sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O QUE NÃO PODE ACONTECER

A imprensa de hoje dá a conhecer a existência de cerca de 1500 pessoas nomeadas pelo Governo, na sua maioria para funções de assessoria, que recebem os subsídios de férias em 2012.
Não me vou deter sobre o montante envolvido que no conjunto da despesa pública é certamente irrelevante.
O que não é irrelevante é a situação absolutamente iníqua e insustentável que a decisão cria independentemente dos seus contornos legais. Não é um problema de legalidade ou de montante, mas de algo de estruturante da vida das comunidades, ética, moral e dignidade.
Várias vezes aqui tenho referido os danos devastadores que causam à saúde da nossa vida cívica e política algumas decisões e comportamentos das lideranças políticas, económicas, sociais ou culturais. Nem todos esses comportamentos, decisões ou discursos podem ser considerados ilegais, mas muitos são certamente imorais e verdadeiros atentados à ética.
Nos tempos que correm este tipo de situações são como que gasolina na fogueira do descontentamento e, naturalmente, produzem no cidadão comum incompreensão e revolta potenciadora de reacções compatíveis esse estado de indignação e revolta.
No plano ético, o despudor está de tal modo instalado que muita gente assume com a maior desfaçatez discursos e comportamentos que verdadeiramente nos insultam, aparecendo depois com desculpas absolutamente patéticas, escudados em armadilhas legais, quando não com extrema arrogância defendendo a impossível bondade dos seus actos, das suas decisões ou discursos.
Esperemos pelo próximo capítulo.

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