Durante a tarde escrevi umas
notas apressadas sobre a velha luta entre os criadores e artistas portugueses e
os homens das rádios sobre o tempo destinado por estas à música portuguesa.
Depois do escrever fiquei a
pensar como, quando era miúdo, a rádio era o tudo na nossa vida, a de alguns de
nós evidentemente, pois não tínhamos mais do que um aparelho de rádio lá em
casa, muito bonito aliás, panorama que mudou quando, pelos meus doze anos, entrou
uma novidade extraordinária, um gravador de cassetes, uns antes de acedermos a
um luxo chamado televisão.
A rádio era assim a nossa janela para
o mundo para além de uma imprensa em papel que, salvo honrosas e combatidas
excepções, era muito cinzenta, como os tempos da época.
Conhecia a música e a informação
que a rádio estava autorizada a dar-nos a conhecer.
Felizmente que havia muita gente
que tentava contrariar o ditado musical e informativo da época, de diferentes
maneiras, abrindo assim umas janelinhas para outros mundos. Ainda me lembro de
algumas incursões de alguns programas em autores "proibidos" e da
audição às escondidas da BBC em onda curta para saber do outro lado do país.
Recordo como os relatos
desportivos feitos pelas estrelas do tempo de forma que quase nos levavam para
dentro dos estádios, eram seguidos lá em casa.
No que diz respeito à música e
numa pirataria ingénua, passei muitas horas de dificuldade com o gravador preparado para carregar no
"Rec" e ir gravando as músicas que me permitiam a constituição de "playlists"
com as preferências e como odiava os homens da rádio quando resolviam falar em
cima das músicas inutilizando a sua gravação e o crescimento do meu acervo
musical.
Já houve um tempo assim em
Portugal, lembram-se? Dos dias da rádio.
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