha que devo ser preso, etc. etc. É sabido que este hábito pessoal (convém esclarecer que fabricar pão com o dobro do sal aceitável em termos de saúde, nem sequer é um “hábito pessoal”) é causa directa de problemas graves de saúde que, obviamente, não têm só custos individuais, antes pelo contrário. Legislar de forma equilibrada a protecção do cidadão, não é uma necessidade, é um dever. O resto é o hipócrita folclore habitual do contrismo político.

NO REINO DO ENVELOPE

Esta notícia, Pinto da Costa e o envelope, mais uma, sobre casos que envolvem envelopes, recordou-me uma conversa que uma jovem manteve comigo há algum tempo, referindo-se, embaraçada, ao facto de, colaborando nas actividades de uma agência imobiliária dos pais, se deslocar a diferentes serviços da administração. Para essas deslocações, os pais, quase sempre, lhe entregavam um envelope que ela deveria fazer chegar, discretamente, às mãos do funcionário que a atenderia. Era, disse-me, um procedimento de rotina.
De facto, quando acompanhamos a imprensa defrontamo-nos frequentemente com casos em que se verifica algum protagonismo por parte de algum envelope. Porque será?
Seremos nós tão adeptos das trocas de mensagens que não resistimos à entrega de envelopes. Será a nossa discrição que nos faz manter a reserva de “envelopar” todas as trocas que estabelecemos.
Provavelmente, também colocámos, ética e princípios num envelope.

DESEJO

(Foto de Humberto Machado)

quinta-feira, 12 de março de 2009

É BOM, ESTAMOS A RECLAMAR MAIS

Não é, certamente, uma notícia que vá merecer grande destaque mas, do meu ponto de vista, merece registo. Em 2008, aumentou cerca de 64 %, para perto de 200 000, a requisição e utilização do Livro de Reclamações por parte dos consumidores. Não estou em crer que isto se deva a um abaixamento da qualidade dos bens e serviços, creio que remete, fundamentalmente, para uma atitude de maior exigência da nossa parte, os consumidores. Durante décadas e por razões que aqui não cabem, assumimos uma atitude genérica de maus consumidores, pedíamos desculpa por protestar, ou não protestávamos de todo, facilmente nos conformávamos com más justificações, parecíamos com pudor em reclamar sobre um bem ou serviço que nos era providenciado sem qualidade, etc. Felizmente, o cenário parece em mudança.
Quanto mais exigente e activa for a nossa atitude enquanto consumidores maior será, obviamente, a qualidade dos bens ou serviços que adquirimos. Não pode ser de outra maneira.

EU NÃO TENHO, NEM SEI ONDE ESTÃO

Vamo-nos habituando à ideia de que, à medida que se esgravata nos processos da banca, as trapalhadas são mais que muitas. Agora o Ministério Público anda a tentar encontrar o rasto à bagatela de 200 milhões que se perderam em trânsito no BPP. Não nos surpreende. Surpreende sim, é incompetência e ineficácia da supervisão do funcionamento destas instituições. Alguém poderia ter tido a ideia de acordar o Dr. Constâncio da sua letárgica modorra e olhar para o que este pessoal andava a fazer. Agora, é que parecem preocupados com a regulação, querem ver e saber de tudo. Naturalmente, que esta ineficácia, está a traduzir-se na necessidade de tapar buracos financeiros à custa do nosso dinheiro. Mas, para que conste e num exercício de participação cívica e de colaboração com as autoridades, quero esclarecer que eu não sei nada dos 200 milhões, não os vi e não sei onde estão.
Assim, espero que me devolvam mais tarde o dinheiro que saiu dos meus impostos e que vão usar para cuidar da banca. Fico então à espera.

UM HOMEM CHAMADO DESENCONTRADO

Era uma vez um homem chamado Desencontrado. A sua vida foi uma sucessão de circunstâncias desencontradas. A tudo o que poderia ser decisivo na sua vida chegava demasiado tarde ou demasiado cedo. Passou, assim, parte do seu tempo a esperar pela vida ou a fazer a vida esperar por ele. À medida que o tempo passava, mais o Desencontrado se sentia do lado de fora dos acontecimentos.
De tal forma a sua vida se fez de desencontros que nem consigo próprio o Desencontrado se encontrou, alguma vez.

quarta-feira, 11 de março de 2009

O DR. FLINSTONE CANDAL TEM RAZÃO

Tem toda a razão o Dr. Flinstone Candal. Na sua troglodita opinião é à porrada que se educam opiniões. Vem agora um tipo, só porque é poeta, ainda por cima Alegre, desafiar as ideias do partido, onde é que isto vai parar? Salta o Flinstone de moca em punho, vade retro, subversiva ameaça. Um partido tem que ser inteiro, não pode ter diferenças, qualquer dia ainda querem um partido democrático. Dá-lhe com a moca Flinstone Candal, dá-lhe com a moca.
E o chefe da aldeia, não diz nada?

