quarta-feira, 20 de junho de 2012

PESSOAS EM ESTADO SEMI-NOVO PARA TODO O SERVIÇO, VENDEM-SE OU ALUGAM-SE

Segundo o Relatório anual elaborado nos Estados Unidos sobre o tráfico de pessoas, Portugal integra o grupo 2, o dos países que combatem de forma insuficiente este crime, sendo que no Relatório de 2011 o nosso país incluía o grupo 1, países que cumprem os critérios, dos EUA é claro, no combate ao tráfico humano. Na verdade, com impressionante regularidade vão surgindo relatos de situações de autêntica escravatura em países da UE incluindo Portugal.
Este negócio, o tráfico de pessoas, um dos mais florescentes e rentáveis em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas assimetrias na distribuição da riqueza.
Numa altura em que exige, e consegue-se, a flexibilização das leis do trabalho, em que a pressão sobre a competitividade e produtividade atingem níveis altíssimos, produzindo um nível de desemprego e precariedade devastadores em que a regulação quase não existe, um deus mercado que não tem alma, não tem ética e é amoral pode alimentar muitas formas de escravatura “light”, por assim dizer.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como bem, a sua própria pessoa e os mercados, sempre os mercados, aproveitam tudo, por isso, compram e vendem as pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade, e as necessidades de "consumo" exigirem.
O que parece ainda mais inquietante é o manto de silêncio e negligência que, com frequência, cai sobre este drama tornando transparentes as situações, não as vemos.

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