Era uma vez um homem chamado Atrasado. A sua vida
decorreu como seria de esperar da vida de um Atrasado. Começou por nascer
uns dias depois da data prevista. Andou e falou um bocadinho mais tarde que a
generalidade dos miúdos. Durante a escola era sempre o último a chegar mas,
para compensar, era também o último a acabar os trabalhos.
O Atrasado chegava tarde aos encontros com os
amigos e à generalidade das actividades em que se envolvia. Toda a gente
conhecia a música e as novidades antes dele, do Atrasado.
Do seu grupo de amigos foi o último a casar. A
mulher do Atrasado até dizia que tinha casado com ele porque assim esperava em
casa e não num local qualquer onde ele, invariavelmente, chegava atrasado.
Quando começou a trabalhar o Atrasado teve sorte, arranjou um emprego com
horário flexível.
Enfim, quem conhecia o Atrasado habituava-se a
esta maneira de funcionar.
Um dia, já velho, andava o Atrasado a deambular
pelos seus pensamentos, quando deparou com um grupo de pessoas que olhavam, com
alguma ansiedade, para um buraco aberto no chão, no meio de uma zona verde.
Aproximou-se e alguém que o reconheceu exclamou, “Finalmente, podemos então
fazer o funeral”.
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