AI SE D. SARAIVA MARTINS SABE

Notícias da Figueira. Da famosa tertúlia do casino, que tantas pérolas nos tem fornecido nos últimos tempos, chega a agora a voz do Padre Feytor Pinto que, num discurso um bocadinho mais aberto que os seus pares de outras tertúlias recentes, vem reclamar educação sexual para os pais. Só pais educados, acha o Padre Feytor Pinto, podem educar bem os filhos. Assim enunciado, soa bem. No entanto, algumas notas.
Diz-me a experiência que muitos pais, nas sociedades actuais, devido a circunstâncias de vida ou de cultura, se sentem muito perdidos em matéria de educação dos filhos, desejando ardentemente que a escola cumpra um papel que eles, em casa, sentem uma tremenda dificuldade em assumir, não porque não o queiram fazer, mas porque se sentem inseguros sobre a forma de o fazer. Nesta perspectiva, os pais, muitos pais necessitam de ajuda e apoio para a sua acção educativa e nos mais variados aspectos, comportamentos dos miúdos, consumos, riscos, saídas, companhias, novas tecnologias, etc., etc. Por outro lado, no caso mais particular da educação sexual, apesar das considerações do Padre Feytor Pinto sobre as necessidades de formação dos pais, seria, provavelmente, mais útil que a educação sexual fosse providenciada a muitas pessoas com responsabilidade na Igreja, cujos discursos sobre esta matéria se constituem como dos piores contributos e ajudas às necessidades dos adolescentes e jovens e às dificuldades dos pais.
Continua, frequentemente, a estabelecer-se um equívoco entre educação para os valores e educação para a santidade.

HISTÓRIA DO IMAGINADOR

Era uma vez um rapaz chamado Imaginador. Desde que chegou à escola pequena se notou a sua capacidade para contar histórias que ninguém tinha ouvido. As pessoas apressavam-se a aconselhá-lo a não inventar coisas, algumas até o achavam mentiroso. O Imaginador não se importava muito e continuava a inventar mais histórias que deixavam os seus coleguinhas de ouvidos abertos e os adultos mais preocupados.
Quando mudou de escola e aprendeu a ler e a escrever, coisas de que gostava muito, mais do que dos números, então começou a escrever as suas histórias fantásticas. As pessoas bem lhe pediam para não inventar porque já não era um miúdo pequeno e não podia acreditar naquelas coisas estranhas que punha nas histórias, às quais, aliás, o Imaginador se referia como se fossem bem reais. Mais crescido, o Imaginador, para além das histórias que continuava a produzir, começou também a pintar coisas que surpreendiam as pessoas que, como sempre, lhe sugeriam que fizesse trabalhos mais bonitos e mais parecidos com os que toda a gente fazia. Tantas vezes e tanta gente pressionou o Imaginador que ele acabou, em adulto, por deixar de contar histórias e pintar coisas fantásticas.
Agora, faz como toda a gente, manda sms e tira fotografias com o telemóvel.

terça-feira, 10 de março de 2009

MAIS VALE TARDE QUE NUNCA

Como o povo diz, mais vale tarde que nunca. Ao que diz o Público, o PS prepara iniciativas legislativas que visam o combate à publicidade a alimentos hipercalóricos destinados a crianças e jovens e que promovam o abaixamento da quantidade de sal utilizada no pão. Paralelamente, propõe a distribuição nas escolas de frutas e legumes. Na boa tradição portuguesa do contrismo, nem as boas medidas merecem aplauso, só porque, neste caso, vêm do lado do Governo. Qualquer cidadão minimamente informado saberá que já enfrentamos um verdadeiro problema de saúde pública ao nível da obesidade infanto-juvenil, com as consequências inerentes, por exemplo, o aumento substantivo de diabetes entre os mais novos. Neste quadro, qualquer iniciativa que vise minimizar o consumo deste tipo de alimentos só pode ser bem recebida. O argumento sobre o potencial eleitoralismo é frágil, porque, por um lado, as boas medidas, quando são verdadeiramente boas, em termos de calendário, só pecam por tardias. Por outro lado, em abstracto não existem medidas políticas sem impactos potenciais nas eleições, isto é, todas as iniciativas políticas são susceptíveis de uma leitura que se reflicta no comportamento do eleitor, é inerente à democracia.

UM RAPAZ CHAMADO QUASE PERFEITO

Conheci uma vez um rapaz chamado Quase Perfeito. Ansiosamente desejado e esperado pelos pais, desde muito pequeno o acharam Quase Perfeito. Não fora uns pequenos pormenores, por vezes chorar a destempo, perturbando a noite dos pais ou não gostar muito de se rir para estranhos, por exemplo, e seria mesmo perfeito. Ao entrar na escola, o Quase Perfeito foi extraordinariamente pressionado para a obtenção de bons resultados. Foi sempre bom aluno, mas os pais entendiam que se podia esforçar mais pois era Quase Perfeito. Tudo o que lhe era pedido, por quem quer que fosse, tinha que ser realizado de forma excelente. O Quase Perfeito, aos poucos, começou a sentir dificuldades para lidar com a exigência. Ele até sabia que era Quase Perfeito, mas os pais esperavam melhor, sempre melhor. Na adolescência ficou ainda mais aflito porque o seu projecto de vida não correspondia ao que os pais tinham pensado, decidido, para ele. Tentou esforçar-se, afinal era Quase Perfeito, mas não conseguiu cumprir o destino que lhe estava traçado e desistiu. Pouco depois dos vinte, partiu, foi para longe onde ninguém o conhecia e até mudou de nome, passou a chamar-se Agora Sou Eu.
Os seus pais tiveram um quase filho.

segunda-feira, 9 de março de 2009

É BONITO MAS É (QUASE) NADA

No seu Roteiro para a Inclusão o Presidente da República vem fazer apelo ao diálogo entre empresas e trabalhadores. Muito bem, um diálogozinho mais nunca faz mal, antes pelo contrário. O problema é que isto, em termos práticos, é nada. Lembro-me daqueles pais voluntaristas que quando os seus rebentos se aborrecem com os amigos e se engalfinham, acorrem, aconselhando numa espécie de educação para a santidade, “temos que ser amiguinhos”. Não, não temos que ser “amiguinhos”, temos que pautar as nossas relações por princípios de equilíbrio e respeito, amiguinhos ou não.
Em tempos de grave crise, cuja maior consequência é o desemprego, temos, sobretudo, de perceber se os dispositivos de apoio são suficientes e, isto é que me parece fundamental, se são correctamente utilizados, quer pelas instituições, empresas por exemplo, quer pelas pessoas. Temos de nos assegurar que, com a desculpa da crise, não se verifiquem abusos que promovam desemprego injustificado e selvagem. Temos de assumir discursos realistas, por parte de estruturas sindicais, por exemplo, que sejam verdadeiramente defensoras dos trabalhadores e dos postos de trabalho. Temos, enfim, de definir políticas claras, transparentes e eficazes que protejam, de facto, as pequenas e médias empresas que, como é sabido, asseguram a grande maioria dos postos de trabalho em Portugal.
A retórica do diálogo, é bonita, mas é nada.

PARABÉNS BARBIE, CONTA MUITOS

Ao que parece, passam hoje 50 anos do lançamento da boneca Barbie pelo fabricante Mattel. O mundo deve estar agradecido e sublinhar tal efeméride. De facto, em bom rigor, criou-se há 50 anos o lado feliz do mundo. Seja com as bonecas, a Barbie e o companheiro Ken, seja com os humanos do tipo Barbie e Ken, o mundo passou a ter a face feliz, a face de plástico que se contrapõe à realidade pesada, séria, conflituosa, com as pequenas e grandes misérias que a compõem. O mundo Barbie é um mundo cor-de-rosa, um mundo encantado, o mundo em que o sonho é a realidade, um mundo onde não cabem as minudências da luta pela sobrevivência, um mundo onde tudo é feliz e que conforta.
Por tudo isto, obrigado e parabéns Barbie, conta muitos.

MULHERES DE NEGRO

(Foto de Adriane)

Quando partiste, as cores da minha vida foram contigo.

domingo, 8 de março de 2009

MAS NÃO SE PREOCUPAM TODOS?

