Segundo dados hoje conhecidos, menos de 2% dos casais
com filhos estão a recorrer à possibilidade que existe desde 2009 de aceder ao
prolongamento por seis meses, três por progenitor, da licença parental, sendo
que nos casais que a usam é a mãe que fica mais tempo. Importa dizer que este
prolongamento da licença parental coloca o salário em 25% do vencimento bruto.
Considerando o tempos que atravessamos, o abaixamento dos rendimentos familiares,
a insegurança e a precariedade no emprego, não é estranho o facto de apenas um
número muito reduzido de famílias recorrer a este "incentivo" ao
aumento da natalidade.
A leitura destes dados do Instituto da Segurança
Social fizeram-me recordar que em Julho, a imprensa referiu-o, o DN colocou em
1ª página, que o FMI propunha apoiar as mães que voltem mais cedo ao trabalho.
O FMI pretendia que mais mulheres estivessem a trabalhar
mais tempo, não perdendo horas de trabalho com essa coisa estúpida e
desnecessária de cuidar dos filhos uns meses depois do nascimento. Nesse
sentido, defendia que em vez de apoio às famílias se atribuam apoios às mães
trabalhadoras.
Como escrevi na altura, os dados de hoje
comprovam-no, não acreditava que os burocratas do FMI não soubessem, que
Portugal já é o país onde as mulheres com filhos mais trabalham, a tempo
inteiro, além de que é também o país em que existem mais casais empregados e
com filhos.
Os burocratas do FMI insistem no mais trabalho
quando, certamente, também sabiam, que os países mais ricos, com menos
desemprego são justamente os que têm menor rácio de horas de trabalho, é caso
de Alemanha e Holanda. Paralelamente, nos países mais desenvolvidos e com menos
desemprego também se assiste ao aumento do trabalho parcial.
Por outro lado, como se sabe, em toda a Europa
mas em particular entre nós, os nascimentos estão em níveis perigosamente
baixos sendo que o índice de fertilidade nas mulheres portuguesas nos últimos
anos não é suficiente para assegurar a renovação das gerações.
É fundamental para o nosso desenvolvimento e
futuro a definição de políticas de família que incentivem a natalidade e não o
caminho inverso agora proposto por burocratas ignorantes que propõem medidas
que os seus países não subscrevem, mas que para os pobres devem ser boas,
trabalhar, trabalhar, como se trabalhar mais fosse igual a trabalhar melhor. A
questão é que, tal como os dados do Instituto de Segurança Social os incentivos
definidos num país pobre e a empobrecer mais são ineficazes.
Numa nota final, espero o dia em que os
burocratas iluminados do FMI sugiram o retorno legal do trabalho infantil. O
problema é que nessa altura teremos ainda menos miúdos para trabalhar.
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