sexta-feira, 8 de junho de 2012

EE=ES, Exclusão Escolar igual a Exclusão Social

Na imprensa de hoje encontram-se referências a dados divulgados pela Comissão Europeia, relativos a 2011, segundo os quais, Portugal tem a terceira taxa mais alta de abandono escolar precoce da UE. Apesar dos avanços verificados e que importa registar, em 2009 era de 31,4% ainda apresentamos o preocupante valor de 23,2%. A média europeia situa-se nos 13,5% e o objectivo estabelecido na UE para que em 2020 se situe em 10% parece para nós inacessível.
Como muito frequentemente afirmo, o abandono escolar é frequentemente a primeira etapa da exclusão social. Nesta perspectiva, o combate ao abandono deve, tem de, ser um eixo central na política educativa. A eficácia nesta tentativa de baixar os níveis de abandono passa por apoio oportuno a dificuldades detectadas e, necessariamente, pela diversificação dos percursos de educação e formação, o que habitualmente se designa por oferta educativa.
Deve sublinhar-se que têm sido realizados progressos bastante significativos na diversificação desta oferta embora, muitas vezes, as alternativas disponibilizadas sejam percebidas pelos alunos e pelas famílias como “formação de segunda”: Importa perceber o que nesta matéria vai acontecer com a política de mega-agrupamentos com impacto na oferta educativa. Por outro lado, algumas escolas têm práticas que alimentam esta percepção da "formação de segunda" , na medida em que canalizam preferencialmente os “maus alunos” para formação “alternativa”.
Na verdade, o que é absolutamente central é que os jovens ao sair do sistema se encontrem equipados com qualificação profissional, quer ao nível do ensino secundário, quer ao nível do ensino superior que com o trabalho no âmbito do ensino politécnico tem condições para processos de qualificação mais curtos e mais diversificados.
Acontece que boa parte da PEC - Política Educativa em Curso, designadamente, a constituição de mega-agrupamentos, aumento do número de alunos por turma, centração excessiva em exames normalizados e nos resultados, constrangimentos nos dispositivos de apoio a alunos com dificuldades escolares, entre outros aspectos, não me parecem a melhor forma de combater os maus resultados escolares, a principal causa do abandono escolar precoce e que associados a outros factores potenciam a taxa que apresentamos.
Continuo a insistir que é bastante mais caro lidar com as consequências, muito diversificadas e algumas bem graves, do abandono e do insucesso escolar, do que prevenir e apoiar dificuldades.
Os gestores da 5 de Outubro, bons em matemática, deveriam conhecer a fórmula, DE+(-P)+(-Ap)=AE e AE=ES, ou seja, Dificuldades Escolares com menos Professores e menos Apoios, produzirá Abandono Escolar que é igual a Exclusão Social.

Sem comentários: