O Ministro Nuno Crato insiste na
importação do chamado "sistema dual" de ensino em vigor na Alemanha
como instrumento eficaz de combate ao desemprego jovem e ao abandono e
insucesso escolares.
Afirmo repetidamente que é
fundamental a diferenciação de percurso educativos para os nossos alunos para
que, no limite e em situação ideal, todos acedessem a alguma forma de
qualificação profissional, mais longa ou mais curta, a melhor forma de
desenvolvimento as pessoas e das comunidades.
No entanto, talvez seja de
recordar, já aqui o expressei, que o modelo alemão agora descoberto pelo
Ministro Nuno Crato tem sido visto com sérias reservas por instituições como a
OCDE e a UNESCO pois a via profissional precoce mantém a desigualdade social e é
dificilmente reversível.
A título de exemplo, pode
citar-se, de acordo com o Relatório "Education at a Glance 2012" da
OCDE, que a Alemanha é um dos três países, entre os integrantes da OCDE, em que a
percentagem de jovens dos 25 aos 34 anos que atinge um nível de habilitação inferior
ao dos seus pais é superior à percentagem dos que ficam com um nível de qualificação
acima do dos pais, ou seja a mobilidade superior não funciona. Uma consequência
disso é a necessidade conhecida da Alemanha vir recrutar fora, por exemplo em Portugal,
gente com qualificação superior por insuficiência no mercado interno.
Num país como Portugal este
modelo pode ter um potencial efeito negativo mais significativo que o verificado
na Alemanha.
Insisto assim na necessidade de
criar oferta formativa diferenciada, mas não tão cedo na vida dos alunos e não
privilegiando, implícita ou explicitamente, os alunos com insucesso que naturalmente, os estudos
provam-no, são sobretudo oriundos de famílias menos qualificadas o que,
obviamente, compromete a mobilidade social e a equidade de oportunidades. Os alunos mais novos que experimentam dificuldades
escolares, precisam de apoio escolar e não de vias profissionais.
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