Na imprensa de hoje encontram-se referências a
dados divulgados pela Comissão Europeia, relativos a 2011, segundo os quais,
Portugal tem a terceira taxa mais alta de abandono escolar precoce da UE.
Apesar dos avanços verificados e que importa registar, em 2009 era de 31,4%
ainda apresentamos o preocupante valor de 23,2%. A média europeia situa-se nos
13,5% e o objectivo estabelecido na UE para que em 2020 se situe em 10% parece
para nós inacessível.
Como muito frequentemente afirmo, o abandono
escolar é frequentemente a primeira etapa da exclusão social. Nesta
perspectiva, o combate ao abandono deve, tem de, ser um eixo central na
política educativa. A eficácia nesta tentativa de baixar os níveis de abandono
passa por apoio oportuno a dificuldades detectadas e, necessariamente, pela
diversificação dos percursos de educação e formação, o que habitualmente se
designa por oferta educativa.
Deve sublinhar-se que têm sido realizados
progressos bastante significativos na diversificação desta oferta embora,
muitas vezes, as alternativas disponibilizadas sejam percebidas pelos alunos e
pelas famílias como “formação de segunda”: Importa perceber o que nesta matéria
vai acontecer com a política de mega-agrupamentos com impacto na oferta
educativa. Por outro lado, algumas escolas têm práticas que alimentam esta
percepção da "formação de segunda" , na medida em que canalizam
preferencialmente os “maus alunos” para formação “alternativa”.
Na verdade, o que é absolutamente central é que
os jovens ao sair do sistema se encontrem equipados com qualificação
profissional, quer ao nível do ensino secundário, quer ao nível do ensino
superior que com o trabalho no âmbito do ensino politécnico tem condições para
processos de qualificação mais curtos e mais diversificados.
Acontece que boa parte da PEC - Política Educativa
em Curso, designadamente, a constituição de mega-agrupamentos, aumento do
número de alunos por turma, centração excessiva em exames normalizados e nos
resultados, constrangimentos nos dispositivos de apoio a alunos com
dificuldades escolares, entre outros aspectos, não me parecem a melhor forma de
combater os maus resultados escolares, a principal causa do abandono escolar
precoce e que associados a outros factores potenciam a taxa que apresentamos.
Continuo a insistir que é bastante mais caro
lidar com as consequências, muito diversificadas e algumas bem graves, do abandono
e do insucesso escolar, do que prevenir e apoiar dificuldades.
Os gestores da 5 de Outubro, bons em matemática,
deveriam conhecer a fórmula, DE+(-P)+(-Ap)=AE e AE=ES, ou seja, Dificuldades
Escolares com menos Professores e menos Apoios, produzirá Abandono Escolar que é
igual a Exclusão Social.
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