Estou com alguma curiosidade relativamente aos números da abstenção nos próximos actos eleitorais embora ainda falte algum tempo. O facto de se começar pelas europeias, tradicionalmente com níveis altos de abstenção, pode acentuar a tendência de afastamento dos cidadãos da participação cívica. Vem isto a propósito da crítica de Ferreira Leite sobre a sobrevalorização por parte do PS de questões de imagem e marketing. É estranha a afirmação e por várias razões. Há décadas que está assente e faz parte das regras do jogo a utilização das técnicas de comunicação e marketing para venda de “produtos políticos”. A própria Ferreira Leite tem sido aconselhada e orientada face à imagem, vejam-se as constantes orientações do Génio Pacheco Pereira e do entertainer político conhecido pelo Professor, o Marcelo. É, também, sobejamente, conhecida a ligação da agência de comunicação de Cunha Vaz ao PSD. Assim, em vez do combate no plano de ideias, e das alternativas, temos um “fait-divers” sobre questões de imagem. É evidente que a máquina de propaganda e marketing do PS é extremamente eficaz, normalmente, quem está no governo está em vantagem, mas, no fundo, é tudo farinha do mesmo saco.
Mas que os cidadãos se fartam, também acredito.

AGENDA DAS CONSCIÊNCIAS - HOJE, AS MULHERES

Não há volta a dar, 8 de Março, o calendário das consciências manda reparar nas mulheres. Reparemos então.
Reparem como tem aumentado a violência doméstica incluindo homicídios ou, pelo menos, o conhecimento público desses episódios.
Reparem como se mantém a diferença de oportunidades e equidade salarial apesar das mudanças legislativas.
Reparem na necessidade de imposição legal de quotas para garantia de equidade.
Reparem na desigualdade no que respeita à ocupação de postos de chefia.
Reparem como um bispo brasileiro excomunga a mãe e a equipa médica que realiza um aborto numa miúda de nove anos, grávida de gémeos, violada pelo padrasto a quem a igreja não aplica tal “pena”.
Reparem nos números do tráfico de mulheres que também passa por Portugal
Reparem na criminosa mutilação genital feminina, também realizada em Portugal.
Reparem como a igreja continua a discriminar as mulheres.
Reparem, finalmente, no que ainda está por fazer.
Até para o ano, portanto.

sábado, 7 de março de 2009

PERGUNTE AO VENTO QUE PASSA

Gosto de Manuel Alegre mas começo a não ter pachorra para o poeta. Desde o 25 de Abril que, de mansinho, se instalou em Portugal uma partidocracia, na qual Alegre, o dono da consciência das esquerdas, tem tido o seu lugar, de referência, diz ele.
De há uns tempos para cá, entrou numa espiral patética de “dono de um milhão de votos”, vou lá e levanto o congresso”, “combate ao personalismo”, não falando ele de outra coisa, a sua figura, o farol, a voz, enfim, o dono das esquerdas.
É evidente que a organização do sistema político é favorável aos partidos e não aos cidadãos, pois que saia do PS e participe só por fora, poder ser que se altere o cenário instalado. Agora esta treta, aceita integrar a Comissão de Honra do congresso do PS mas depois não põe lá os pés porque blá, blá, blá, já não dá para aturar. E depois volta ao mesmo, a voz independente do PS.
Pergunte ao vento que passa. Pode receber um conselho. Eu alinho num movimento cívico que procure promover um novo quadro legal em que a voz dos cidadãos não tenha que ter gaiola partidária. Mas resolva-se.

UM VÍRUS NA CAMPANHA NEGRA

A campanha negra continua. Muito provavelmente devido à acção de um hacker a soldo da oposição e também apoiado pela concorrência na área da informática, um vírus atacou o software do Magalhães. O maldito vírus atacou a linguagem e os programas para os meninos ficaram cheios de erros. É evidente que só pode ser um vírus. Ninguém acredita que o software educativo que equipa o Magalhães não é produzido e testado por especialistas nas diferentes matérias. A competência demonstrada em toda a política educativa desenvolvida pelo ME não permite sequer imaginar que poderia ser um caso de disparatada negligência. De tal maneira, que o Secretário de Estado se diz surpreendido, claro, o vírus atacou depois de tudo testado e verificado. Ao que consta, o vírus será uma variante do famoso “Cavalo de Tróia” desenhado por ordem de algum “think tank” da oposição, não conseguindo atacar, por fora, as políticas geniais, resolveram atacar por dentro, e começaram pelos mais pequenos, aqueles que, por receberem um Magalhães, escrevem cartas à Ministra da Educação, dizendo que quando crescerem se inscreverão no PS, deixando a senhora tocada. Pois acho que é um golpe de baixa política, atacar a língua portuguesa e logo a que é tratada pelos mais pequenos.
Bem pode o Primeiro-ministro queixar-se de uma campanha negra.

