Várias vezes aqui me tenho
referido às dificuldades porque passam muitas crianças, incluindo as de
natureza alimentar, como as escolas e as instituições de apoio social bem
conhecem.
O MEC decidiu que as escolas
providenciassem pequeno-almoço a crianças carenciadas e para isso anuncia um
dispositivo e calendário sem se assegurar da operacionalização da entrega,
designadamente, a questão do transporte, da responsabilidade das autarquias que
souberam há poucos dias, sem trabalho de preparação, que deveriam proceder não
sabendo exactamente a quê, como referem os representantes da Associação de Municípios.
Por outro lado, Manuel Pereira, presidente
da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, e Filinto Lima, dirigente da Associação Nacional
de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, afirmam que depois de vários
contactos tentados, não conhecem qualquer escola que fosse informada sobre a
entrega do pequeno-almoço a alunos seus durante esta semana. Acresce que
estamos no fim do ano lectivo com alunos a entrar em férias dentro de dias, não
se percebendo com clareza o calendário da medida embora, como é óbvio, o apoio
seja necessário mas num processo organizado, planeado e eficaz.
Este episódio, como outros, desenvolve-se,
ao que parece, na linha do que se passou com o deplorável processo dos
mega-agrupamentos que, de acordo com o MEC, "ocorreu através de um amplo
diálogo em que a maioria dos intervenientes manifestou o seu acordo” quando são
conhecidas profundas divergência e muitíssimas situações onde o processo foi
imposto contra a opinião dos estabelecimentos de ensino e de outros envolvidos.
O Ministro Nuno Crato, homem
inteligente, aprendeu depressa as manhas do discurso político, tudo está a
correr bem, tranquilamente e conforme planificado. As decisões, sempre correctas,
quando não geniais, foram tomadas com base num amplo diálogo e concordância
genérica e tranquila, o que a realidade desmente.
Mas é assim no Portugal dos
Pequeninos, a realidade está enganada, o Ministro é que está certo. A deriva
política a que nos habituámos de há décadas na educação, continua.
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