No mundo da educação, mas não só,
sempre me causa alguma perplexidade a forma como alguns especialistas conseguem
com a maior das facilidades produzir "diagnósticos" ou um conjunto de orientações sobre a forma
de actuar, a partir de uma referência por vezes telegráfica e pouco objectivada
a uma dificuldade de uma criança ou adolescente em qualquer área do seu
funcionamento. É certo que são muito frequentes "queixas" de
professores, educadores ou pais expressas em enunciados como, "tem
dificuldades na leitura", "está sempre distraído", "é muito
irrequieto", "responde de forma agressiva", etc. mas parece-me
imprescindível resistir à tentação, demasiado frequente, de logo providenciar um
"diagnóstico" e, ou uma "receita", "experimente fazer
...".
Qualquer dificuldade percebida,
real ou representada, está "embrulhada" num conjunto de vasto de
variáveis de natureza individual, história de vida, capacidades, competências,
estilo de funcionamento, motivações, por exemplo ou de natureza contextual, as
circunstâncias, as tarefas, os métodos e comportamentos de professores ou pais,
entre outras.
Assim sendo, para compreender
eventuais dificuldades, percebidas ou reais, de um qualquer aluno, mais pequeno
ou mais crescido, importa fazer alguns perguntas, boas perguntas, às variáveis
de que falei para, só então, poder compreender com alguma segurança a
existência, ou não, de reais dificuldades, a sua natureza e eventuais causas ou
justificações.
Creio que só realização de boas
perguntas nos ajudarão a pensar em boas respostas. Às vezes nem se torna
necessário elaborar perguntas muito sofisticadas, quando? o quê? porquê? como?
sempre? ... podem ser uma maneira de começar.
Como a experiência nos vai
mostrando, querer dar respostas sem fazer perguntas ... só por acaso é que se
acerta, sendo que este universo das dificuldades colocadas pelos miúdos, sejam
elas reais ou percebidas como tal, é demasiado importante para ser deixado ao
acaso.
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