O TEMPO DO SOBREIRO

Hoje, durante a tarde no meu Alentejo, estivemos a plantar uma dúzia de sobreiros, ainda pequenos. Enquanto o fazia, colocavam-se-me algumas questões. O sobreiro é uma árvore lenta, dá a primeira cortiça aos 25 anos e tem uma expectativa de vida entre os 170 e os 200, podendo chegar aos trezentos anos.
É uma dimensão de tempo que não tem nada a ver com os tempos de hoje. Os tempos actuais são os tempos da urgência, os tempos da pressa, os tempos do para já ou, até, para ontem. São os tempos dos resultados, resultados imediatos. São tempos sem espera, só espera quem não pode comprar o tempo. Os tempos de hoje fazem do tempo um bem que ninguém tem, antes tínhamos tempo, agora temos pressa. Os tempos de hoje não são os dias, são os segundos. Por tudo isto, eu, que já deixei os cinquenta para trás há algum tempo, dei por mim a rir-me desta tarefa, plantar sobreiros.
Amanhã, vou sentar-me perto deles a vê-los crescer, pelo menos, pelo menos, até à primeira cortiça.

sexta-feira, 6 de março de 2009

UMA COLIGAÇÃO BE, PCP E CDS-PP

Imaginemos que, à distância a que estão as eleições, se vão acentuando estas tendências, PS e PSD a descer e Bloco, PC e CDS-PP a subir. Teríamos, assim, a possibilidade de substituir o “centrão” pela “oposição”, ou seja, a animadora hipótese de um governo de coligação entre estes três partidos, o que parece um cenário, no mínimo, excitante. O Dr. Louçã como Primeiro-ministro e aflito com a situação, pois nasceu para protestar e não para governar. E imaginem o Dr. Portas, o Paulo outra vez ministro, agora da Administração Interna, mais de metade do país era presa. Como sabem o Dr. Portas defende a prisão para todos que cometam delinquência, pequena ou grande. Em Portugal, muitos de nós carregamos alguma pequena delinquência, quanto mais não seja, o carrinho em cima do passeio, donde, estão ver. A maioria do funcionalismo público seria reciclada e transformada em polícias e o país seria um paraíso de segurança, sem emigrantes é claro. Pensem também como se resolveria um dos maiores problemas actuais do país, o desemprego, se tivéssemos Jerónimo Sousa como ministro do Trabalho e Segurança Social, não haveria mais protestos, teríamos empregos para toda a gente e para toda a vida, reformas sólidas, etc. Depois era completar, Bernardino Soares na Presidência da Assembleia da República, Miguel Portas nos Estrangeiros, Teresa Caeiro na Saúde, Nuno Melo na Justiça, Mário Nogueira na Educação, Fernando Rosas na Cultura, etc.
Eu estou disposto a arriscar e vocês?

A RETÓRICA DO MINISTRO LINO

Este tipo de afirmações, "o governo já tomou medidas para resolver o problema" são ouvidas tão frequentemente e a propósito de tantos aspectos que ninguém já acredita verdadeiramente nelas.
Agora é o homem das obras públicas, o Ministro Mário Lino, a garantir que já não volta a verificar-se a derrapagem financeira escandalosa referida pelo Tribunal de Contas ao analisar, por exemplo, é só mais um, as obras no Aeroporto Sá Carneiro. Porque é que será que ouvimos o Ministro afirmar tal coisa e não acreditamos nem um bocadinho. Porque a teia de interesses em volta destas matérias é tão nebulosa e profunda que não nos parece possível bulir seriamente com ela. Por isso achamos que estes discursos não passam de retórica. E continuamos a reconhecida desconfiança face à classe política.

O TÍMIDO E O AMIGO

Era uma vez um rapaz chamado Tímido, Desde miúdo que era uma pessoa discreta, sem grandes falas, apenas o necessário, sempre no seu canto, umas vezes a observar, outras entretido com desenhos ou com letras. Pouco disposto para as brincadeiras que o pessoal da sua escola organizava, os colegas do Tímido também se habituaram ao seu jeito, estava por perto mas sem grandes diálogos. Cumpria as suas tarefas de forma tranquila e voltava ao mundo das letras e dos desenhos.
Um dia, encontrou um amigo de quem gostou a sério. Era tão calmo quanto o Tímido quisesse, falava quando o Tímido queria que falasse, mostrava o que o Tímido queria ver, ensinava o que o Tímido queria saber, sempre que o Tímido queria o seu amigo estava por perto, o amigo não inquiria permanentemente o Tímido sobre o porquê dos seus comportamentos, enfim, o Tímido tinha encontrado o amigo ideal.
Chamava-se Computador. Havia um pequeno problema, os pais do Tímido não gostavam do amigo do filho. É natural, os pais nunca gostam de quem lhes leva os filhos.

