O Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência
anunciou que irá propor em breve legislação que criminalize as chamadas drogas
legais que se comercializam nas “smartshops”, ao abrigo de uma enorme ambiguidade
legal que o IDT assim se propõe eliminar. O responsável pelo IDT sustenta a
decisão pelo aumento significativo do consumo destes produtos e também da
crescente gravidade das consequências do seu consumo. Uma das razões que alguns
estudos identificam para o consumo deste tipo de substâncias é justamente o facto
de serem “legais”, ou seja, se são legais é porque “não fazem mal”, como alguns
jovens consumidores afirmam.
Nos últimos dias foi também notícia o aumento do
consumo e das reincidências atribuíveis ao quadro de dificuldades que
atravessamos e à fragilização pessoal e social que essas dificuldades possam
induzir.
Todo este quadro torna verdadeiramente necessária
uma política de prevenção, tratamento e combate ao tráfico eficaz e, tanto
quanto possível, com os recursos adequados.
Há algum tempo foi noticiado que em virtude dos
limites orçamentais o Instituto da Droga e da Toxicodependência iria prescindir
dos serviços de algumas centenas de técnicos, psicólogos e assistentes sociais,
que integravam as unidades de tratamento de proximidade com resultados
conhecidos. O IDT procederá ainda ao encerramento de unidades de atendimento ao
nível concelhio em vários locais do país levando os especialistas a referir as
consequências negativas de tal decisão.
Existem áreas de problemas que afectam as
comunidades em que os custos da intervenção são claramente sustentados pelas
consequências da não intervenção, ou seja, não intervir ou intervir mal é
sempre bastante mais caro que a intervenção correcta em tempo oportuno. A
toxicodependência e o consumo do álcool são exemplos dessas áreas.
Quadros de dependência não tratados desenvolvem-se
habitualmente, embora possam verificar-se excepções, numa espiral de consumo
que exigem cada vez mais meios e promove mais dependência. Este trajecto
potencia comportamentos de delinquência, alimenta o tráfico, reflecte-se nas
estruturas familiares e de vizinhança, inibe desempenho profissional, promove
exclusão e “guetização”. Este cenário implica por sua vez custos sociais
altíssimos, persistentes e difíceis de contabilizar.
Os consumos, de diferentes substâncias, designadamente
por parte dos adolescentes e jovens podem relacionar-se com alguma negligência
paternal mas, na maioria dos casos, trata-se de pais, que sabem o que se passa,
“apenas fingem” não perceber, desejando que o tempo “cure” porque se sentem
tremendamente assustados, sem saber muito bem o que fazer e como lidar com a
questão. De fora parece fácil produzir discursos sobre soluções, mas para os
pais que estão “por dentro” a situação é muitas vezes sentida como maior que
eles, justificando-se a criação de programas destinados a pais e aos
adolescentes que minimizem o risco do consumo excessivo.
Costumo dizer em muitas ocasiões que se cuidar é
caro, façam as contas aos resultados do descuidar.
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