Segundo dados do Banco de Portugal, hoje conhecidos, o
salário médio dos portugueses baixou 4,5 % em 2012, na mesma linha das previsões
da Comissão Europeia que aontam para uma queda de 5,1 %. Estes indicadores do Banco de Portugal estão em
continuidade com o que tem vindo a acontecer nos últimos anos, ou seja, o rendimento
disponível das famílias portugueses está a baixar. Sublinho ainda que outros
dados mostram a manutenção de enormes assimetrias na distribuição do rendimento
pelo que, em termos reais, os rendimentos mais baixos ainda continuam a ser os mais penalizados.
Ontem coloquei um texto em que me insurgia com as recorrentes
afirmações de que “vivemos acima das nossas possibilidades” e de que “temos e
devemos empobrecer”.
Como disse, a primeira é falsa, a maioria das famílias portuguesas
não tem vivido ou vive acima das suas possibilidades, antes pelo contrário, cada
vez mais famílias em Portugal vivem abaixo das suas necessidades. A segunda,
porque entendo que afirmar que devemos ou temos empobrecer quando quase um terço da população
está em risco de pobreza e exclusão é de uma violência inaceitável.
Como se verifica pelos dados hoje conhecidos, estamos a
empobrecer, os rendimentos das famílias estão a baixar significativamente
ameaçando a qualidade de vida e bem estar dos portugueses. Não vale a pena
entrar numa folclórica e grotesca discussão sobre os bifes que os portugueses
comem ou não comem. Muita gente passa mal, existem miúdos com fome, as instituições
de solidariedade social não conseguem responder ao aumento exponencial de
pedidos de ajuda e os apoios sociais em perda são manifestamente insuficientes.
Alguns dirão que estamos no bom caminho, já ganhamos menos,
vamo-nos habituando ao empobrecimento e como diria Fernando Ulrich aguentamos
isto e muito mais.
Mas não pode ser possível que o nosso futuro seja viver abaixo das
necessidades cumprindo uma narrativa de empobrecimento que rouba a esperança e o futuro.
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