Não me vou deter sobre o montante envolvido que
no conjunto da despesa pública é certamente irrelevante.
O que não é irrelevante é a situação
absolutamente iníqua e insustentável que a decisão cria independentemente dos
seus contornos legais. Não é um problema de legalidade ou de montante, mas de
algo de estruturante da vida das comunidades, ética, moral e dignidade.
Várias vezes aqui tenho referido os danos
devastadores que causam à saúde da nossa vida cívica e política algumas decisões e comportamentos
das lideranças políticas, económicas, sociais ou culturais. Nem todos esses
comportamentos, decisões ou discursos podem ser considerados ilegais, mas
muitos são certamente imorais e verdadeiros atentados à ética.
Nos tempos que correm este tipo de situações são
como que gasolina na fogueira do descontentamento e, naturalmente, produzem no
cidadão comum incompreensão e revolta potenciadora de reacções compatíveis esse
estado de indignação e revolta.
No plano ético, o despudor está de tal modo
instalado que muita gente assume com a maior desfaçatez discursos e
comportamentos que verdadeiramente nos insultam, aparecendo depois com
desculpas absolutamente patéticas, escudados em armadilhas legais, quando não
com extrema arrogância defendendo a impossível bondade dos seus actos, das suas
decisões ou discursos.
Esperemos pelo próximo capítulo.
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