terça-feira, 20 de novembro de 2012

VELHOS E SÓS, PODIAM TORNAR-SE AVÓS

Dados finais dos Censos 2011 confirmam as expectativas e dados já conhecidos. Considerando os indicadores de 2001, a população portuguesa aumentou 2 % sobretudo devido aos imigrantes e não à recuperação da natalidade, a população jovem baixou de 16 para 15 % e a população sénior aumentou de 16 para 19 %, diminuindo, naturalmente, a relação entre o número de indivíduos em idade activa e os velhos, algo de inquietante em várias dimensões. Vejamos uma delas.
Acresce que também segundo dados dos Censos 2011, cerca de 400 000 velhos vivem sós, mais 29% que há dez anos. Em termos mais globais, 1,2 milhões de idosos vivem sós ou com outros velhos.
Em muitas circunstâncias, as famílias, seja pelos valores, seja pelas suas próprias dificuldades e estilos de vida, não se constituem como um porto de abrigo, sendo parte significativa do problema e não da solução produzindo cada vez mais situações de solidão e isolamento entre os velhos, com consequências que têm feito manchetes, muitos velhos morrem de sozinhismo, de solidão. Estão em extinção as relações de vizinhança e a vivência comunitária, fontes privilegiadas de protecção dos mais velhos.
É certo que existe, felizmente, um pequeno número de idosos que além do apoio familiar, ainda possuem meios que lhes permitem aceder a bens e equipamentos que contribuem para uma desejável e merecida qualidade de vida no fim da sua estrada.
Uma hipótese de lidar com esta questão cada vez mais presente na medida em que assistimos ao envelhecimento e ao prolongamento da esperança de vida poderia ser, defendo-o frequentemente, a institucionalização do Direito aos Avós. Isto quer simplesmente dizer que todos os miúdos deveriam, obrigatoriamente, ter avós e que todos os velhos deveriam ter netos.
Num tempo em que milhares de miúdos estão sós e muitos velhos vão morrendo devagar de sozinhismo, qualquer partido verdadeiramente interessado nas pessoas, sentir-se ia obrigado a inscrever tal medida no seu programa ou, porque não, inscrevê-la nos direitos fundamentais.
Com tantas crianças abandonadas dentro de casa, institucionalizadas, mergulhadas na escola tempos infindos ou escondidas em ecrãs, ao mesmo tempo que os velhos estão emprateleirados em lares ou também abandonados em casa, isolados de tal forma que morrem sem que ninguém se dê conta, trata-se apenas de os juntar, seria uma espécie de dois em um. Creio que os benefícios para miúdos e velhos seriam extraordinários e alguns bons exemplos mostram isso mesmo.
Um avô ou uma avó, de preferência os dois, são bens de primeira necessidade para qualquer miúdo.

3 comentários:

Anónimo disse...

É triste, os portugueses estão a ser substituídos, o nossos antepassados que deram avida por este solo, até dão voltas nos seus nobres túmulos.

Daqui a 40 anos os portugueses nativos vão desaparecer. Obrigado abrileiros

Fernanda R-Mesquita disse...

Achei interessante o seu texto. partilhei no face book.

Zé Morgado disse...

Obrigado