quinta-feira, 5 de março de 2009

OBRIGADO SENHOR PRESIDENTE DA GALP

Não dá para entender. Quando as empresas com capitais públicos acumulam recorrentes prejuízos aqui d’el rei porque os gestores são incompetentes, vivem à custa do erário público, são um sorvedouro de dinheiro, etc. Uma empresa apresenta lucros, chama-se o seu presidente ao Parlamento para prestar contas. Estranho. Ainda para mais, o Presidente Ferreira de Oliveira já explicou como é que a coisa funciona. Há tempos atrás, em plena crise do mercado dos combustíveis, com o barril a bater nos 150 dólares, o senhor muito didacticamente explicou que não há uma relação linear entre o preço do barril e o preço a que depois vende os combustíveis aos consumidores. Nós, burros desinformados, pensávamos que havia, mas não. Assim, na formação dos preços trata-se de definir quanto é que a petrolífera ganha, mais ou menos, assim nós pagaremos mais ou menos. Fica, no entanto, salvaguardado que a Galp, neste caso, ganha sempre. Apresentou lucros de 2008 no valor de 478 milhões o que representa uma subida de apenas 14% face aos números e 2007. Acresce que quando se compara o último trimestre de 2007 e de 2008, a subida de lucros se ficou nuns moderados 198,8 %. Parece-me ainda de registar a generosidade da Administração da Galp, que geriu a empresa no sentido dos lucros subirem tão pouco o que o bolso do cidadão agradece. Não percebo, assim, a ingrata atitude do PCP de chamar o Eng. Ferreira de Oliveira ao Parlamento. Deveria agradecer a generosa solidariedade mas, provavelmente, trata-se de animosidade contra os engenheiros

UM AMIGO PORTÁTIL

Hoje, já ao fim do dia num dos corredores do Metro, estava de saída, começo a notar ao longe alguém que caminhava na minha direcção e que, quando comecei a reparar na figura, me parecia envolvido numa estranha coreografia, pois andava, voltava-se para o lado, gesticulava como se estivesse a falar para alguém que caminhasse ao seu lado. Quando se aproximou mais, acabando por se cruzar comigo, reparei que o moço, tratava-se de um sujeito na casa dos vinte, falava ao telefone com um daqueles dispositivos com micro e fones que deixam as mãos livres. Quando passou mais perto, ria-se de forma entusiasmada e falava para o “outro(a)” que caminhava ao seu lado sempre com uma coreografia gestual bastante expressiva. Ainda olhei, discretamente, para trás e a personagem continuava em animado diálogo com a sua “companhia”.
Achei piada a esta situação que os telemóveis, também, permitem, a portabilidade das pessoas. De facto, aquele amigo, com a ajuda do telemóvel, tinha pessoas portáteis, alguém com quem interagia como se estivesse ao seu lado. Com estes dispositivos e com alguns euros, temos amigos portáteis sempre à mão.

quarta-feira, 4 de março de 2009

CONFIAR EM QUÊ? CONFIAR EM QUEM?

Diz a sábia intervenção do Sr. Presidente da República que para combater a crise é fundamental “restaurar a confiança nos mercados financeiros”. Não sendo especialista em economia, ou por outra, estando cada vez mais especializado em micro-economia e finanças para conseguir o que o meu vencimento seja compatível com trinta dias, parece claro para toda a gente a importância dos níveis de confiança em diferentes dimensões da nossa vida.
Compreende-se, assim, a atribuição de importância que o Presidente expressa relativamente ao “restaurar da confiança nos mercados financeiros”. Tudo bem, a questão é como. É exactamente no mercado financeiro que radica a actual crise que, só depois, se transformou em crise económica, a supervisão e regulação do mercado financeiro funcionou de forma ineficaz, veja-se as trapalhadas com o BPN, BPP, etc., veja-se a história mal contada da compra das acções da Cimpor, etc. Também o Ministro Teixeira dos Santos afirmou haver supervisão no off-shore da Madeira, coisa em que, obviamente ninguém acredita. Temos ainda a teia complexa das relações existentes entre as administrações das instituições financeiras que são de uma notável falta de transparência.
Então, confiar em quê? Confiar em quem?

UM HOMEM CHAMADO DESTINO

Era uma vez um homem chamado Destino. Quando começou a ter consciência do nome que lhe deram, nos primeiros anos, achava graça, e até ficava vaidoso, por tanta gente parecer conhecer o seu nome. Na família, na escola, na rua, em muitas conversas das pessoas que, de vez em quando, se referiam ao Destino, coisa que deixava o Destino contente.
Quando cresceu começou a achar menos graça à situação. Voltava-se para um lado e ouvia a propósito de um problema qualquer, “ a culpa é do Destino”, noutra altura ouvia que o Destino é que diria como as coisas iriam acontecer. Umas pessoas esperavam que o Destino fosse bom para elas. Muitas outras depositavam no Destino a resolução da sua vida, “há-de ser o que o destino quiser”. Algumas pessoas revoltavam-se contra o Destino porque não tinha sido simpático para elas. Algumas, embora não gostassem do Destino, lá se resignavam, “temos que aceitar o Destino”. E registavam-se muitas outras referências deste tipo, sempre com o aspecto comum de que o Destino determinava os acontecimentos, sobretudo os menos positivos.
Um dia, o Destino não aguentou mais esta pressão e partiu. Em busca de outro Destino.

terça-feira, 3 de março de 2009

UM PAÍS À MINHOCA

Esta ideia das minhocas tem potencial. A vermicompostagem, ou seja o tratamento de lixo e resíduos por, neste caso, minhocas em período experimental em Riba de Ave pode ser inspiradora. E porque não aproveitar mais melhor a minhoca. Em primeiro lugar, mão-de-obra é problema que se não põe, o país, de há algum tempo anda completamente à minhoca. Por outro lado, lixo não falta e o ambiente agradeceria com a vantagem suplementar da produção de húmus que enriquece os solos. Poderíamos colocar as minhocas de volta do lixo tóxico bancário. Seria certamente vantajoso distribuir uns milhões de minhocas por parte importante das autarquias onde teriam com que se entreter face à podridão instalada em muitas. Ouve-se também dizer, por exemplo, que o futebol português está podre, mais serviço para as minhocas. E muitos mais exemplos se poderiam encontrar para dar trabalho às minhocas.
Em todo caso, tenho penas delas.

FAZER PERGUNTAS

Hoje estava a ouvir uma conversa entre duas pessoas que, pela natureza da mesma, pareciam gente da escola e que falavam duns miúdos “chatos”, “daqueles sempre a fazer perguntas”, sempre a atrapalhar. Lembrei-me de uma história que há algum tempo me contaram no Alentejo. Um sujeito concorreu a um lugar, foi aceite, foi ver o seu novo lugar e aprender a tarefa com quem a tinha desempenhado e estava de saída para a reforma. A tarefa era realizada à beira de uma linha de comboio e exigia que de hora a hora ele levantasse uma bandeirola. Querendo mostrar motivação o novo trabalhador perguntou, “levanto a bandeirola de hora a hora, é quando o comboio passa?”. O sujeito de saída responde, “não amigo, há muito tempo que o comboio já não passa por aqui”, “então se o comboio já passa por aqui, porque raio tenho de levantar a bandeirola?”. “Ó amigo, estive aqui 40 anos e não fiz perguntas, você está chegar e não pára de perguntar!”
Realmente, não se entende, se não fizermos perguntas somos muito mais felizes. Os miúdos não aprendem.
Porque será?

segunda-feira, 2 de março de 2009

OFF-SHORES COM SUPERVISÃO É "LESA NATURA"

É interessante a análise do Ministro Teixeira dos Santos. Concorda com o desmantelamento dos off-shores, mas admite a manutenção do off-shore da Madeira porque tem regras, existe informação e pode ser supervisionado. Em primeiro lugar, distinguir entre off-shore bons e maus é algo que não lembra a ninguém, considerando a natureza desses organismos. Mas para não bulir com muitos interesses que passam pela Madeira, fica simpático achar que é uma realidade diferente e parte do pressuposto, de novo, que o pessoal é néscio, acredita que só se fazem negócios manhosos nas Ilhas Cayman.
Depois, o Ministro quer-nos convencer que existe capacidade de regulação e supervisão sobre o off-shore da Madeira. Nenhum de nós terá dúvidas, basta atentar na altíssima eficácia da supervisão nos episódios que têm afectado a banca em Portugal. Os processos relativos ao BPP, ao BPN e a SLN são excelentes exemplos de rigor e qualidade na regulação. No buraco sem fundo que é o circuito dos off-shores a supervisão seria certamente eficaz.
Era mais transparente dizer qualquer coisa como, sabemos exactamente o que se passa e para que servem os off-shores, mas não dá muito jeito nem é possível acabar com eles.

