domingo, 3 de junho de 2012

À DERIVA

Várias vezes aqui me tenho referido às dificuldades porque passam muitas crianças, incluindo as de natureza alimentar, como as escolas e as instituições de apoio social bem conhecem.
O MEC decidiu que as escolas providenciassem pequeno-almoço a crianças carenciadas e para isso anuncia um dispositivo e calendário sem se assegurar da operacionalização da entrega, designadamente, a questão do transporte, da responsabilidade das autarquias que souberam há poucos dias, sem trabalho de preparação, que deveriam proceder não sabendo exactamente a quê, como referem os representantes da Associação de Municípios.
Por outro lado, Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares,  e  Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, afirmam que depois de vários contactos tentados, não conhecem qualquer escola que fosse informada sobre a entrega do pequeno-almoço a alunos seus durante esta semana. Acresce que estamos no fim do ano lectivo com alunos a entrar em férias dentro de dias, não se percebendo com clareza o calendário da medida embora, como é óbvio, o apoio seja necessário mas num processo organizado, planeado e eficaz.
Este episódio, como outros, desenvolve-se, ao que parece, na linha do que se passou com o deplorável processo dos mega-agrupamentos que, de acordo com o MEC, "ocorreu através de um amplo diálogo em que a maioria dos intervenientes manifestou o seu acordo” quando são conhecidas profundas divergência e muitíssimas situações onde o processo foi imposto contra a opinião dos estabelecimentos de ensino e de outros envolvidos.
O Ministro Nuno Crato, homem inteligente, aprendeu depressa as manhas do discurso político, tudo está a correr bem, tranquilamente e conforme planificado. As decisões, sempre correctas, quando não geniais, foram tomadas com base num amplo diálogo e concordância genérica e tranquila, o que a realidade desmente.
Mas é assim no Portugal dos Pequeninos, a realidade está enganada, o Ministro é que está certo. A deriva política a que nos habituámos de há décadas na educação, continua.

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