Segundo o Relatório anual elaborado nos Estados
Unidos sobre o tráfico de pessoas, Portugal integra o grupo 2, o dos países que
combatem de forma insuficiente este crime, sendo que no Relatório de 2011 o nosso
país incluía o grupo 1, países que cumprem os critérios, dos EUA é claro, no
combate ao tráfico humano. Na verdade, com impressionante regularidade vão
surgindo relatos de situações de autêntica escravatura em países da UE
incluindo Portugal.
Este negócio, o tráfico de pessoas, um dos mais
florescentes e rentáveis em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade
social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa
necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de
facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas
assimetrias na distribuição da riqueza.
Numa altura em que exige, e consegue-se, a
flexibilização das leis do trabalho, em que a pressão sobre a competitividade e
produtividade atingem níveis altíssimos, produzindo um nível de desemprego e
precariedade devastadores em que a regulação quase não existe, um deus mercado
que não tem alma, não tem ética e é amoral pode alimentar muitas formas de
escravatura “light”, por assim dizer.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como
bem, a sua própria pessoa e os mercados, sempre os mercados, aproveitam tudo,
por isso, compram e vendem as pessoas dando-lhe a utilidade que as
circunstâncias, a idade, e as necessidades de "consumo" exigirem.
O que parece ainda mais inquietante é o manto de
silêncio e negligência que, com frequência, cai sobre este drama tornando
transparentes as situações, não as vemos.
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