É extraordinariamente difícil e requer
uma infinita dose de optimismo ou negação da realidade, fugir ao olhar sobre os
tempos que atravessamos e as suas implicações. Qualquer que seja o ângulo pelo
qual olhemos o que nos rodeia, é quase impossível não sentir um sobressalto. Da
imprensa de hoje, dois desses olhares merecem reflexão.
No JN lê-se que de acordo com um
vereador da Câmara de Coimbra, na lista de espera para habitação social se
encontram pessoas com licenciatura, mestrado e mesmo doutoramento. É um dado absolutamente extraordinário. Todos
os estudos e dados estatísticos sustentam a fortíssima relação entre
qualificação e nível de bem-estar e qualidade de vida. Nós conseguimos um verdadeiro
milagre, criamos a mais qualificada geração de desempregados da nossa história,
criamos a mais qualificada geração de emigrantes da nossa história e
conseguimos ainda, pelos vistos, criar a mais qualificada geração de candidatos
a habitação social. Há aqui qualquer coisa de trágico e estranho.
No I e segundo dados de um estudo
internacional realizado pela seguradora Zurich, o sono dos portugueses anda perturbado
pelo crise e o desemprego ou ameaça de desemprego, o cuidar dos filhos e a
economia familiar.
Na verdade, é mesmo difícil
encontrar algum motivo de optimismo, tudo nos tira a vida e também o sono,
resta-nos o quê?
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