À PROCURA DO FUTURO

Um dia destes encontrei-me com aquele meu amigo que vocês conhecem, o Professor Velho, aquele que já não dá aulas, está na biblioteca da escola e fala com os livros. “Ainda bem que te encontro, tenho uma história que me aconteceu ontem, boa para o teu blogue, não é assim que se chama?” “Conta, Velho”.
“Fui a um a turma, pessoal dos oito anos, falar com eles sobre o passado e sobre o futuro e para poder falar sobre o futuro lembrei-me de lhes pedir uma originalidade, o que gostavam de fazer quando crescessem e porquê. Apareceram-me umas respostas que me deixaram a pensar. Não consegui fixar todas, a seguir tivemos uma bela conversa, mas vou dizer-te algumas.
O Manel quer ser Leitor de Livros porque adora ler, agora não tem tempo, está todo o dia na escola sempre a fazer coisas e à noite tem trabalho de casa, janta e dorme. Ao fim de semana os pais levam-no o tempo todo para o Centro Comercial.
A Maria acha que vai ser Brincadora porque, pelas mesmas razões do Manel, não tem tempo para brincar.
A Joana diz que vai ser Faladora, gosta de falar com as pessoas e as pessoas falam pouco com os miúdos.
O Francisco disse que gostava de ser Neto para poder ter um avô.
O Mário quer ser Espectador para poder ver as coisas que agora ninguém o leva a ver.
A Cláudia gostava de ser Pequena porque agora, diz ela, tem uma vida com mais trabalho que os grandes.
O Zé disse que vai ser Relógio para mandar no tempo.
Que achas do futuro que escolhem?”
Está muito longe, Velho.

domingo, 1 de março de 2009

PRONTO, ACABOU, VAMOS AO QUE INTERESSA, AS ELEIÇÕES

Não se espera que um congresso partidário defina um programa de governo. Isso é tarefa dos órgãos que o congresso elege. Um congresso é, sobretudo, um espaço de reflexão e reestruturação interna, eleição de novos órgãos, definição de grandes linhas de orientação e alguns discursos virados para fora e, nas mais das vezes, informados por retórica de má qualidade, quando não de baixo nível, dirigidos aos outros partidos. Apesar disso, do discurso final de Sócrates emergem alguns enunciados eleitorais, a extensão da escolaridade obrigatória, a atribuição de bolsas a jovens entre os 15 e os 18 e a cobertura total da oferta de educação pré-escolar, não como disse José Sócrates numa perspectiva de preparação para o 1º ciclo, mas pelos objectivos fundamentais e próprios da educação pré-escolar. Merecem registo positivo.
Em termos de orientação política, o grande objectivo é a maioria absoluta. Para treinar as ideias de absolutismo a Moção de Sócrates foi aprovada por 1094 votos, 13 abstenções e 1 voto contra, ao que parece do próprio Sócrates envergonhado do unanimismo gerado. De salientar o prémio de fidelidade atribuído a Santos Silva promovendo-o de 95º a 10º da lista. O prémio é apoiado pela conhecida marca Pedigree.
O dono da esquerda, o Poeta Alegre, depois de aceitar integrar a Comissão de Honra do Congresso não pôs lá os pés, em mais uma coerente cambalhota e João Cravinho saiu da lista para a Comissão Nacional aquietando, assim, quem se incomodava com a guerra à corrupção que, como sabem, é um estorvo. Merece registo a meia surpresa da indicação de Vital Moreira para cabeça de lista para as Europeias, na linha dos desinteressados convites políticos a Pina Moura ou Mário Lino, por exemplo ou no desejo de contar com o Zé, o Sá Fernandes, para Lisboa logo que o Bloco se afastou, o que transforma o PS numa espécie de albergue dos deserdados da esquerda que sempre rendem alguns votozinhos e compõem a imagem do Partido à esquerda
De resto, talvez a estratégia de vitimização, subjacente a parte dos discursos produzidos, venha a dar algum efeito, o povo costuma ser sensível e uma referência à organização da cerimónia litúrgica em moldes de choque tecnológico que bem poderia ter passado pela distribuição de um Magalhães a cada delegado.
E pronto, voltemos de novo à política a sério, mesmo que sem qualidade.

Sons da minha estrada - JACQUES BREL